Apenas Uma Garota

Apenas Uma Garota Meredith Russo




Resenhas - Apenas uma Garota


110 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Maria Fernanda 25/07/2017

"A VIDA É SUA E O CORPO É SEU. VISTA-SE COMO QUISER."
Esta é mais uma da série "resenhas tão difíceis de escrever que eu não sei nem por onde começar" pelo seguinte motivo: o livro em questão traz uma personagem trans, e eu sou uma leitora cis, lendo com a minha mente cis. Ou seja, o meu nível de compreensão jamais alcançará a experiência trans - da mesma maneira que a compreensão branca jamais alcançará a experiência negra, ou que homens jamais compreenderão como é ser mulher numa sociedade patriarcal. E isso me deixa em estado de alerta para não acabar falando algo que, mesmo sem intenção, faça um desserviço à comunidade LGBT, que tanto amo e apoio.

Tá vendo? Mais um motivo.

Eu gostaria que justificativas como essa não fossem necessárias. Que um livro sobre uma personagem trans fosse tão comum que apenas pudéssemos lê-lo e avaliá-lo como outro YA qualquer. Mas, infelizmente, a realidade é o que tem pra hoje, e ela me impede de resenhar Apenas uma Garota levando em conta somente o plot e a escrita da autora. Por isso, decidi expor a minha opinião (100% sincera, é claro) sempre balanceando-a com adversativas que considerem as circunstâncias especiais do livro.

Primeiramente, Apenas uma Garota é um livro importantíssimo. Contribui para preencher uma lacuna que não deveria existir, reconhecendo e normalizando a existência de pessoas trans e fazendo com que elas se encontrem na literatura que consomem. Eu fico feliz porque essa história pôde ser publicada e chegar até mim. É de iluminar a alma saber que temos um YA com uma protagonista trans, escrito por uma mulher trans (!!!) e ainda com uma modelo trans na capa. E foi justamente por isso tudo que a forma light como Meredith Russo se posicionou me deixou decepcionada.

Em momento algum eu consegui ignorar o pensamento de que a história da Amanda foi contada para passar a mão na cabeça do leitor cis, pobrezinho, que não saberia lidar com uma narrativa quebradora de tabu verdadeiramente poderosa. Pensamento este que foi confirmado pela própria autora na nota final do livro, onde ela explica que se ateve a estereótipos "para simplificar ao máximo, segundo os padrões normativos, o fato de Amanda ser trans." E isso me deixou bem triste. PORÉM, entendo perfeitamente a escolha dela. Essa temática é super normal para mim pois tenho pessoas trans no meu dia a dia e convivo com LGBTs em geral. Mas e aqueles leitores que vêm de um ambiente preconceituoso e não fazem a menor ideia do que significa ser uma Amanda? Ou, pior, que nem imaginam que existem inúmeras Amandas por aí? Por isso, posso perceber que Russo não quis colocar nenhum obstáculo para que entendêssemos Amanda como uma "simples" adolescente, para que nos sentíssemos próximos a ela.

Mesmo assim, eu queria mais do plot. Eu queria que Meredith Russo não tivesse adaptado a experiência trans para fazer com que os leitores cis a digerissem com maior facilidade - novamente, é entendível, porém lamentável. Eu queria que Amanda não fosse tão afável, e que ela tivesse uma personalidade distinta ao invés de genérica. Eu queria que o romance não tivesse sido instantâneo e irreal. Eu queria que o clímax não tivesse sido tratado com ares de despropósito e insignificância, parecendo mais uma cena do filme Meninas Malvadas. Eu queria que a única coisa marcante no livro inteiro não fosse o fato de que uma garota trans é a personagem principal.

Desculpem, de verdade, mas é o que eu acho. Não vi nada de inovador ou autêntico na narrativa, que é pobremente desenvolvida, aliás, além desse elemento único. Se tirarmos da história o que faz de Amanda quem ela é, e os flashbacks francamente tocantes, o que sobra é mais do mesmo: um YA clichezão e irrelevante.

Não obstante, concluo afirmando que Apenas uma Garota é um livro que deve ser lido. Foi o meu primeiro sobre a temática e aposto a minha estante que também será o de muita gente. Como dito em uma resenha no Goodreads, a questão abordada ocupa um lugar de tremenda importância no momento atual e esse livro provavelmente cimentará o caminho para muitos outros com personagens trans. Melhores, espero.

site: http://instagram.com/_bookhunter
Gisa 12/09/2017minha estante
Perfeita a resenha. É exatamente o que eu acho. Tirando o fato da importância dele, ele acaba sendo Apenas um livro, com o perdão do trocadilho.


