Helana O'hara 19/10/2022Melancólico e perfeitoPequenas Epifanias ironicamente é uma publicação póstuma do autor. Publicada apenas três meses depois de sua morte. Irônico, pois ele não gostava desse tipo de publicações tanto que Caio chegou a queimar muitos escritos justamente para não serem publicados depois de sua morte.
Ele acreditava que as homenagens deveria ser feitas quando as pessoas estão vivas.
Pequenas Epifanias é como se fosse um suspiro longe de saudades do autor que nos deixou tão cedo. Reúne uma série de textos publicados na década de 80 e 90 dos jornais que ele trabalhou, tais como O Estado de São Paulo.
Seus textos relevam a sensibilidade dele perante a vida. A visão dão melancólica que ele tinha das pessoas e até dele mesmo.
Existe textos inclusive que passam uma certa despedida do autor para seu leitor como se ele soubesse que não iria viver por muito tempo.
Quando Caio descobriu o HIV, tempos depois ele voltou para Porto Alegre (ele morou muitos anis em São Paulo) e se refugiou na antiga casa da família dele. Julgo dizer que os melhores textos de Caio ele escreveu nesses momentos.
Pequenas Epifanias é uma despedida singela de um dos escritores mais sensíveis que o Brasil já teve, em u7m dos textos intitulado “Anotações Insensatas” Caio escrever “É para você que escrevo. Mas os escritores são muitos cruéis, você me ama pelo que me mata.”
Esse é meu livro preferido do autor, já li um punhado de vezes. Um livro que nos leva a emoções grandiosas, a alegria, mas a tristeza também, as coisas codianas, mas também as complexidades do dia-a-dia. E tudo escrito de uma forma poética linda!
Finalizo com um dos meus quotes preferidos: “ a perda do amor é igual a perda da morte. Só que doí mais.Quando morre alguém que você ama, você se doí por inteiro (a) – mas a morte é inevitável, e por tanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor – essa pessoa – continua viva, há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quando não te NUNCA MAIS quem morreu. E doí mais fundo – porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não tem, nem terá, quando o fim do amor é: NEVER.”