Chuva Dourada

Chuva Dourada Gina B. Nahai




Resenhas - Chuva Dourada


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Ladyce 21/05/2011

Uma história triste e verdadeira
Quando eu ainda morava nos Estados Unidos, fiz amizade com um casal judeu iraniano. Quando os conheci, a minha ignorância sobre o Irã e sua população era tão grande que não pude esconder a minha surpresa ao aprender que no Irã da época do Xá, havia uma grande comunidade judaica, a maior no Oriente Médio fora de Israel. Naqueles anos, o Aiatolá Khomeini já havia se cansado de requisitar a cabeça do escritor Salman Rushdie pelo livro VERSOS SATÂNICOS! Levando isso em conta, simplesmente assumi que a maioria dos judeus persas houvesse emigrado. No entanto, para escrever a resenha do livro que acabo de ler, busquei informações na rede e me surpreendi, uma vez mais, ao saber que ainda há uma pequena e devota comunidade judia na capital, Teerã. A mim, parecia improvável que houvesse tolerância no mundo xiita aos judeus, principalmente no Irã, que nas últimas décadas não tem sido visto como um país particularmente aberto a opiniões que diferem do conservadorismo xiita. Abordo esse assunto porque as famílias dos personagens centrais do livro CHUVA DOURADA, de Gina B. Nahai [Ediouro: 2007], pertencem a famílias judias, residentes no Teerã, e suas histórias se passam nos anos imediatamente anteriores à revolução que depôs o Xá da Pérsia.

Este foi um romance que me deixou silenciosa e pensativa. Acabei de ler suas 332 páginas em dois dias e passei a tarde e a noite do último dia, após fechar o último parágrafo, tendo que considerar a potência dos preconceitos contra mulheres, que também afetam os homens. Preconceitos arraigados por religiões e culturas milenares limitam, cerceiam, podam e contorcem os espíritos ricos, as mentes empreendedoras, os gritos rebeldes das almas que precisam se expressar. De particular amargor é ver mais uma vez o retrato da discriminação contra a mulher. Este é um assunto que me cala. Mas ainda é difícil imaginar o rancor que mulheres como Bahar [nome que em farsi significa Primavera], personagem principal da trama, trazem dentro de si, encobrindo como um manto todos os desejos de crescimento emocional e educacional a que aspiram e que preconceitos variados lhes tolhem, a todo momento, o simples ato de viver bem ou dignamente. Inadvertidamente, essas mulheres, passam para suas filhas, para a próxima geração, os mesmos traumas com que cresceram, repetindo numa cadeia infinita, as pragas de se ter uma filha mulher, a tristeza de não se ter um filho homem. Perpetuam assim a injustiça que sofreram e da qual não conseguiram se libertar.

A história de Bahar, tenho certeza, não é única. Nem é simplesmente um excesso da imaginação de uma iraniana que se libertou e emigrou para os EUA, como aconteceu com a autora. Aos 17 anos Bahar encontra Omid [ cujo nome em farsi significa Esperança]. Ela é de uma família judia pobre. Ele de uma família judia rica. Eles se casam contra a vontade da família dele. E o que deveria ter-se tornado um conto de amor, passa a ser uma história de abuso, de preconceito, de tortura, não dos agentes que poderíamos esperar, mas da sociedade, da cultura, do círculo familiar. Omid logo encontra o amor de sua vida, uma mulher muçulmana, livre, amante de um outro homem. E por sua própria inabilidade de administrar a vida, os sentimentos e o mundo em que vive, só piora a situação em casa, em seu próprio casamento. Mais uma calamidade aflige o casal, e principalmente Bahar, eles têm uma filha com surdez progressiva. A já depauperada, oprimida Bahar, agora sofre duplamente, não só é mulher e teve uma única filha, também mulher, mas esta filha não preenche todos os requerimentos necessários, pois não é “perfeita”.

CHUVA DOURADA não é um romance leve, cheio de momentos bucólicos. Muito pelo contrário. É uma história triste e fascinante, de um mundo que – aqui no ocidente, numa cultura de inclusão como a nossa – parece pertencer a um tempo cravado nos primeiros séculos da Idade Média, cuja realidade custamos a acreditar co-habite com a nossa, dia a dia, ano a ano. Muito bem narrada, a autora não poupa ao leitor o sofrimento de Bahar e de todas as mulheres nela representadas. Este é um romance sobre expectativas nunca alcançadas.

