Ficção de Polpa - Volume 1

Ficção de Polpa - Volume 1 H. P. Lovecraft
Antônio Xerxenesky
Alessandro Garcia




Resenhas - Ficção de Polpa - Volume 1


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Bruno 29/07/2014

Um pouco de polpa demais
Acho que a última antologia que lerei por enquanto, Ficção de polpa me lembrou muito de Geração subzero, lida mais cedo neste mês. Creio que o fato desta ser a terceira resenha seguida de um livro de contos seja em parte coincidência, em outra decorrência de que é mais simples a leitura de contos durante uma viagem, que foi quando eu tanto terminei Final do jogo quanto comecei o primeiro volume desta série idealizada pela Não-editora que já acumula quatro coletâneas de histórias curtas.

A coleção idealizada e organizada pelo fundador da (não) editora, Samir Machado de Machado, almeja atingir o entretenimento despretensioso. A premissa é similar a da antiantologia de Felipe Pena, diferindo aparentemente na motivação ideológica: Ficção de polpa anseia explorar e estimular um pouco da ficção especulativa nacional, apesar da nossa suposta falta de tradição no ramo, não tendo criado a cultura da pulp fiction norte-americana.

Enquanto nossos amigos anglófonos tiveram acesso a reputáveis revistas como a Astounding, onde grandes nomes de ficção científica como Asimov, Clarke e Heinlein desenvolveram sua reputação, no Brasil as tentativas de trazer uma ideia similar em território nacional resultou em várias curtas tentativas de revistas de alguns números, como explica em sua história da ficção especulativa no Brasil o estudioso Roberto de Sousa Causo. Entretanto, a existência de tentativas per se, além de alguns nomes brasileiros de reputação que engatinharam pelo terreno que conhecemos como os “gêneros menores” da literatura, além de uma razoável quantidade de escritores e obras que jamais atingiram o grande público, já comprovam que exista uma certa produção, ainda que majoritariamente desconhecida, dessa ficção no cenário literário brasileiro.

A esta o organizador atribui um caráter didático e educativo que por vezes beira, devido a antiquidade dessas tentativas, alguns elementos desconfortáveis dessas sociedades, como o racismo latente que aponta na história O presidente negro de Monteiro Lobato. E pretende com sua antologia livrar-se deste aspecto indesejado da ficção especulativa brasileira ao apresentar em sua antologia contos com a função principal de entreter seus leitores e “explodir suas mentes”.

Entretanto, assim como na antologia de Pena, o resultado de uma tentativa de coleção despretensiosa de histórias divertidas acabou com um resultado irregular. Quando digo que a coletânea me lembrou de Geração subzero, foi tanto na proposta quanto em seu resultado: vários dos contos acabam não entregando o entretenimento ao qual se pretendem. Alguns resultaram em uma colegem de clichês da ficção especulativa (com admitido foco em horror). É possivelmente um resultado de ter procurado uma abordagem similar a da real “ficção de polpa”, que não era necessariamente conhecida por sua qualidade. É claro que nomes ilustres surgiram entre as páginas dessas revistas, mas como já dizia a lei de Sturgeon: 90% do que era escrito e publicado em suas páginas era, na falta de uma palavra melhor, ruim.

Em outros contos do livro, uma talvez tentativa de permancer por demais curtos acabaram com resultados apressados, que se esforçam em criar uma ambientação propícia ao medo mas apresentam uma falta de congruência que prejudicam o resultado final.

Admitidamente, a literatura de horror deve muito ao ambiente e criação de atmosfera, visto que seu principal objetivo é surtir um efeito na mente e comportamento daquele que lê. Não obstante, deve-se desenvolver uma história e personagens envolventes o bastante para que o leitor sinta-se engajado na ambientação. Ao criar ambientes típicos da literatura de horror, como o foco no noturno, no desconhecido, nos cantos escuros que não ousamos desbravar, uma atenção nos demais elementos da narrativa é necessária para que o leitor sinta que o conto está se desenvolvendo naturalmente. Quando as dúvidas sobre o porquê de tudo aquilo e os comos da situação se sobrepujaram à narrativa, o efeito se perdeu.