T.Alves 10/04/2020minha estante
Gostei de seu comentário, sua resenha me fez ter uma nova perspectiva, ainda gosto do livro,mas seus pontos são relevantes. Embora eu seja cis, leio muito sobre o tema. Até mesmo pra não ter uma postura preconceituosa como vc cita no começo. Não predicamos ser pra tentar entender e respeitar.


Yasmin.Cade 19/04/2021minha estante
Você traduziu perfeitamente toda a minha experiência lendo este livro




drago 22/09/2021

Apenas uma Garota
gatilhos no livro: transfobia, misgendering, homofobia, suicidio, consumo de drogas e álcool, violência, assédio e abuso sexual.

A ideia é boa, mas o desenvolvimento….

Essa provavelmente foi uma das leituras desse ano que mais me decepcionou até agora. O livro tem uma proposta muito interessante e quer passar uma mensagem que eu acho super necessária, sobre a vivência de Amanda como mulher trans, sobre as coisas que ela passou e sobre como ela quer ser apenas uma garota, apenas isso, não quer ser vista diferente, ela não quer que o fato de ela ser trans mude a forma como ela é vista e como as relações dela se desenvolvem. Por mais que eu não tenha gostado do livro, reconheço que é uma leitura importante e necessária para muitos leitores, especialmente aqueles que não tem conhecimento sobre as pautas trans e buscam alguma narrativa que mostre isso de forma simples. mas como eu disse, o desenvolvimento do livro como uma história, como a narrativa de um acontecimento, é muito mal elaborado.

O livro já começa jogando diversas personagens na nossa cara. Nós mal conhecemos a personagem principal e já temos que lidar com muitas novas figuras. Com o desenvolver de todo o livro, eu não sinto que conheci nenhuma dessas personagens, elas eram muito rasas e vazias e eu simplesmente não criei empatia alguma por elas, o que é algo que eu buscava nesse livro que tem tudo pra falar de sentimentos. Mesmo os personagens que eu me interessei e pensei "gostei de você”, de alguma forma tomaram atitudes que, na minha concepção das personagens até o momento, não eram cabíveis ou lógicas, e isso não se deu só com as personagens, mas com relações entre elas também. Muitas brigas e desentendimentos que não fizeram sentido dentro da forma com que as relações estavam sendo mostradas até o momento. Muitas personagens rasas e vazias, personagens que apareceram simplesmente do meio do nada sem antes terem sido mencionadas e um desenvolvimento ruim da personalidade delas.

Seguindo para a parte do romance. O que foi isso??? O interesse amoroso de Amanda foi introduzido na história e começou a se relacionar com ela na mesma rapidez. Eu nem sequer conseguia diferenciar as personagens ainda ou criar um traço de personalidade para elas e eles dois já estavam se beijando. Senti que a autora quis trabalhar esse romance o máximo e quis introduzir ele desde cedo na narrativa, mas eu não consegui nem ao menos torcer pelo casal ou ficar feliz por eles, não sei. O início desse relacionamento começou de uma forma que não me despertou sentimento algum e inclusive me travou um pouco. Contudo, depois disso o relacionamento é sim melhor explorado, mas com esse início eu só conseguia achar tudo aquilo muito forçado.

Sem contar com esses aspectos, os acontecimentos do livro foram muito banais e os sentimentos da Amanda quanto a eles não foram tão explorados como eu esperava. Eu queria mais sentimento, queria mais reflexão, queria saber melhor o que estava se passando pela cabeça da Amanda, queria que as sensações no corpo dela fossem melhor descritas, se ela estava tremendo, com um nó na garganta, o estômago revirando. Eu senti que faltou isso.

Último fato que eu quero mencionar são os assuntos sérios tratados no livro como o suicídio, violência etc. Eu sinto que essas coisas foram jogadas em excesso e pouco exploradas ou comentadas, principalmente nas partes do livro que se passam no presente. Acho que no fim das contas, o que passa mais a mensagem da vivência trans pro leitor são os flashbacks da Amanda, pois eles mostram sobre como a transfobia e violência que ela sofria na escola e dentro de casa afetaram o psicológico dela, sobre como ela foi se descobrindo, a aceitação própria, a aceitação dos pais, os procedimentos cirúrgicos e medicinais que ela passou etc. O contraste entre o passado e o presente dela são muito diferentes e eu senti que não tinha muito uma conexão entre eles, pareciam histórias diferentes. Não sei, não me agradou muito essas intercalações.