Recomendo esse livro. Com todas as cinco estreles que me dão. Estou emprestando meu volume a todos os amigos que gostam de boa literatura. E também porque não posso deixar de tentar abrir os olhos, sempre que possível, para o problema da discriminação contra a mulher. Vá ler CHUVA DOURADA. Não é leve. Mas vale todas as palavras nele escritas.

***

NOTA:

Há horas em que tenho a impressão de que não há ninguém no comando das nossas editoras. É impressionante a falta de cuidado com os livros aqui impressos. No caso deste livro, de Gina B. Nahai a pergunta que não cala é: Quem foi que deu a este romance o título de CHUVA DOURADA? Procure pelo título na internet e verá o que qualquer pessoa com um pouco mais de conhecimento percebe: esta é a expressão usada para a urofilia, ou seja para a prática sexual em que a urina está envolvida. Alguém dormiu no volante… É simplesmente inacreditável! O título no original em inglês é “Caspian Rain”. “Caspian” se refere ao Mar Cáspio. No romance a palavra “Caspian” está associada à cor do Mar Cáspio… Por que então não evitar a infeliz conotação implicada no título em português? Ei, onde estava o editor? Onde estavam as cabeças pensantes da Ediouro? O livro não chegou às livrarias com esse título sem a aprovação de alguém… Provavelmente muitos alguéns...

Carol Minardi 07/05/2014minha estante
Olá! Acabei de comprar este livro para ler e fiquei bastante empolgada com a sua resenha. E, com relação ao título, isso me gritou aos olhos tbm!!! Vc chegou a escrever para a editora? Se sim, eles responderam?


Nanci 23/01/2015minha estante
Demorou mas comprei este livro, que mereceu resenhas tão inspiradas: sua e da Dirce. Acho que vou gostar.




She King 23/09/2021

chuva dourada
Livro: CHUVA DOURDA
AUTORA: GINA B. NAHAI (Irã).
Paginas: 332
Gênero: ficção, drama.
Editora: ediouro
Review
Este livro é de uma escritora Iraniana não muito conhecida no Brasil, comprei em alguma promoção nas americanas em 2015 e deixei guardado.
Peguei este mês para desencalhar livros mais antigos e me surpreendi bastante.
Que história triste e verdadeira, pra quem se interessa por historias de mulheres do oriente vai gostar bastante.
Personagens cativantes e com uma carga dramática que nos deixa tristes;
Ambientação perfeita de um país sofrido por guerras;
Mulheres fortes e ao mesmo tempo frágeis como papeis;
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DIRCE 13/02/2011

