Solarium 2

Solarium 2 Bia Machado
Rubem Cabral




Resenhas - Solarium 2


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Tibor Moricz 13/06/2011

Lido e comentado.
Recebi a coletânea Solarium 2, contos de ficção científica, de Matheus Quinan. Publicada pelo Multifoco e organizada por Frodo Oliveira, essa coletânea gravita no mesmo horizonte de eventos de outras coletâneas semelhantes. Reúne 25 autores num único objetivo: escrever histórias que consigam fugir da mediocridade geral.

Na orelha do livro está escrito que a proposta da obra é apresentar novos autores, fazê-los desenvolver seus talentos, que aprendam a tomar gosto pelo gênero. Dessa forma me parece inapropriado que o livro seja vendido. Deveria ser gratuito. Porque pagar pra ler contos sem um nível médio de qualidade que justifique a publicação é masoquismo.

Há contos bons nele? Claro que sim. Mas dessa vez nenhum que tenha me arrancado um “UAU!”. Por outro lado, os “ECAS!” Abundaram.

Vamos lá:

A ascensão de Maya – Ronaldo Luiz Souza – MÉDIO

O conto começa mal, com um diálogo tão desastroso quanto parece ser o Imediato que troca impressões com o Capitão da nave. A aproximação de um com o outro ocorreu de maneira tão espalhafatosa que pensei se tratar de uma comédia. Enganei-me. Apesar do começo claudicante o conto que narra a procura de vida fora do sistema natal dos protagonistas consegue se sustentar. Mantém um razoável nível de tensão.

777 – Igor Silva – RUIM

Conto que pretende ser engraçado, mas não é. Que se pretende sério, mas não é. Que se pretende adulto, mas não é.

A estrela cadente – Luiz de Souza – MÉDIO

Mulher solitária anseia ser amada quando nave aliada despenca do espaço para um lago próximo à sua casa. Adivinha quem veio para jantar? O homem que ela tanto ansiava, amnésico, pra melhorar. Um Deus Grego! Trepam noites e dias. Mais tarde o encanto se quebra e a carruagem se transforma em abóbora. Macho alfa é resgatado e a mulher volta a ficar sozinha. História romântica lugar comum disfarçada de FC. Quem espera que lhe caia do céu um parceiro sexual insaciável, leia e aprenda! Isso é fantasia!

Beta teste – Rubem Cabral – BOM

Rapaz pago para ser beta teste de games acaba se transformando no Deus de um jogo de realidade virtual. Fascinante narrativa que consegue arrastar o leitor linha após linha na teia de fatos e de conflitos que vai se desenrolando numa cidade que parece tudo, menos virtual.

Heliófilos – J. Miguel – RUIM

História rocambolesca, onde humanos e pós-humanos guerreiam entre si. Uns na superfície, imunes à luz ultravioleta (já que a camada de ozônio foi para o vinagre), outros no subsolo. O autor perde muito tempo com explicações técnicas e científicas para embasar a sociedade da época. Logo surge um terceiro integrante nesse imbróglio hollywoodiano: alienígenas querendo conquistar o planeta. Por quê? Ninguém sabe. Nem o autor, nem o leitor, nem os protagonistas. A premissa inicial é até interessante, exige muito mais empenho para ser devidamente explorado. Final previsível.

Memórias – Frank Bacurau – MÉDIO

O autor passa quase 90% do texto explicando como o mal de Alzheimer se manifesta e a forma de revertê-lo. O cientista protagonista da história mergulha em elucidações médicas e científicas até que uma paciente passa a tratá-lo como se fosse outra pessoa (e não o médico que cuida dela). Final trágico. Embora se utilize de terminologia científica e descreva um cenário hipoteticamente futurista, a narrativa não tem nada de FC para mim. O final deixou a desejar.

O último reduto – José Geraldo Gouveia – RUIM

Homem preparado para ser o mensageiro da morte através de mensagens subliminares é enviado para o Último Reduto dos Rebeldes a fim de destruí-lo. A única coisa que esse mensageiro conseguiu foi demonstrar a fragilidade narrativa da história e a pouca intimidade do autor com a linguagem e com consistência de argumentação.

O E.T. espião – Lauro Winck – ECA!

