kk3thess 13/06/2020
Quando comecei a ler essa série de livros, lá com O Chamado do Cuco, esperava mais romances investigativos onde a história do detetive seria um plano de fundo enquanto o mistério e a busca pela solução do caso seriam o foco e o centro da história. Três livros depois, e especialmente após o gancho no final de Vocação Para o Mal, essa expectativa foi completamente invertida.
As primeiras páginas de Branco Letal contam o que acontece imediatamente após o fim do antecessor. Acompanhamos Cormoran e Robin durante a festa de casamento e essas páginas são um verdadeiro deleite. Alternando a narração entre os dois protagonistas, a leitura flui tão facilmente que o tamanho pouco convidativo do livro deixa de parecer um desafio. A expectativa pela interação entre eles, o pensamento de ambos se complementando, rever esses personagens e finalmente saber o que acontece após a emblemática última fala do livro anterior, tudo isso faz as primeiras páginas voarem. Infelizmente, esse ritmo não dura tanto.
Logo somos apresentados aos casos (sim, no plural), a personagens novos, a uma nova e intricada trama que é muito bem amarrada. O problema é que a narrativa do livro precisa parar para cada novo elemento assim como a alternância de foco entre a investigação e a vida pessoal testa o seu interesse sobre tudo o que acontece. Imagina estar lendo um capítulo de um personagem que você ama em um livro de As Crônicas de Gelo e Fogo e logo em seguida passar pra um que você detesta? Essa foi a sensação que eu tive.
Eu estava ávido por cada página que contasse sobre a vida pessoal de Robin. Bastante interessado sobre a situação envolvendo os Chiswell. Pouco, quase nada curioso, sobre a história de Billy. E definitivamente entediado em cada página sobre a vida pessoal de Cormoran. Tive que fazer mais esforço pra encontrar um ritmo bom entre cada mudança de foco do que ?Galbraith" fez ao juntar tudo na narrativa, o que é o maior problema do livro.
Felizmente, para mim, também é o único. Uma vez que encontrei o ritmo e que as introduções cessaram, engatei bem no ritmo e o terço final se mostrou o melhor da série até agora. Os detalhes da investigação e dos casos finalmente se tornando mais claros, a relação entre Robin e Cormoran e suas vidas pessoais, as viradas na história, um momento particularmente tenso durante o clímax... é tudo tão instigante que é difícil não devorar a partir de certa página.
Ainda sei onde o colocaria num ranking entre os livros do Strike, mas sei que, independente da posição, é mais uma ótima adição a esta série que está se tornando uma das que mais antecipo ansiosamente por cada lançamento.