Não se trata de uma questão geográfica.
A minha ligação com esse livro se deu assim que me deparei com a avaliação da minha amiga Vivi – ela deu 5 estrelas. Fiz uma busca aqui no Skoob e fui dar na página de quem? De quem...? Dela, claro, da Ladyce. Não tive dúvidas e adquiri o livro ( por sinal bem em conta na Estante Virtual e, por sorte, novíssimo). Ótimo prenúncio.
Bem, quando ele chegou , me encontrava nas primeiras páginas de “ Lendo Lolita em Teerã”, mas já tinha conhecimento de que a história decorria em plena Revolução Islâmica.Já, em Chuva Dourada, decorria 10 anos da Revolução Islâmica, assim, dei uma pausa em " Lendo Lolita em Teerã".
Deixei-o de lado porque eu queria conhecer e entender um pouco mais sobre o Irã, já que do que aprendi, no meu tempo de estudante, sobre esse país, restaram apenas remotas lembranças que me permitem associar o Irã a antiga civilização Persa e ao aiatolá Khomeini, além da Guerra travada com o Iraque, esta, distante do meu tempo de estudante, e acreditava, eu, que obedecendo uma ordem cronológica estaria facilitando minha compreensão de uma país localizado no Oriente Médio.
Eu disse Oriente Médio?!!! Como assim? A história de Bahar, uma jovem cheia de sonhos, narrada pela voz da menina Yaas me pareceu tão ocidental...
Bahar, uma jovem judia de família humilde, realiza um dos seus sonhos: se casa com Omid um judeu de posição social e de família abastada, mas logo percebe que “água e óleo” não se misturam.
Tudo se complica ao Bahar dar a luz a uma menina ( Yaas - a menina narradora) quando todos esperavam por um menino.
Bahar, que era para ser vista como vítima, aos meus olhos, se transformou em vilã, uma vez que ela deixou que suas frustrações “ falassem mais alto” que o seu instinto maternal.
Na contra capa do livro fala-se que uma história de decepção e perda. Discordo. Não dá para perder o que nunca se teve. Não se trata de decepção, trata-se de um urgente e mudo pedido de socorro.
Yaas, que era para ser somente uma narradora se transforma na infeliz protagonista. Yaas não teve o amor dos seus pais - muito raramente seu pai lhe demonstrava um certa ternura, uma certa indulgência. Yaas não tinha amigas. Yas não era brilhante. O que Yaas tinha eram as cobranças de Bahar.O que Yaas tinha era uma dor imensa que me não me permitiu ficar imune: eu conseguia ouvir seus gritos, seus sussurros angustiados.
Em Chuva Dourada há um menino fantasma, mas quem arrastava as correntes era a pobre Yaas.
Cheguei ao final do livro sem muitos acréscimos nos meus conhecimentos sobre o Irã, mas penso que me foi dado compreender que Chuva Dourada não trata de uma história oriental ou ,tampouco, ocidental porque que não é possível limitá-la em um espaço geográfico, já que ela fala sobre o sofrimento humano e o sofrimento não é uma questão geográfica, é uma questão humana e, portanto, é universal.
Esse livro me tocou profundamente, me envolveu e apesar de doloroso, amei. Amei também a capa ( embora não a tenha entendido completamente) e o título que, ainda que eu considere “ o puxão de orelhas” e restrição da Ladyce ( a quem tenho muito apreço, respeito e admiração), eu achei lindo e perfeitamente apropriado, em decorrência da descrição poética e minuciosa às paginas 37, que me permitiu visualizar,como seu estivesse “ in loco”, a chuva dourada refletida pela água sob o sol e os brotos de arroz nos campos, fato que, pra mim, anulou qualquer real significado da expressão Chuva Dourada.

[...] Mas ela leu o sobre o Mar Cáspio em vários livros e consegue imaginá-lo muito bem. Sabe exatamente as cores das montanhas, como se água se parece um espelho. Prateada sob o sol, refletindo o ouro dos brotos de arroz nos campos ao longo do litoral.
“ Você nunca será o mesmo”, escreveu o peta, “depois de ver o verde do mar Cáspio”.

Viviane 20/02/2011minha estante
Resenha adorável. Yaas também foi a protagonista pra mim.


Nanci 23/01/2015minha estante
Demorou mas comprei este livro, que mereceu resenhas tão inspiradas: sua e da Ladyce. Acho que vou gostar.




San... 26/12/2013

Diferentemente de outros livros, onde a leitura se arrasta, este me surpreendeu. O contato com outro tipo de cultura, de crenças, de costumes, é sempre enriquecedor. Me senti favorecida porque acredito que seja muito dificil ser mulher em determinadas partes do mundo. Chocante e triste a vida da menina Yaas, a narradora, que descortina um cenário de uma solidão palpável, visceral, onde certos costumes e crenças têm o poder de condenar um ser humano acometido por uma deficiência, unicamente por ser mulher, ao que poderia ser chamado de "não vida". Há uma certa poesia na narração, como se a menina de 12 anos, cujo futuro se desfaz em um nada gigantesco, desejasse não chocar o leitor, e não chamar para si uma piedade que não cabe no universo onde vive.
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Carla Beatriz 21/02/2011

Trechos
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E não dirá tampouco, por medo de que ele não acredite nela, e mais medo ainda de que venha a acreditar, que nas profundezas do tanque, à medida que afundava na lama, Bahar ouviu um silêncio tão aterrador que lhe assombraria pelo resto de sua vida. Não era o silêncio dos mortos, concluiria ela sozinha mais tarde, porque não há nada de sereno quando se morre e nada sereno, tampouco, num outro mundo que continua cuspindo seus habitantes de volta para este, como fez com o Irmão Fantasma. Há destinos piores que morrer, dirá ela com freqüência, tragédias maiores do que o não existir. O que Bahar ouviu aquele dia no tanque, o que a assustou para o resto de sua vida, foi o som de uma voz que, embora proferida, nunca é ouvida.
“Estou me afogando aqui. Olhe no escuro e verá”. (p. 64)

