raphaseixas89 27/07/2022
Tapa na cara e pouca perspectiva de melhora!
''Tirar o PT para acabar com a corrupção!'', ''Na época da Ditadura era melhor!'', ''Vou votar no Bolsonaro para mudar o país!'', ''Nunca mais Ditadura Comunista!'', ''Assistencialismo cria vagabundos'', ''Cota para negros é injusta, a meritocracia está ai para provar que quem quer consegue!'', ''Coxinha vs Petralha', ''Brasil não tem racismo como é no EUA ou como foi na Africa do Sul!'', ''Movimentos LGBTQI+ e Feminismo é tudo mi mi mi!'', ''Na minha época não tinha isso de bullying!''.
Algumas das frases acima ouvidas ou lidas a todo tempo passava pela minha cabeça a cada página lida de Todos Contra Todos - O Ódio Nosso de Cada Dia do Leandro Karnal. O livro se propõe a desconstruir a imagem do Brasil pacífico, do povo amistoso e hospitaleiro, contando diversas passagens históricas para mostrar que não somos tão gentis assim. Confesso que não é uma leitura fácil, primeiro que se vc é contra um lado político e idolatra o seu lado, esse livro não é pra vc! É um livro crítico e de desconstrução e para isso, o minimo exigido é mente aberta. Segundo que pode ser um tapa na cara sem aviso prévio e como o próprio livro menciona, é muito difícil ter opiniões contrariada com fatos. Vc está pronto para ter suas ''verdades'' contrariadas pela história?
O raciocínio de que o ódio extremo que vemos hoje em dia na internet sempre esteve presente no país já me havia ocorrido antes da leitura, mas foi sustentado com as reflexões e colocações históricas. E que o ódio, nada mais é do que o medo e nossas frustrações jogadas para o outro como alivio de culpa e definição dos nossos fracassos. A história é fatídica e nenhum pouco argumentativa, assim sendo, o ódio e o preconceito brasileiro está na linguagem do dia a dia (''tinha que ser mulher'' para infração de transito, ''só faz baianada'' para trapalhadas, ''segunda-feira é dia de preto''), está na estrutura da sociedade, está nas ditas ''brincadeiras saudáveis'', está nas religiões que não sigam as minhas crenças ou nas próprias doutrinas religiosas, está na minha liberdade de expressão usada como muleta para meus preconceitos, e a célebre frase ''bandido bom é bandido morto''.
É triste pensar que a cada dia, essa situação, pelo menos a curto ou a médio prazo será difícil de reverter! Exigimos o fim da corrupção quando a própria população é corrupta e assim, elegemos líderes salvadores da pátria que são tão ou mais corruptos quanto. Vemos protestos antirracistas ao redor do mundo, mas é só ligar nos jornais sensacionalistas e ver o tanto de vidas pretas que morrem em favelas, seja pela violência urbana seja pela truculência militar.
A melhor lição a se tirar de um momento como esse é ver países como Holanda, Suécia e até a cidade de Medellín na Colômbia que preferiram investir fortemente na educação, saúde e mobilidade urbana, do que em policia e prisões. Ou seja, é muito melhor educar - educar não refere-se apenas a escola! O primeiro seio educacional é a família!!! - e oferecer oportunidade do que pedir a execução como solução de um problema, afinal, pena de morte já está mais que provada pela história, de que não funciona e nunca funcionou.