Reconhecidamente não sou muito afetado pelo horror em forma literária, mas ainda assim alguns dos contos me deixaram tenso e tiveram sucesso. Talvez isso derive do fato de o horror também, além de tudo, ser um sentimento intrinsecamente subjetivo, e seus efeitos variarem de pessoa a pessoa. É possível que muitos tenham sido inafetados pelos meus contos favoritos da coletânea, que listarei em breve, mas tenham gostado de outros.

Apesar de tudo, efeito ou não à parte, não consegui me engajar por alguns que simplesmente não me agradou a escrita, por motivos estéticos, por algumas figuras de linguagem e recursos narrativos que vez ou outra me pareceram por demais fora de lugar ou batidos demais que acabaram com minha suspensão de descrença. Creio eu que a melhor narrativa, no âmbito do entretenimento, seja aquela que lhe consiga apresentar a história de modo envolvente sem te lembrar que ela existe, que você está a ler. Quando emperramos na leitura para reparar naquela figura de linguagem, naquele recurso, naquela frase fora de lugar, o efeito de imersão se desfaz, e daí um dos motivos de uma experiência insatisfatória com boa parte da antologia.

Os contos que mais me agradaram são os que fogem mais do lance do terror e da ficção especulativa reminiscente das pulps antigas, ironicamente. Figuram entre os meus favoritos O fígado, de Sílvio Pilau, me surpreendeu positivamente ao narrar uma briga de um alcoólatra com seu fígado, agora de dois metros, que está tentando lhe assassinar por maltratar dele a vida toda, com uma premissa que me lembra O nariz de Gogol. Funghi, de Luciana Thomé, com seus cogumelos ambulantes. O desvio, de Antonio Xerxenesky, uma discussão entre uma gótica e um motorista sobre algum deles possivelmente ser o diabo. E uma tensão foi bem construída pelo Quando eles chegaram, de Rafael Ban Jacobsen, que entrega horror e ficção científica em um único envelope.

Encerra-se a antologia com seu “extra”: uma tradução do conto O cão de caça, de H.P. Lovecraft, coerente com a proposta da coletânea e com seu resultado pendente ao horror. Um conto que não tinha lido, mas que gostei e achei um complemento muito válido para fechar o primeiro volume. Não acredito que eu vá procurar pelos próximos volumes de Ficção de polpa, visto que muitos dos autores se repetem e, no geral, eu esperava mais deste primeiro volume, com apenas alguns poucos contos que verdadeiramente agradaram.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/07/29/ficcao-de-polpa-volume-1/
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Anica 31/12/2010

Ficção de Polpa Vol.1 (Vários)
Antes de tudo uma história para ilustrar. Há uns anos fui assistir uma adaptação de Sonhos de uma noite de verão da FAP, dita como releitura modernizada. Esperei bastante para contar essa última parte para meu marido porque sabia que ele não iria gostar muito disso, e resolvi que o melhor momento era já no meio do caminho para o teatro. A resposta dele foi um “Ah, não, vão colocar um Puck repentista na peça!”. Não, não colocaram. A peça foi excelente mas isso não vem ao caso. O que importa disso é um sintoma da criação artística no Brasil: esta necessidade de colocar as ditas “cores” nacionais em tudo que se faz, como se apenas isso validasse o que foi criado como algo “brasileiro”.

Ficção de Polpa da Não Editora chega justamente para desmentir essa ideia. Ao convidar vários escritores para formar a coletânea, a proposta segundo (Samir Machado de Machado na introdução) era esta: criar um conto de ficção científica, fantasia ou horror com completa liberdade temática. E os autores souberam aproveitar essa liberdade sem usar o conto como “meio” para apresentar brasilidades, eles fazem ficção brasileira, e de qualidade – sem a artificialidade de elementos inclusos única e exclusivamente para dizer que bem, é ficção feita no Brasil.Notei dois padrões na maior parte dos textos: eles tendem mais ao horror (que eu adoro), e grande parte deles fogem de situar o espaço. Quanto ao segundo ponto, é possivel incluir também o fato de que muitas vezes não temos os nomes das personagens. Então são histórias que podem se passar em qualquer lugar. O que é excelente em se tratando de horror, porque tomando os ensinamentos da Escola Allan Poe (há!) de Horror, o texto não pode ter excessos que distraiam o leitor do efeito que se quer causar. Se o escritor foca seus esforços em situar a personagem em um lugar específico, ele já terá perdido o leitor para quando for partir para a descrição desse local – que é muito mais relevante em histórias de terror, a questão da imagem perturbadora a ser criada como um grande quadro assustador.