Enfim, falando de forma mais informal agora, taquei o pau no livro, né? mas eu não acho que as pessoas devam deixar de ler. Não todas pelo menos. Se você nunca experienciou uma leitura sobre a pauta trans, acho que esse é um ótimo livro para você entender mais sobre e começar a consumir narrativas com esse aspecto envolvido, porém se você é como eu e tem conhecimento desse assunto ou faz parte da comunidade trans e sente na própria pele essa vivência, é uma leitura que eu diria não adicionar nada e não ser envolvente o suficiente. Claro que é importante apoiar escritoras trans, inclusive eu não me arrependo de ter feito essa leitura, mas tem livros com esse assunto melhor desenvolvidos. Em resumo, a pauta do livro é boa e importante, mas o desenrolar da narrativa não me agradou. Entretanto, acho que é sim uma leitura que deve ser feita, especialmente por pessoas cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi dado ao nascer). Claro que tudo isso é minha visão do livro e que muitas pessoas podem gostar da leitura, talvez só não tenha sido pra mim.

comentários(0)comente



Natália | @tracandolivros 20/12/2020

Apenas Uma Garota
SOMOS TODAS MULHERES!!
.⁠
Depois de um incidente, Amanda Hardy muda de cidade e vai morar com o pai. Esse recomeço é muito importante para ela, pois ela vai ter, finalmente, a chance de ser uma garota de verdade.⁠

Amanda é uma garota trans, e na cidade onde ela morava, todo mundo a conhecia desde pequena, então todos lembravam de como ela era antes. E agora, na escola nova, ela não vai precisar ter esse medo. O problema? Ela se vê cada vez mais apaixonada por um garoto e impelida a contar a ele sobre seu passado.⁠
.⁠
Esse é o primeiro livro de Meredith Russo, uma autora trans, que escreve sobre uma protagonista como ela. Ela toma algumas liberdades criativas, e descreve sua personagem com uma aparência "não duvidosa", para facilitar aos olhos de leitores cisgênero.⁠

É um livro extremamente fluído, rápido de ler, e didático. Ele tem problemas de profundidade dos personagens, que alguns são mais rasos, mas nada que invalide a leitura, nem impeça o leitor de se aproximar deles. Muito pelo contrário, essa é uma leitura fortemente indicada, principalmente para quem nunca leu nada com personagens trans.⁠
.⁠
⚠️Alerta de GATILHO: bullying, agressão física, estupro, suicídio. (Nada muito pesado, mas ainda assim, existentes no livro)⁠

site: https://www.instagram.com/p/CIY_jVIjfYZ/
comentários(0)comente



Gabrielle.Conto 04/11/2022

Simplesmente incrível, um livro extremamente necessário e humano, com personagens muito bem feitos e incrivelmente fáceis de se identificar e, claro, muita representatividade. Meredith Russo consegue criar um enredo simples que é muito bem equilibrado entre momentos de tensão, tristes e momentos leves que aquecem o coração.
Apesar de ser uma história com muitos estereótipos, a Amanda vive muitos momentos que fazem parte do cotidiano de pessoas trans, pensamentos extremamente reais que me emocionaram muito. Recomendo demais, principalmente pra pessoas cis que querem entender melhor a mente de pessoas trans e pessoas trans que buscam se entender como pessoa ou procuram algo que a conforte e mostre que não estamos sozinhes
comentários(0)comente



evy 30/07/2021

Transexual
Este é o primeiro livro que leio que o personagem principal é uma pessoa Trans. Estou apaixonada.
Consegui entender coisas que não entendia. E pude sentir 0,0001% da dor que muitas pessoas sofrem.
A leitura é boa e fluída. Dá pra ler uma sentada. Chorei em alguns pontos por coisas que me tocaram absurdamente!
Bee, espero que se encontre. Chloe, você é espetacular! Anna, espero que seja livre da religiosidade! Layla você é amável.
Amanda, obrigada pela coragem, você é forte.
Melhor trecho: "Concluí que as pessoas que diziam que Deus não me amava, que diziam que não havia lugar na Terra para mim, estavam erradas. Deus queria que eu vivesse, e esse era o único jeito que eu sabia sobreviver, então era essa a vontade Dele. Era essa a minha vontade. Eu escolhera viver e, ao que parecia, enfim estava fazendo isso.".
(Contém gatilhos)
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



De Olivato - @olivatobooks 25/01/2021

Apenas Uma Garota
Este livro nos conta a história da Amanda Hart que é uma adolescente trans que está indo morar com o pai em uma cidade nova após resolver deixar a cidade que morava com a mãe pelo preconceito e agressões que sofria lá.