ET vem à Terra para analisar possibilidades de sua raça se estabelecer por aqui. Conto curto que tenta dialogar com a comédia. Muito mal escrito, passa longe.

A nave dos deuses – Emanoel Ferreira – BOM

Narrativa indigenista fala da relação de silvícolas com seus deuses. Nave espacial oculta em abrigo subterrâneo é objeto de adoração. Povo aguarda o retorno desses deuses honrando seus símbolos até que um dia eles retornam, mas outros dessa vez. Final surpresa encerra um conto bem conduzido.

Brincando de Deus – Bia Machado – BOM

O direito de viver e morrer discutido à luz da ética médica. Mulher com morte cerebral é mantida em coma induzido até que haja recursos científicos para devolver-lhe a vida. Discussão moralista onde se confrontam dois médicos resulta em final trágico. Trágico?

Herança – Daniel Lima – BOM

Caipira implanta curiosa tradição na família. Um dia, ao ouvir um estrondo, vai verificar o que o provocou e se depara com uma nave espacial caída em suas terras. Confronto com alienígena moribundo coloca-o diante de uma incrível revelação. Narrativa simples, sem frescuras, bem conduzida.

Nem tudo é o que aparenta – Henrique Weizenmann – ECA!

Conto horrível que narra uma aventura bélica de um piloto de caça contra um terrível armazém, armado até os dentes.

Onda atômica – Duda Falcão – BOM

Hecatombe nuclear lança a Terra na mais absoluta destruição, com a falência da sociedade e de seus conceitos éticos e morais. O que sobra, são grupos antagônicos que caçam uns aos outros em busca de alimento. Que se trata de carne humana. Qualquer semelhança com o livro “Fome”, escrito por mim pode não ser mera coincidência. Narrativa bem conduzida, questões morais abordadas exageram no “mea culpa”, soando panfletárias demais.

2019, O programa Titã – Alex Lopes – MÉDIO

Space Opera. Aventura bélica leva os humanos a defender a Terra de uma invasão alienígena. Condução modesta, resultados previsíveis.

A sala das garrafas – Matheus Quinam – MÉDIO

Conto narra a história de pai, filho e sala secreta. E segredos atiçam curiosidades. Narrativa consegue vencer alguns problemas de construção e o final chega a ser perturbador.

Entre o céu e a terra – Jota Fox & Misael Archanjo – RUIM

História longa demais tenta criar um clima a Arquivo X, mas se perde na própria extensão. Demora a apresentar os fatos, escondendo-os do leitor numa tentativa frustrada de criar expectativas. Sociedades secretas, trabalhos misteriosos, personagens confusos, viroses desconhecidas… Trata-se de uma salada indigesta. Condução fraca acaba expondo inúmeros problemas narrativos.

Les habitants du soleil – Cássio Michelon – BOM

Experiência alucinógena conduz protagonista a uma fantástica e aterrorizante viagem até o Sol. Se o que presencia lá é fato ou devaneio, não se sabe. Isso, porém, acaba mudando a sua vida e sua concepção do Universo. Boa narrativa, condução segura.

O espelho – Rubem Cabral – ECA!

Civilização alienígena é visitada por outros alienígenas. Narrativa fraca, argumento (que argumento?) previsível.

Roswell – Humberto Amaral – MÉDIO

Conto curioso que reinventa o evento ocorrido em Roswell dando a ele pinceladas cômicas. A narrativa, agradável e razoavelmente consistente, segue sem sobressaltos. O final, contudo, foi decepcionante.

Aconteceu num dia quente de verão – Luiz Mendes Jr. – BOM

Homem desperta para um novo dia de trabalho, mas algo está diferente. Não há ninguém nas ruas. A cidade subitamente mergulhada num terrível vazio. A busca por explicações se torna premente. Mas a resposta é uma surpresa para ele e para o leitor. A narrativa alterna bons e maus momentos. O final compensa a flutuação de qualidade.

Experimento – Fillipe Jardim – ECA!

Autor esquarteja a protagonista, a literatura e o bom gosto do leitor.

Manuscrito de viagem – Jorge Eduardo Magalhães – ECA!

Não cheguei a terminar a leitura. Aparentemente um homem apaixonado viaja no tempo para reencontrar a amada reencarnada. Prosa ruim e premissa absurda me impediram de continuar.