O legal no caso de Ficção de Polpa é que os autores que recorrem à brasilidades o fazem de modo sutil, como um elemento que faz parte da história. Há coesão, não há estranhamento. Como no caso de Cabeça-de-Arroz (Annie Piagetti Müller), cuja protagonista em dado momento revela que roubava arroz da despensa da “madame”; ou ainda no conto de abertura, O homem que criava fábulas (Samir Machado de Machado), onde é dito que o casal criador de fábulas tinha horror aos sem-terra. São apenas detalhes, que enriquecem a história, com um propósito além de simplesmente tentar marcar que é um conto que se passa no Brasil.

Assim, o que temos em mãos é uma coletânea para agradar com absoluta certeza qualquer fã do gênero. É divertido e gostoso de ler, do começo ao fim. Alguns contos se destacam, como sempre acontece em uma coletânea, mas todos estão em um nível de bom para excelente. E há horror mesmo, e aqueles desfechos no estilo “tapa-na-cara” que vemos escritores como Ray Bradbury fazer. Seria injusto apontar favoritos, mas eu diria que Carne (Guilherme Smee) e Os internos (Gustavo Faraon) estão entre os que mais gostei. O fígado (Silvio Pilau) é simplesmente hilário, e O Desvio (Antônio Xerxenesky) vem lá cheio das referências que eu tanto gosto (“Narciso acha feio o que não é espelho”? Não sei, mas gosto de reconhecer meu universo cultural nas histórias).

Eu adoraria falar um pouco de cada um, porque realmente gostei de todos. Porém, acredito que parte da graça é também ir se surpreendendo aos poucos, então vou deixar alguns para vocês descobrirem. Mas acredite, vale a pena ler todo o Ficção de Polpa, inclusive a “faixa bônus”, com um conto de Lovecraft. É a melhor resposta que já consegui encontrar para a pergunta “É possível fazer ficção especulativa no Brasil?”. Sim, é. E das boas. E o bacana é que encarnando o espírito das revistas pulp que inspiraram o projeto, o livro é bem baratinho (R$15,00) e a capa é muito legal, lembrando justamente essas revistas. Se você gosta de horror, corre lá no site da Não Editora e garanta o seu, porque dá para dizer sem medo que tem gente nova no pedaço, e eles são de primeira.
mon.amour93 10/02/2013minha estante
adorei sua resenha esta de parabéns!




Clara 03/05/2011

Contos fantásticos e de terror, do jeitinho que eu gosto.
E escritos por jovens autores brasileiros (principalmente gaúchos).
Bom demais!
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Nani 22/07/2011

Ficção, graças á D'us!
Achei o livro muito bom! São contos, que não estou acostumada a ler, mas que bom que são contos! Explico: São de terror e realmente tem uns bem aterrorizantes! Muito criativos, de escritores novos, numa editora nova, ótima versão pocket. Só elogios.

A capa é muito bonita, e aprendi na introdução o que é a expressão "ficção de polpa" e daonde ela surgiu.

Bom entretenimento.
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Jung Angel 29/06/2012

Minha Opinião sobre:Ficção de Polpa - Vol1
Contos fantásticos e de terror, Fábulas e muito mais contadas em 16 contos de amedrontar!

Os Contos fantásticos e de terror, do jeitinho que eu gosto, e realmente tem uns bem aterrorizantes! Confesso que fiquei com medo ao ler alguns contos! Os contos são escritos por jovens autores brasileiros (principalmente gaúchos Adoro ;)

"Afinal , não nos interessa como isso é feito, e sim o resultado. Um narval e um cavalo, e temos estes dois belos animais aqui. São belos, não é mesmo?" (O Homem que Criava Fábulas-Pag 15)

"O fedor vem da geladeira, a porta está entreaberta...Eu abro a geladeira, o fedor invade as minhas narinas e junto com aquela visão me provaca ânsia de vômito." (Carne-Pag 20)

