Lu 22/03/2020
A trilogia das rainhas lobas
Depois de ler um livro do Tio Ken, eu geralmente preciso de um ou dois dias para absorver tudo e, então poder escrever a resenha. Foi assim como o impressionante "Pilares da Terra" e o meu favorito da trilogia, "Mundo sem Fim".
Este "Coluna de Fogo, que fecha o que eu chamo carinhosamente de "Trilogia das rainhas lobas", pois, se você perceber, os três livros são situados em períodos bem específicos: o primeiro, conhecido como "A Anarquia", em que a rainha Matilda tentou, sem sucesso, ascender ao trono inglês por direito próprio; o reinado de Isabella da França, como regente de seu filho, Eduardo III e, finalmente, o fim do reinado de Maria Tudor e todo o período elizabetano. Todas elas foram consideradas mulheres extraordinárias, que fugiam ao padrão da época e, por isso, chamadas de "lobas".
Assim, o autor mostra, mais uma vez, o panorama em que ele situa suas histórias é escolhido com precisão. Se "Pilares da Terra" era um retrato da Idade Média, "Coluna de Fogo" é um panorama do terror absoluto da metade final do século XVI: não há lugar seguro, não importa se você é católico, protestante ou prega a tolerância.
A escrita de Follett brilha ao retratar as intrigas da corte francesa, a poderosa sociedade holandesa, e ao mostrar personagens históricos importantes, como Maria, a Rainha dos Escoceses e Sir William Cecil,
Porém, a divisão dos capítulos entre os personagens não é tão linear quanto nos livros anteriores. Passam-se vários capítulos sem que Margery e Ned sequer apareçam e como resultado, achei Syvie uma personagem bem mais interessante de seguir do que aquela que a sinopse me vende como protagonista, pois é a francesa que tem, em minha opinião, o tipo de construção de personagem feminina que fez com que eu me apaixonasse pela escrita do autor: ela forte, ousada e muito corajosa. Digna de suas predecessoras, Caris, Gwenda e Alyena.
Ned, por sua vez, é bem construído. Tem a mistura certa de idealismo e força. Foi muito legal vê-lo amadurecer ao longo dos capítulos. Suas aventuras foram muito emocionantes!
Embora eu tenha achado algumas reviravoltas previsíveis. Isso não me fez perder o interesse pela leitura, que tem um ótimo ritmo, especialmente no terço final. Confesso que estava ansiosa para ver como o conflito principal terminaria. O final foi realmente emocionante, mas não teve o mesmo impacto que o fim de "Pilares da Terra", em que tudo se fecha em um círculo perfeito.
Apesar de minhas reflexões, o livro é muito, muito bom e merece ser lido, como os outros dois da trilogia. Pretendo ler outros livros escritos pelo autor, pois me apaixonei por sua escrita e seus personagens.
Recomendo.