O lado oculto da Lua – Frodo Oliveira – MÉDIO

O conto começa com explanação sobre os sonhos e ambições de um homem que quer ser astronauta e se esforça para isso, continua num ritmo de manual de autoajuda e se não fosse salvo por um final surpresa, teria sido um desastre.

O sobrevivente – Bruno Borges – MÉDIO

O mundo acabou, vítima das guerras. Todos morreram? Não. Não o médico que criou a fonte da vida eterna, a cura para todos os males do corpo. Narrativa em ritmo de discurso político, religioso e ecologicamente correto. Um enorme desfile de “mea culpa, mea maxima culpa” e autopiedade. O final, a última e derradeira linha, trouxe uma ironia tão inesperada que acabou valendo o conto.

Sapiens – Cátia Cernov – MÉDIO

Conto pergunta: quem habitará a Terra depois do fim? Os homens ou os anfíbios, espécie mutante em franca evolução? Discorre a respeito dos problemas planetários, fim dos tempos, crises ecológicas (recorrente no livro) durante um embate numa mesa de sinuca e antes da sexta do rock.



Me abstive de comentar os problemas de revisão de cada conto. Mas esses problemas abundam em todo o livro, revelando o pouco cuidado que a editora dedicou ao assunto. Lamentável. E os emoticons se recusaram a ficar onde eu os queria. Então hoje, de castigo, ficam de fora.
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fantastireader 30/08/2010

Um bom exemplar da atual safra de Ficção Científica brasileira! :)
Na minha opinião, a qualidade das estórias varia bastante no livro, com algumas se destacando das demais: eu fiquei muito impressionado com o conto Entre o Céu e a Terra, de Jota Fox & Misael Archanjo, e Sapiens, de Cátia Cernov. Mas não desmerecendo os demais; cada um dos contos tem um ponto a seu favor.

Publiquei uma resenha mais completa (sem spoilers) na seguinte URL:
http://fantastireader.tumblr.com/post/1039701149/solarium-2
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Ademar Jr 04/08/2010

Solarium 2
Antologias são ótimas ferramentas literárias, tanto para quem ler quanto para quem escreve. A princípio pode-se enumerar alguns fatores que contribuem para isso. Primeiro é que elas reúnem textos (contos, poemas ou crônicas) sobre determinados temas específicos, e aí faz com que o leitor vá direto àquelas com temas que lhe agradem. Segundo, permite que os leitores conheçam novos autores, com estilos diferentes permitindo que se experimentem aperitivos com textos curtos desses autores. E por fim, oportuniza que novos autores se lancem no mercado editorial, um texto publicado em uma antologia pode ser o passo inicial para que autores se tornem grandes figuras do mundo das letras. Solarium 2 (2009) é uma antologia de contos de ficção-científica organizada por Frodo Oliveira e publicada pelo selo anthology da editora Multifoco.

Leia resenha completa em: http://wp.me/pCGut-pp
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Bia Machado 02/01/2010

Uma verdadeira viagem por bons textos do gênero
Os livros de ficção científica sempre foram tratados como sendo pertencentes a uma literatura dita "inferior". Muitas vezes sequer se aceita ficção científica como literatura. Se é isso mesmo ou não, deixo para os teóricos literários discutirem até a exaustão, se quiserem. Uma história bem escrita, seja ela de ficção ou não, merece ser lida e apreciada, pertença a qual gênero pertencer.

Eu já resenhei o volume 1 da Antologia Solarium e, se na época a coletânea me causou uma ótima impressão e garantiu momentos ótimos de leitura, agora que terminei de ler Solarium2 a impressão que eu tenho é que a qualidade está ainda maior no segundo volume.

Muita gente não lê ficção científica porque tem a ideia de que os livros desse gênero tratam apenas de E.T.s e guerras espaciais. Quem acha isso está precisando rever seus conceitos. A todo o momento em nossas vidas esbarramos com coisas e temas que seriam totalmente aproveitados para uma história de ficção científica: a medicina cada vez mais avançada, as mudanças climáticas, a superpopulação mundial... tudo isso pode ser tema de uma história de ficção científica. E não somente isso.