"Extranhamente, todos pareciam estar esperando por aquele exame. Quanto a mim, não desconfiava de nada, mas mesmo assim achei melhor não fazer qualquer pergunta." (Os Internos-Pag 37)

"Mais que uma vingança, aquilo era também um suicidío. Um ato de misericórdia. (O Figado- Pag 94)

"Pânico, aliás, foi o que me aconteceu logo na primeira vez que eles trouxeram a ração." (Quando eles chegaram-Pag 107)


Eu adoraria falar um pouco de cada um, porque realmente gostei de todos. Porém, acredito que parte da graça é também ir se surpreendendo aos poucos, por isso deixei alguns trechinhos acima para que vocês matem a curiosidade. Mas acredite, vale a pena ler todo o Ficção de Polpa, inclusive a “faixa bônus”, com um conto de Lovecraft.

É divertido e gostoso de ler, do começo ao fim. Alguns contos se destacam, como sempre acontece em uma coletânea, mas todos estão em um nível de bom para excelente.

Seria injusto apontar favoritos, mas eu diria que os que mais 'gostei' foram: O Homem que Criava Fábulas (Samir Machado), Carne (Guilherme Smee) e Os internos (Gustavo Faraon) estão entre os que mais gostei. Ai têm mais alguns dos quais eu gostei que seriam O fígado (Silvio Pilau) o conto é simplesmente hilário, e Quando eles chegaram (Rafael Bán).

P.S: Gostei muito da capa do livro, tem tudo haver com o contéudo dos contos, que sim 'dão muito medo'. A diagramação está ótima, letras pequenas e folhas amarelinhas como eu gosto!

Quero muito ler o Vol.2 e Vol.3 de Ficção de polpa e claro recomendo, para quem adora contos como eu é uma ótima opção!

Acompanhe as resenhas/críticas completas no blog "Lendo com a Angel". Se puder siga e comente que ficarei muito feliz por sua companhia!

site: https://lendocomaangel.blogspot.com/
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Coruja 25/04/2012

Esse livro entrou no booktour do Clube do Livro por cortesia da Mi, do Bibliophile. Ela escreveu uma resenha sobre ele, me deixou curiosa e fiz assim valer meus direitos de rainha para requisitar que o mesmo entrasse em nossa cota de livros viajantes.

Delírios absolutistas à parte, fico feliz de ter convencido a Mi a compartilhar o livro - Ficção de Polpa é uma delícia, na melhor tradição do pulp fiction, com seus contos curtos, absurdos, assustadores, bizarros e surpreendentes.

Todos os contos têm um fator de... estranheza, de choque, que se insinua no aparentemente trivial – e exatamente por isso que eles assustam. E aí temos uma velhinha amiga da sua avó que te dava livros quando você era pequeno e agora cria animais mitológicos na fazenda; o fim do mundo em muitas versões, mentes ainda conscientes em corpos de zumbi, canibalismo, surrealismo, e minha nossa, tem uma mão saindo de dentro do meu ouvido!

Não desgostei de nenhum dos contos, embora alguns pareçam não fazer sentido – essa falta de sentido, na verdade, me parece fazer parte da aura que eles carregam. Claro que alguns se destacaram – fizeram-me dar um muxoxo de desapontamento de não continuarem, serem mais longos, mais desenvolvidos em suas loucuras. Destaco O homem que criava fábulas (queria que minha avó tivesse amigas assim... e amei esse título!); Carne - que me deixou quase num transe hipnótico enquanto eu refletia as possibilidades infinitas sugeridas naquele final; O fígado (que quase me mata de rir com a ironia); O desvio (tive de ouvir Highway to Hell após terminar esse conto) e Quando eles chegaram - que foi meu favorito.

Como bônus – para nós leitores e pontos extras para os organizadores – um conto de Lovecraft bem de acordo com o clima do volume e um making-of da capa (posso dizer que adorei a idéia de dar uma espiada nesse por trás dos bastidores?). Recomendado!