Ninguém conhece a Amanda nessa cidade e ela é apenas a garota nova que desperta a curiosidade de todos. Logo, ela acaba fazendo amizades e apesar de sentir falta dos amigos da outra cidade, ela sente que finalmente pode viver sendo ela mesma.

Apesar de estar relutante em se envolver com alguém, Amanda acaba gostando de um garoto chamado Grant e os dois começam há passar mais tempo juntos como um casal, trazendo novas experiências para a vida da nossa protagonista, o que faz com que seu pai fique preocupado que ela sofra novamente.

É um livro maravilhoso que conta com algumas experiências que foram inspiradas na vida da autora que também é uma mulher trans, a leitura é bem fluída e você não percebe o quanto vai avançando por ser uma história que prende a atenção. Acho que muitas coisas no livro acabaram acontecendo muito rápido, mas gostei muito da forma como foi intercalando passado e presente para nos contar da vida da Amanda.

O livro foi lançado em 2016, então tem algumas coisas que já foram desconstruídas, tipo, o estereótipo de que todo o homofóbico tem potencial de ser LGBTQ+ em negação, acho que essa ideia só joga mais peso nas nossas costas e são só pessoas babacas mesmo que não estão felizes com a própria vida.

Eu chorei lendo e me emocionei também com a nota da autora sobre a história. É uma leitura que eu recomendo para todos.

Fizemos essa leitura no #Queerverso.

No Skoob, eu dei 4 estrelas e favoritei.

site: https://www.instagram.com/p/CHJJx2vjnbF/
comentários(0)comente



Rafael 12/07/2020

Seu passado não impede que você tenha um futuro.
Desde que a Intrínseca anunciou o lançamento de Apenas Uma Garota, fiquei curioso pela leitura. E, felizmente, foi ótima!

Adorei Amanda. É possível sentir seu medo diante os traumas do passado e as situações que ela passou durante a história me soaram bem críveis. Parte disso, claro, é pelo fato da autora, Meredith Russo, também ser uma mulher trans na vida real; então ela possui domínio sobre o assunto. Os demais personagens também foram muito interessantes, em especial os pais de Amanda, principalmente o pai. É perceptível sua tentativa em mudar e aceitar a filha e a relação dos dois é muito bem trabalhada.

Em história, o livro possui uma bem simples, mas que coube perfeitamente para o assunto. A prova é disso é que ficamos durante toda a leitura apreensivos pelo que virá pela frente e como (e se) Grant descobrirá a verdade sobre Amanda. O romance dos dois também me agradou e entendi perfeitamente os dois lados, assim como a conclusão da trama, que bem realista.

Apenas Uma Garota é um bonito e necessário livro sobre pessoas trans; por isso, recomendo muito a leitura — principalmente por não ser um que vejo sendo muito comentado. Meredith Russo tem uma escrita simples e rápida, que nos prende desde o início, e sua carta para os leitores no final não poderia ter sido melhor.

Gatilhos: homofobia, transfobia (óbvio) e tentativa de suicídio.

IG: @crushforbooks
comentários(0)comente



Kihazy 13/08/2021

gatilho
esse foi meu primeiro livro com a temática lgbt voltada pra transexualidade (me perdoem se não for esse o termo correto), confesso que fiquei com medo de ler, mas não me arrependo, Amanda é uma garota forte e que passou por maus bocados mas soube se firmar e seguir em frente, fiquei orgulhosa dela

recomendo!
comentários(0)comente



mila 29/11/2021

não consegui me apegar a nenhum personagem específico e achei a história muito arrastada, parecia que eu tava lendo um diário
comentários(0)comente



@livrosmundofantastico 17/03/2020

Sensível e Emocionante
“Comecei a ter a sensação de que estava criando raízes, como se a vida estivesse passando lá fora e eu fosse ficar para sempre presa em casa, sem ter aonde ir nem com quem conversar”

Amanda é uma jovem que está passando por um problema muito difícil na vida, por isso, sua mãe decide que é melhor ela passar um tempo na casa do pai que mora em Lambertville uma cidade pequena. Lá ela se matricula em uma escola e acaba ganhando quatro amigas e se encanta por um certo jogador de beisebol.