É estranho como as pessoas carregam sempre consigo a sombra daqueles que são mais importantes para elas. Você pode ver sempre essa presença – ou sua ausência – nos olhos, nos movimentos das mãos, no riso de uma pessoa. Você pode perceber se uma senhora idosa teve um pai que a amava quando ela era pequena, se um homem de meia idade perdeu seu primeiro amor, se uma adolescente tem uma melhor amiga a quem ela sabe que pode recorrer. É possível ver isso na maneira como as pessoas andam e falam, nos assuntos que escolhem e nas coisas que evitam, no modo como parecem sólidas ou vazias, seguras ou contaminadas de dúvidas. (p. 216).

Essas pessoas não sabem que, se não choro, é porque não me sobraram mais lágrimas. (p. 280)
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Vivi 19/02/2014

Emocionante!
Chuva dourada é um livro interessante, e que retrata o que acontece em muitos relacionamentos hoje. Bahar deu tudo de si. Jogou seus sonhos fora se dedicando tantos anos a Omid, esperando sequer um único gesto de amor. Sofreu muitos preconceitos, inclusive por ter tido uma filha mulher com surdez progressiva. Chuva dourada fala de um amor nunca correspondido. Amei o livro! Me arrancou muitas lágrimas!
Super recomendo!
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Deza Farias 20/07/2017

CONHECIMENTO...
Começo dizendo que esse livro , foi uma surpresa e depois uma frustração , Quando eu o comprei no metrô aqui em Recife , eu estava apostando alto , pois a sinopse me pareceu confusa , sem fala nesses nomes lá do oriente , mais enfim o comprei porque eu amei a capa ( gente do céu que capa mais linda e perfeita ) mais o valor dele também valeu a pena. Agora falando do livro , a história é triste pesada e comovente , principalmente para o sexo feminino , porque nesse livro vamos ter muitos "conhecimentos" dos costumes do Irã, e vamos vê que lá a mulher não tem nenhum valor , que os pais quando descobrem que estão esperando um bebê do sexo feminino já caem em desgraça , porque nesse país ter uma menina é motivo de tristeza ,gente me diz como pode uma coisa dessa ? No livro nós acompanhamos a pequena Yaas , e a sua jornada de tenta ajudar os pais a reatarem uma união que nunca foi uma união de verdade , e descobrimos que nem sempre o bem vence , é muito triste vê as coisas pelos olhos dessa garotinha , o despreso , a humilhação e a falta de amor , e vê que as vezes o mal ganha e o que é errado vence . Mais o final me deixou muito frustada , porque é como se Yaas nunca tivesse existido , é como se ela fosse uma reencarnação ( Do irmão fantasma de Bahar ) . Eu fiquei confusa , mais com certeza eu índico a leitura , porque o livro é lindo e rico em conhecimentos de uma civilização tão diferente da nossa.

Boa leitura a todos *-*
Raiza 20/07/2017minha estante
Comprou?


Deza Farias 20/07/2017minha estante
Comprei :)


Raiza 20/07/2017minha estante
Não me expressei direito, eu quis dizer que estam vendedo livro no metrô. Como em são paulo?


Deza Farias 20/07/2017minha estante
Ah não gata eu comprei no metrô em Recife , Aqui nas estações de metrô tens uns box que vende livros


Raiza 20/07/2017minha estante
Eu não sabia, é em todas as etações? Vc sabe dizer? Aqui em jaboatão não tem :(


Deza Farias 20/07/2017minha estante
Vc nunca viu ? Aqueles box (stands ) que tem livro por 1,10 15 ...
Esse eu comprei lá na estação de Joana Bezerra.