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
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Cynthia 26/06/2012

Resenha: Ficção de Polpa - Volume 1
Na tentativa de trazer para o Brasil um pouco mais da Literatura especulativa, com aquele pé na ficção científica e um pouco de horror, a Não Editora convidou diversos escritores e escritoras brasileiros/as para compor a coletânea de contos chamada "Ficção de Polpa". São três volumes repletos de contos que puxam para o aspecto sobrenatural e buscam levantar, mais uma vez, a leitura dos contos inspirados nessa onda de horror moderno que surgiu no exterior, entre as décadas de 1920 e 1950, com o nome pulp ou pulp fictions, devido ao seu formato e impressão em papel barato feito da polpa da madeira. Cada livro conta com uma "faixa bônus": um conto de algum autor consagrado do gênero de horror, como é o caso de H. P. Lovecraft com seu conto "O cão de caça", publicado nesse primeiro volume.


Outras tentativas já foram feitas no Brasil de veicular esse tipo de Literatura, mas, por alguma razão, com menos sucesso do que em outros países. Ainda sim, inspirados/as por esses autores e pela mesma linha de literatura, os vários autores e autoras que compõem a coleção se esforçaram por trazer um pouco de sua própria imaginação e ambientação para publicar contos que vão desde monstros e animais apavorantes, comedores de gente, até situações sobrenaturais, como o pavor gerado por partes do próprio corpo, sensações primitivas e, ao mesmo tempo, tão humanas, além das tão tradicionais invasões alienígenas. Embora pareça difícil encontrarmos, no Brasil, esse gênero tão bem desenvolvido na forma de romances, os contos apresentados nos livros possuem uma qualidade que muitas vezes perpassa o nos traria um livro de história única: o recorte, a impressão de uma história que já se desenvolve a partir do seu ápice, sem muitas explicações sobre o enredo, característica típica dos contos, ajuda a trazer o ar de mistério e até de desentendimento que as próprias histórias narradas causam no/a leitor/a.

Muitos/as dos/as autores/as dessa coletânea possuem livros próprios publicados pela editora que, apesar de estar há pouco tempo no mercado em comparação a outras grandes editoras, já mostra seu apreço por uma literatura que engana os olhos (e muitas vezes penso que seja exatamente essa a principal função dela). Já imaginei, na primeira vez que ouvi falar dela, que a Não Editora vinha justamente para trazer algo diferente para os/as leitores/as brasileiros/as, um algo que não sei bem o que é que por muito tempo sentia falta e não sei o porquê. Apesar de, a princípio, ser simplesmente um livro de contos, a primeira leitura que fiz de uma publicação dessa editora já me impressionou e, definitivamente, mostrou a que veio. Afinal de contas, "isto não é uma editora. É o disparo. É o despertar. É o empuxo". E são palavras que poderiam ser usadas para descrever essa coletânea: um disparo, um despertar. Um despertar para uma ficção que, apesar de não apelar para a fantasia com exageros, traz também um pouco de realidade misturada às sensações mais nítidas e próprias do ser humano, mas com um caráter fantástico. Órgãos que falam, andam e matam, encontros com o diabo, experiências científicas, vícios fora de controle, fungos revoltados. Tudo isso misturado a diversas narrativas que, cada uma a seu estilo, revelam parte do que o próprio ser humano seria capaz de sentir e imaginar. A fantasia se encontra na linha tênue que separa os desejos e emoções da sanidade. Linha que, justamente pela proposta dos contos, é rompida e levada a situações que se encontram apenas na imaginação de quem tem bom senso e nas atitudes de alguns sociopatas.

A despeito do preço da capa (já que o livro me custou R$20,00 sem o tal valor sugerido), toda a produção do livro, desde a sua diagramação até as ilustrações e a capa, procuram reproduzir os livros de pulp fiction e ambientar o/a leitor/a na Literatura que era distribuída na época. A edição apresenta os passos utilizados na confecção da arte de capa, feita por Gisele Oliveira. Foi um trabalho muito bem feito, reconheço, mas acredito que, se a intenção era trazer uma produção fantástica para os moldes do Brasil, a reprodução de um modelo estrangeiro, mais do que identificar uma literatura nacional, remete-nos a um padrão que não é, de fato, o nosso. Tanto que muitas das imagens utilizadas para fazer essa alusão são anúncios e ilustrações feitas em inglês. O que também não é de todo errado: voltamos, assim, à busca modernista pela antropofagia, que é digerir aquilo que vem de fora para, depois, produzir algo de nossos próprios intestinos. O que não foi o que aconteceu, a meu ver, na forma, mas, sim, no seu conteúdo. Ainda sim, é um livro que vale à pena conferir. São histórias bem elaboradas, um conteúdo imaginativo muito forte e também uma carga daquela Literatura que seria muito bom que tivéssemos mais desenvolvida e estimulada no Brasil.


