Resenhas - De Como o Mulato Porciúncula Descarregou seu Defunto

Rodolfo Vilar 28/12/2022

Estamos numa roda de amigos a tomar cerveja e altas doses de pinga, da limpa, e somente da forma como o mulato Porciúncula consegue beber, descendo a garganta a rasgar e limpar sua voz para contar seus causos, porque é nessa animação, Jorge Amado emprestando sua voz de narrador ao seu personagem, que conhecemos a história de Maria do Véu.
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Interessante ler "De como o mulato Porciúncula descarregou seu defunto" porque os leitores que acompanharam Jorge Amado até aqui conseguem identiicar os significados dos emaranhados que destrincham sus narrações: O significado da morte, que para alguns tem o sentido do jogo de azar ou sorte (como no romance "Terras-do-sem-fim"); o sabor da vingança, que marca o sentido do desejo pela cobrança das injustiças; ou, como no caso desse conto, o sentido de carregar a morte nas costas no sentido de luto, de saudade, de desejo que não volta atrás. Nas menos de trinta páginas desse conto conhecemos a história do mulato Porciúncula no cumprimento do desejo de sua amada.
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Aqui Jorge Amado faz um arremedo de conto de fadas nordestino. É Através de Maria do Véu, morena que sempre teve o desejo de casar-se mas foi impossibilitada pelo destino de tornar-se impura pelas mãos do homem que achou amar, que enxergamos a visão de mundo e de desejo em outro sentido, um sentido mais sublime e puro, de que poderia apenas realizar o seu desejo no momento da morte, pedindo para isso e amarrando como numa sina a vida de Porciúncula a sua.
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Jorge Amado dá voz mais uma vez a personagens marginalizados: Prostitutas, malandros, marinheiros, matadores e mulheres indefesas, que num círculo realítico representam o universo amadiano. É através do negro Porciúncula que Jorge Amado dá voz a sua voz, onde nos sentimos a conversar com seus personagens numa mesa de bar, a tomar pinga e querer ouvir e sentir as emoções que emanam de nosso narrador. A História de Maria do Véu é a história de como o destino pode amarrar duas pessoas e de como simples pedidos podem transformar vida em aventuras, que na voz do Porciúncula tomam um tom de dever a ser cumprido, nem que para isso deva a sua mortalidade.
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Uma história cativante, do mundo de fábulas baiano.

MarcosQz 21/11/2022

Mais um conto fantástico de Jorge Amado, sobre amor e morte, como sempre, sempre presente nas histórias do mestre. Sem grandes fantasias, só uma boa história a ser lida e contada.

Gláucia 26/10/2021

De Como o Mulato Porciúncula Descarregou seu Defunto - Jorge Amado
Conto com título curioso que se refere à forma que cada pessoa encontra de se desfazer de alguns remorsos.
Traz ilustrações de Andrés Sandoval e comentários de Mariana Amado, neta do autor e de José Eduardo Agualusa, admirador de sua obra na qual ele compara a narrativa a um conto de fada; temos a pobre donzela, o príncipe e até as fadas madrinhas, mas aqui as coisas não acabam tão bem.

Rodrigo 15/06/2021

Sensacional
Impressionante como a escrita do Jorge Amado me prende e instiga o melhor em mim. Essa história é fantástica e surpreendente.

Malu 27/03/2021

Do noivado a morte
Muito interessante como a história começa em um noivado e termina em morte.?
Porém a história é ótima de mais!

Tito 04/01/2011

Uma história "para cachaça medida" sobre o peso da morte.