O que as pessoas esquecem também é que muitas vezes a FC é relacionada a outro gênero, seja na literatura ou no cinema. Dessa forma, temos ótimas histórias de ficção científica + suspense ("Coma", de Robin Cook), FC + terror (Alien, o 8º passageiro), ficção científica + policial (Minority Report, tanto o filme quanto o conto em que ele foi inspirado) e tantos outros exemplos que poderia citar aqui.

Por isso vejo Solarium como uma experiência que está dando muito certo. Solarium1 trouxe histórias muito interessantes e Solarium2, agora, não fica nem um momento atrás, em qualidade e originalidade. Em Solarium2 há um diferencial em relação ao primeiro que são as ilustrações, uma para cada conto.

A relação conto/autor pode ser conferida em http://sites.google.com/site/biamachadoescreve/home/solarium2, mas desde já teço alguns comentários sobre os textos de que mais gostei:

[b]Beta Teste[/b](Rubem Cabral): um engenhoso texto que mistura ficção científica e dramas pessoais, um embate entre o que é e o que não é realidade. Tem um bom clima de suspense e deixa a gente a pensar, que é bem provável que o que é relatado no conto já não esteja, de alguma forma, acontecendo, devido à mudança de nossos hábitos e de nossos próprios valores... Será que um dia não saberemos mais diferenciar entre o que é real e o que é virtual?

[b]Entre o céu e a Terra[/b] (Jota Fox e Misael Archanjo): Uma história com muita ação, escrita pelo meu amigo Jota Fox, em parceria com Misael Archanjo, uma parceria de longa data já, que mostra ótimos frutos, como esse conto. Ao lê-lo, me senti dentro de um filme de cenas muito ágeis. Renderia um livro esse conto, com certeza! Ah, também é o Jota Fox quem assina as ótimas ilustrações do livro.

[b]Roswell[/b] (Humberto Amaral): Não sei nem o que dizer sobre o conto do Humberto... Só posso falar que ri muito com ele! O HUmberto tem uma capacidade extraordinária de escrever as ideias (que parecem) mais loucas, misturando com FC e criando histórias muito, muito legais. Eu me peguei gargalhando durante a leitura do conto, imaginando aquela situação toda...

[b]Memórias[/b] (Frank Bacurau): conto sobre descobertas científicas na medicina, em especial trata sobre o Mal de Alzheimer e um certo pesquisador que ficou em apuros por causa disso.

[b]O lado oculto da lua[/b] (Frodo Oliveira): Os contos do Frodo são assim: você pode ler do jeito que for, tentar durante a leitura se preparar para o que vai acontecer no final, mas mesmo assim, o final é sempre surpreendente.

[b]Aconteceu num dia quente de verão[/b] (Luiz Mendes Jr.): Eu lembrei do livro "Blecaute" do Paiva, quando comecei a ler. Não, não é plágio nenhum, pois Mendes Jr. tomou rumos totalmente diferentes e o final também foi surpreendente. O conto tem um ritmo de suspense crescente muito bom.

[b]Manuscrito de viagem[/b] (Jorge Eduardo Magalhães): O conto trata de viagem no tempo, mas não com máquinas preparadas para tal, mas sim de outra forma. Um conto com dramas pessoais e uma ideia muito interessante. Só achei que merecia um final um pouquinho diferente. Mas isso é coisa de leitor: muitas vezes nós, leitores, gostaríamos que o final fosse do nosso jeito, mas não posso tirar mérito nenhum do conto por causa disso. Para mim o Magalhães fez um bom trabalho.


O conto "Brincando de Deus", que assino nessa antologia, trata de questões médicas no século XXIII, ao mesmo tempo em que relata um drama vivido pela personagem principal, que se vê obrigado a fazer escolhas que determinarão o destino de sua própria ex-esposa, sua vida ou sua morte. Na história, em 2292 o ser humano ainda não terá desvendado todos os segredos do funcionamento de seu próprio corpo, além de ainda não saber lidar com as emoções.


Se alguém se interessar pelo livro, é só enviar e-mail para bia-literalmente@hotmail.com. Com direito a desconto e dedicatória! =)
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Bborges 10/12/2009

Sem querer induzir os leitores, pois sou um dos autores dos contos, este é um grande livro. Escrito apenas por autores brasileiros. É diferente, surpreendente e de fácil leitura. Vale a pena ler.
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