Veja mais em: http://ninanoespelho.blogspot.com.br/2012/06/ficcao-de-polpa-volume-1.html
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Markera 06/03/2014

Boa iniciativa mas...
Precisa melhorar o time de autores. Não gostei muitos das histórias as quais na sua maioria tem um final "surpreendentemente previsível".
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juhelwig 26/10/2023

Assim como o tema é um horror mesmo!
O primeiro volume do ficção em polpa que li foi o 5, achei incrível, li super rápido, fiquei envolvida, a edição era linda! Logo comecei a caça pelos volumes anteriores com muita expectativa.
Achei o volume I folheando os livros de um sebo na redenção em Porto Alegre, não pensei duas vezes e adquiri a obra.
O que foi? Massante e um pouco nonsense.
Existe contos bons e que te envolvem, mas não são muitos e os ruins são MUITO ruins.
Destaco como os melhores contos da coletânea:
- Vãos, autor Alessandro Garcia
- O Fígado, autor Silvio Pilau
O pior:
- Linguista, autor Rodrigo Rosp
No fim, se você quer iniciar com a leitura das historinhas pulp fiction, indico não começar por esse volume.
Vale lembrar, nessa os temas são horror e ficção científica.
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Luiza.Castro 09/01/2024

Foi uma grata surpresa ter em mãos um dos livros de "pulp fiction" criados no Brasil. As histórias são boas, e é sempre bom ler algo brasileiro que não seja romance.
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Renata 31/10/2013

Confesso que quando resolvi solicitar este livro para ler, foi sim por conta capa! Me digam se não é linda?! Me lembrou muito uma coleção de livros que o meu tio tinha e que ficaram lá em casa por um bom tempo, não consegui me lembrar o nome! Não sei porque nunca li nenhum deles! Enfim, faz todo sentido a relação, pois tudo vem do Pulp Fictions! A coleção Ficção de Polpa é diretamente inspirada nas revistas do estilo que foram publicadas entre os anos 1920 e 1950, eu tinha que ter nascido nessa época, e cujo maior expoente é H.P. Lovecraft! Este primeiro volume inclusive, conta com com uma faixa bônus com o conto O Cão de Caça do próprio autor!
Ficção de Polpa Volume 1 trás contos sobre psicopatas, alienígenas, monstros e zumbis, todos os contos acabaram pendendo para o horror, o que é bem legal, adoro coisas assustadoras! Este primeiro livro da coleção conta com 15 contos de autores diferentes e mais a faixa bônus, os mais variados temas e formas de escritas faz com que a leitura não seja nem um pouco maçante! Alguns contos são bem curtinhos, outro já são maiores, mais elaborados! Alguns com uma dose extra de terror e suspense, alguns já não me chamaram tanto atenção!
Um dos contos que eu mais gostei, talvez o mais assustador para mim foi O Linguista do Rodrigo Rosp, nele um escritor apaixonado pelas letras nos conta como conheceu a mulher que veio a mudar a sua vida! Uma mulher muito inteligente, que debatia com ele de igual para igual e com uma sensualidade incrível, porém, tinha por costume dominar durante as relações! Isso começou a incomodar o nosso narrador que procurou se afastar da moça, numa tentativa inútil de terminar o romance, até que uma dia uma coisa sinistra acontece e muda por completo a vida do linguista!É de arrepiar e colocar modo em qualquer um, e olha que não sinto medo tão fácil, mas fiquei principalmente assustada com a forma como a coisa toda aconteceu!
A proposta da coleção é justamente promover a publicação de fantasia, ficção cientifica e terror nacionais! Ler contos para mim, principalmente nesses gêneros fantásticos, é fazer um exercício imenso para emergir no mundo fantástico! Não é fácil para mim abrir mão do senso comum, da comodidade da vida real para acreditar nas viagens fantásticas dos autores, mas é muito interessante o mundo da fantasia e vale a pena conhecer essas histórias!
A coleção Ficção de Polpa é composta por 5 livros se não me engano, que trazem temas variados! A diagramação é linda, a capa e perfeita, foi o que chamou a minha atenção para a série, no final do livro tem inclusive uma um making-of da capa que é de Gisele Oliveira! A configuração do texto é em colunas, na minha opinião isso dá um charme todo especial ao livro que já está na sua 3ª edição!
Se você gosta de contos de horror, suspense e afins, ele livro tem 15 ótimas opções para você se deliciar!! Aproveite e Feliz dia das bruxas!!!

