Codinome 15/01/2020
Um pouco sobre "Histórias do sr. Keuner"
“Histórias do sr. Keuner” é um livro, que para mim, é meio difícil de avaliar, principalmente por eu ter achado algo bem diferente daquilo que eu já havia lido. A começar pela estrutura dos textos: pequenas histórias vivenciadas por esse sr. Keuner. O mais próximo que eu já tinha lido a isso foram crônicas do Rubem Braga (especificamente o livro “Ai de ti, Copacabana”) que possui uma brevidade característica. E no caso desse material do personagem Keuner, criado pelo escritor alemão Bertolt Brecht, as histórias conseguem assumir poucas linhas, no entanto sem perder em conteúdo.
Falando em conteúdo, esse é outro ponto que deixou o livro diferente para mim: muitas dessas histórias do sr. Keuner, eu não consegui captar onde Brecht queria chegar. Já outras, eu consegui, algumas ótimas como “Sócrates”, “Favor de amigo”, “O reencontro”, entre muitas outras. Vale dizer que é um conjunto de 102 histórias em pouco mais de 100 páginas.
A edição que li, da editora 34, traz 15 histórias publicadas pela primeira vez sem ser na Alemanha, além de contar com um texto de Vilma Botrel Coutinho, uma cronologia bem completa do autor (é ótimo ter esse material para consultas presentes e futuras), além de fotos documentais e textos na orelha do livro (e ainda temos uma nota biográfica do Paulo César de Souza, o valor dado à tradução é um dos trunfos da editora 34).
Pelo que li a respeito do livro, esse sr. Keuner – que pode ser traduzido como “ninguém” (a partir do alemão) ou “público”/ “comum” (do grego) – é uma espécie de alter ego do próprio Brecht. O escritor se usa, desse personagem que cria, para dar opiniões suas: com um tom cômico/absurdo às vezes, outras vezes de forma paradoxal. É comum ele terminar a história sem trazer conclusões ou com uma frase inesperada.
Por causa dessa indefinição que só aumentou em relação ao sr. Keuner, não consegui mergulhar muito fundo nesse personagem: é um típico livro que merece uma ou mais releituras. Nesse primeiro momento, me pareceu um personagem bem niilista. Já o livro, deixo em um patamar médio.