Claire Scorzi 11/03/2009
Simpático, mas somente um esboço
O maior mérito do livro me parece estar no desenho de algumas das personagens femininas: Phoebe, a idosa tia da narradora, e Charlotte, a menina posta de lado pelos pais, conquistam desde o início: Phoebe, com sua atitude aberta e calorosa, mas realista; Charlotte, que prefere sofrer em silêncio e é perceptiva demais para uma garotinha.
O que decepciona: a pretensa história de amor - porque o livro é apresentado como isso - nunca decola; fica na vontade, e no esboço, não sendo ajudada por um protagonista masculino um tanto óbvio - pintor, independente, avesso a compromissos enquanto diz à heroína narradora para libertar-se... Quem já não viu esse tipo em romances? Outra figura óbvia é a mulher malvada, femme fatale, que prejudicou o protagonista, o marido, a filha... Sua lista de pecados é mais batida que bife de hamburguer.
O melhor, além das duas personagens citadas acima, é a atmosfera que Rosamunde Pilcher destila no livro: doce, evocativa, esperançosa sem ser fantasiosa.
No todo, o romance passa uma impressão de não ter rendido tudo que poderia, pois termina muito rápido e deixa, como eu disse, algumas situações sem contornos mais precisos. Como um desenho, está mais para esboço.