site: http://epigrafe.org/?p=1611
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Larissa.Goya 13/03/2014

Demorei pra pegar gosto pelos contos, de início me pareceu que muitas histórias tinham um potencial que acabava sendo não desenvolvido, talvez pela exigência do tamanho reduzido. Mas acho que essa iniciativa de criar uma coleção de histórias pulp brasileiras fantástica, já que não temos praticamente nenhuma tradição no gênero. Gostei muito de vários contos, principalmente: Carne, Cosmologia, O Homem dos Ratos, Tempestade em Coney Island, Ventre, Funghi, Vãos (a narrativa desse e o clima da história de modo geral, me lembraram muito o estilo do Stephen King) e Quando Eles Chegaram.
A edição conseguiu reunir muitos temas e estilos diferentes, que vão desde thrillers mais psicológicos (Ventre), até as querências do gênero slasher (Cabeça-de-Arroz). De quebra, ainda somos presenteados com um conto do HP Lovecraft, um precursor do gênero, sem o qual eu duvido que muitas inspirações pra esse livro não teriam sequer existido.
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Cris 22/09/2017

Gore à Brasileira
"Ficção de Polpa Volume 1".
Autor: vários.
Organização: Samir Machado de Machado.
132 páginas.
Editora: Não Editora.
2007.
Desde "Books of Blood" que eu não lia uma coletânea de contos fantásticos tão visceral, ousada, feroz e imaginativa quanto "Ficção de Polpa Volume 1".
São toneladas de "body horror", clima gótico ultra opressivo, finais felizes mandados para bem longe: malignidade e brutalidade puras concentradas em 132 páginas.
Eu teria que ficar dias, aqui, babando em cima de toda a riqueza transgressiva e trevosa da obra se fosse analisar em detalhes todas as narrativas do livro. Por isso vou dar meus pitacos apenas sobre três contos para aguçar a curiosidade de leitores sedentos por sangue, adrenalina e desgraça:
a) "Cabeça de Arroz" (Annie Piagetti Müller): pequeno manual de escatologia "splatestick" que rivaliza tranquilo com o longa "Brain Dead";
b) "A Meia Noite do Fim do Mundo" (Fernando Mantelli): um inesquecível exemplar do "universo expandido" dos "Mitos de Cthulhu". Cenário pós-apocalíptico, paródia crudelíssima do Gênesis bíblico e...as fezes de Nyarlathotep;
c) "O Cão de Caça" (H.P. Lovecraft): o primeiro conto de Lovecraft que menciona o "Necronomicon". Não sei se foi graças a esta nova tradução, mas para mim Lovecraft nunca foi tão insano, assustador e repugnante quanto nesta pequena pérola publicada originalmente em 1924.
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Rodrigo509 13/08/2023

Organizado pelo autor Samir Machado de Machado, e lançado pela Não Editora, em 2008, o primeiro volume da série Ficção de Polpa reúne escritores gaúchos ao escreverem contos de terror, no melhor estilo H.P. Lovecraft, que, aliás, tem como faixa bônus, o conto Cão de Caça.

Baseado nos clássicos e cultuados livros pulp, nos Estados Unidos, impressos precariamente, e custando 10 centavos, o livro brasileiro entretém, com toque nacional, as histórias.

Destaques para Lingüísta, O Fígado, Carne, Os Internos, O Jomem dos Ratos, A Meia-noite no Fim do Mundo, Vãos e Tempestade em Coney Island.

Uma bela estreia de uma série, à moda gaúcha.
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