alissonferreira.c1 04/07/2020
Caio sempre me toca, mesmo quando eu não entendo
O livro é uma coletânea de contos escritos entre 1962 e 1995. Contos que, segundo o próprio Caio Fernando Abreu, foram dispensados por algum motivo. Ou por serem fracos, ou por serem pessoais demais ou complexos demais.
Dá para perceber uma certa variação na qualidade da narrativa dos contos. Alguns são muito bons, outros são completamente indecifráveis e outros são rápidos e não trazem muita coisa a tona. Mas todos contam com um breve comentário no início, o que proporciona uma experiência a mais na leitura.
O conto "Depois de agosto", de 1995, foi o que mais me tocou, pois conta a história de um jovem HIV+, que luta contra os dilemas de viver com um vírus sobre o qual ainda não se sabe muita coisa. Esse rapaz conhece outro rapaz, amigo de um amigo, e vive uma paixão por ele, mas se depara com a ambiguidade dos sentimentos, variando entre o amor, a culpa, a raiva pelo outro, que mesmo sabendo de sua condição, abriu espaço para que esse sentimento nascesse e crescesse.
Esse é o segundo livro do Caio Fernando Abreu que eu leio. O primeiro foi Mel & Girassóis. Devo admitir que M&G é mais fácil de ler, de compreender e de sentir o que está sendo dito. Mas Ovelhas Negras também é muito bom.