Raiza 20/07/2017minha estante
Não, nunca. Estou chocada com a minha lerdeza :D vou dar uma olhada quando passar por lá. Obrigada! ;)


Deza Farias 20/07/2017minha estante
Nada Gatona ! Ah e Tb tem muitos grupos no face aqui em Recife que vendem e trocam livros , é ótimo para darmos uma economizada , cerca DD 95% são comprando de segunda mão




Simone de Cássia 31/12/2019

Uma história bem triste. Não há como a gente não se identificar em algum momento com a protagonista Bahar...dá pena de ver seus primeiros passos, sua adolescência cheia de sonhos, ilusões e sua vã confiança de que o mundo seguiria o caminho que ela planejou. Acreditou nos planos que traçou pra si mesma e confiou que a vida lhe corresponderia os anseios... Tinha certeza de que os sorrisos que espalhava a tornariam invulnerável à dor...... Quem nunca?? E quando cai em si, sua amargura é diretamente proporcional à sua inocência anterior. A história é sobre essa amargura, sobre como não soube isolar sua filha desse mar de dor que acabou por afogá-la. E assim, tudo que Bahar sofreu, Yaas, a filha, sofreu dobrado...Uma história triste, um final mais triste ainda. Fica difícil dizer que gostei, mas impossível afirmar que não me encantou. É isso, um retrato da vida, uma dicotomia.
Riva 31/12/2019minha estante
E a chuva dourada aparece quando - kkkkkk?!?!?!


Simone de Cássia 31/12/2019minha estante
Graças a Dio ela não aparece, quer dizer, não no sentido pejorativamente conhecido. Aparece qd é descrito um por do sol fazendo alusão a uma " chuva de ouro"...a tradução é que é boçal mesmo...


Riva 31/12/2019minha estante
Kkkkkkkkkkk!
Ufa!!!!!




Fernanda 16/08/2021

"Não era uma luta que eu estivesse preparada para vencer"
Outro romance do Oriente Médio, dessa vez no Irã, no período que antecede a Revolução Islâmica. Primeiramente, confesso que não sabia que existiam grandes comunidades de judeus naquele país tão evidenciado por sua predominância muçulmana, de forma que, mesmo sendo ficção, o livro fornece várias informações a respeito desse assunto.

É a história de Omid e Bahar, narrada pela filha deles, Yaas, uma criança que se vê no olho de um furacão familiar que começou a tomar forma muito antes da sua existência, mas que a ela é dada toda a responsabilidade de salvar a todos da catástrofe. Não importa se ela é uma criança, se precisa de amor e proteção, se vive uma infância solitária; ela carrega consigo o dever de consertar as coisas.

Bahar era uma adolescente judia e pobre. Sua vida não era fácil, pois nascer mulher era nascer para ser um apêndice da família e da sociedade. Também não era brilhante nem se destacava, porém era cheia de sonhos e de esperança de ter uma vida melhor do que a de seus pais. Omid, um jovem judeu de família rica, tinha um relacionamento difícil com seus pais desde a infância e se tornara uma pessoa quase sem expressão, vazia de afeto. Ao ver Bahar a caminho da escola, decide casar com ela, muito mais pela necessidade de formar uma família e por achar que uma mulher de família pobre seria mais submissa do que por ter algum sentimento pela moça. Ela vê naquele casamento a chance de ter uma família feliz. Os pais de ambos são contra: os dela por acharem que um homem rico como Omid jamais iria valorizar alguém como Bahar, os dele por acharem que ela não era rica ou sofisticada o bastante para carregar seu sobrenome. Ainda assim o casamento acontece em meio a um desencontro de propósitos e expectativas, pois Bahar não é tão submissa quanto Omid esperava e ele não tem nenhum afeto por ela. A chegada da filha acontece como uma tentativa de ajustar as coisas, ao mesmo tempo em que Omid se apaixona perdidamente por outra mulher. Profundamente ferida, Bahar não aceita o fato e gasta todas as energias para tentar conquistar o amor do marido. Nessa trajetória, não consegue enxergar uma criança necessitada de amor e atenção, mas a que falhou ao não conseguir trazer felicidade para a família. É assim que Yaas cresce, se sentindo sempre invisível ou insuficiente.


É uma leitura muito triste e melancólica, Bahar e Omid são vítimas e vilões simultaneamente e Yaas... Sem palavras.
CPF1964 17/08/2021minha estante
Excelente resenha.




