Marcio 03/02/2021
Leve e engraçado mas raso
Quando eu penso no geral, na história como um todo, eu gostei. Dei risada e fiquei triste em alguns momentos, mas também revirei os olhos e reagi com "isso é sério?" em vários outros.
A escrita é bem simples, mais embasada em diálogos longos, redundantes e até artificiais em algumas partes. Não simpatizei com nenhum personagem. Tipo, eles eram legais e tals, mas muito caricatos. Os signos associados a eles só reforçaram personalidades repetitivas, embora fossem a única fonte de desenvolvimento, visto que essa parte foi o que mais me incomodou: um conhecimento mais a fundo dos personagens. Eu fiquei seriamente pensando: eu agia assim no ensino médio? Fala sério. As gírias eram demais e não serviram pra me aproximar da realidade, muito pelo contrário, eram ridículas de tão exageradas. Aliás, é o que falta nessa história: verossimilhança.
Os problemas se resolviam sozinhos, o mundo era colorido demais, as pessoas cantavam sobre serem livres de preconceitos e rótulos, sério, era como se dissessem ao Davi: saia daí, o mundo te ama aqui fora, nós não somos machistas, ignorantes, da geração passada nem nada, você é quem está sendo preconceituoso consigo mesmo, não seja assim! Para de se sentir julgado, seja feliz, que se dane que antes faziam bullying com você, olha só como você parece intacto e em nada afetado com isso.
E em dado momento, o personagem acha mesmo que está sendo preconceituoso consigo só por ainda não se sentir preparado para se mostrar ao mundo e seu próprio amigo, já assumido, lhe diz isso depois de um longo discurso sobre amor próprio tirado de algum livro de autoajuda. Quem dera fosse fácil assim!
Não quero mais ter que pensar sobre isso e lembrar sobre as milhares de coisas que me incomodaram nesse livro. Porque apesar de tudo e do final parecer nítido que é escrito por alguém com potencial pra ser coach, eu me diverti. Mas não posso pensar sobre isso.