Geovana 15/08/2009

O livro mais triste que li.
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Mag 30/09/2010minha estante
E só por isso ele é ruim?




juhhh 29/11/2010

Um livro encantador do princípio ao fim, envolvente ao modo que relaciona cultura, religião, identidade, vale a pena se envolver com a estória de Bahar e sua sofrida vida.
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Bete Lima 18/01/2011

conta em detalhes angustiantes a vida infeliz de um casal de judeus – ele rico, ela pobre – em Teerã, dez anos antes da revolução islâmica. A história é narrada pela filha de 11 anos do casal, Yaas, palavra que em persa pode significar tanto “jasmim-dos-poetas” quanto “desespero”, dependendo da acentuação na vogal ao ser pronunciada. É um casamento marcado pela falta de amor e pelo machismo. Em linguagem simples, quase sempre poética, o romance envolve o leitor desde as primeiras páginas até o final bonito, trágico e surpreendente.
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Lucia 06/02/2011

Um mundo diferente
Uma história triste sobre pessoas de um mundo que não conhecemos.Fiquei comovida com a Yaas. Quanto sofrimento para uma criança! Gostei mas fiquei triste .
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Simone 12/01/2015

A história de Bahar é triste e comovente, uma pobre garota judia, mas sonhadora, tem o desejo de conhecer o mar Cáspio e queria ser alguém na vida. Filha de uma família pobre e problemática aos olhos da sociedade elevada de Teerã, ela jamais alcançaria estima. Aos 17 anos Bahar encontra Omid [cujo nome em farsi significa Esperança]. Ele de uma família judia rica. Omid demonstra interesse pela moça. Bahar sofre discriminação da sociedade do círculo de Omid, todos a tratam com desdém. Contudo, eles se casam contra a vontade da família dele. Após o casamento Bahar é limitada a ficar dentro de casa, sendo censurada de ir visitar sua família e freqüentar a escola, onde concretizaria seu sonho. E o que deveria ter-se tornado um conto de amor, passa a ser uma história de abuso, de preconceito, de tortura, não somente por parte dos agentes que poderíamos esperar, mas da sociedade, da cultura, do círculo familiar. Omid logo encontra o amor de sua vida, uma linda mulher muçulmana, livre, amante de um outro homem o atrai para uma vida polígama. E por sua inabilidade nata de administrar a vida, os sentimentos e o mundo em que vive, a situação só piora em sua casa e em seu casamento. Omid é ausente, não cumpre seu papel de bom esposo. Bahar, por sua vez, tenta chamar a atenção de seu marido, mas sem o êxito alcançado, ela acaba por desobedecê-lo e retorna a antiga rua onde cresceu para visitar seus parentes. Sua família acha estranha a vista da filha sem o esposo, ela não dá detalhes. Bahar decide também retomar os estudos, porém tem seu regresso negado, após inúmeras decepções ela fica grávida. Mas uma calamidade aflige o casal, e principalmente Bahar, eles têm uma filha com surdez progressiva. A já depauperada e oprimida Bahar, agora sofre duplamente, não só é mulher e teve uma única filha, também mulher, mas esta filha não preenche todos os requerimentos necessários, pois não é “perfeita”.
Simone 12/01/2015minha estante
A história é emocionante , um romance que me deixou silenciosa e pensativa, tendo que considerar a potência dos preconceitos contra mulheres, que também afetam os homens. Preconceitos arraigados por religiões e culturas milenares limitam, cerceiam, podam e contorcem os espíritos ricos, as mentes empreendedoras, os gritos rebeldes das almas que precisam se expressar. De particular amargor é ver mais uma vez o retrato da discriminação contra a mulher. Este é um assunto que me cala. Mas ainda é difícil imaginar o rancor que mulheres como Bahar personagem principal da trama, trazem dentro de si, encobrindo como um manto todos os desejos de crescimento emocional e educacional a que aspiram e que preconceitos variados lhes tolhem, a todo momento, o simples ato de viver bem ou dignamente. Inadvertidamente, essas mulheres, passam para suas filhas, para a próxima geração, os mesmos traumas com que cresceram, repetindo numa cadeia infinita, as pragas de se ter uma filha mulher, a tristeza de não se ter um filho homem. Perpetuam assim a injustiça que sofreram e da qual não conseguiram se libertar.




Flor de louro 08/07/2021

Mar Cáspio
Um livro muito pesado. Conta a história de uma menina e de sua família de uma forma tocante e que leva pra uma viagem até o oriente médio, não sabia nada sobre a cultura do irã mas esse livro me apresentou uma parte. Por mim todos deviam ler esse livro, porque além de informativo é reflexivo e tocante, a emersão na narrativa desse livro, no meu caso, foi verdadeira. É triste porque é real.
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