Mas Amanda guarda um segredo que sempre lhe machuca e atormenta, com o tempo ela acaba se aproximando de Grant e percebe que está se apaixonando por ele, mas acredita que seu passado pode estragar tudo.

“Quanto da vida seria isso, aventuras esperando para serem experimentadas por mim”

Amanda é trans quando ainda era criança ela já sabia que era diferente e não aceitava ser um garoto, aos 14 anos começa a tomar hormônios femininos e passa por uma cirurgia. Mesmo depois de seu sonho realizado esse segredo fica lhe incomodando.

Essa história tirou todas as dúvidas que eu tinha às vezes julgamos sem saber o que se passa no íntimo de cada um, através da Amanda pude sentir o que é viver em um corpo que não é seu. A autora soube escrever uma história tão delicada de forma harmoniosa.
comentários(0)comente



ana let 10/09/2020

O problema de se criarem expectativas
Honestamente? Pensei que iria gostar MUITO mais. Ele não é ruim, pelo contrário. Mas é uma resenha muito dificil de ser feita, considerando tudo o que esse livro é e representa socialmente, então dói em mim ele não ter sido tudo o que eu estava esperando não só no quesito da aprendizagem, mas também no entretenimento. A questão dele são os personagens, que não são cativantes. Temos uma empatia já pré-estabelecida pela Amanda desde a sinopse, não só por ela ser a personagem principal,mas pela sua condição. E a gente sabe que não só o Brasil, mas o MUNDO é cruel com pessoas trans. Então mesmo que a história seja um romance YA contemporâneo daqueles bem clichês, onde a garota nova se muda, tem o popular e eles se apaixonam, a gente já começa o livro meio tenso por medo do que a protagonista vai passar.

Só que a tensão é quebrada pela falta de profundidade de TODOS (salvo a própria Amanda, o Grant e a Layla que dá uma melhorada nos ultimos 80% do livro) os personagens. Parece que todos eles só possuem UM traço de personalidade. A Anna é conservadora. O Parker é babaca. A Chloe tá no armário. A Bee tem síndrome do "não sou igual as outras garotas da minha idade.". E...? Como esse foi o primeiro livro da autora, é algo perdoável. Mas os momentos de tensão entre os personagens acabam não sendo realmente angustiantes, já que você já espera (e sabe) as ações de cada um quando a narrativa exige que eles sejam ativos no contexto do momento. Tirando isso, a história é um romance gostosinho, mesmo que clichê. Então, se você já tá de saco cheio dessa formula do wattpad, provavelmente não vai conseguir se segurar na história.

Agora sobre a representatividade trans: eu não sei se ela é boa e, na minha condição de cis, eu JAMAIS vou saber responder a essa pergunta. A minha função é sempre tentar aprender e me desconstruir. E foi por isso que decidi ler esse livro, já que ele me passou confiança por ter sido escrito por uma mulher trans. Então, quando eu li as notas e a autora disse que esteriotipou a Amanda para se adequar aos leitores cis, eu confesso que murchei.Eu entendo a escolha dela. Mas eu acho que é justamente por isso que esse livro poderia ter sido mais. Ela tinha a faca e o queijo na mão para fazer uma história INCRIVEL, um tapa na cara (o livro em si no resultado final já é um, mas poderia ter sido aquele tapa que deixa a marca da mão na bochecha). Mas preferiu seguir o caminho mais "fácil", para se adequar a um padrão. E no final, eu não sei o que eu posso levar de ensinamento na minha vida, já que como o livro se prende a um esteriotipo, eu continuo com receio de ser ofensiva em algum momento. E isso me deu menos confiança sobre a representatividade e as questões dele.

Por fim, eu sei que essa resenha ficou grande. Mas eu recomendo o livro,pois como disse no inicio, eu acho importante darmos voz a essas pessoas e consumirmos esse conteúdo em busca de desconstrução. Ele é um romance ok(um pouco incoerente algumas vezes, mas que romance ficcional não é?), as questões que ele trás são importantes, mas eu espero ter uma outra oportunidade de ler um livro na temática que seja mais real e menos preso a uma ideia pre-estabelecida de quem essas pessoas são por uma sociedade ainda machista e homofobica.
comentários(0)comente



BookCall 30/04/2020

Falamos muito por aqui sobre a importância da leitura como exercício de empatia. Se colocar no lugar do outro é difícil, mas é uma ação primordial para tornar o mundo melhor para todos.


Dito isso, vamos a apresentação do livro:
A͟p͟e͟n͟a͟s͟ ͟u͟m͟a͟ ͟g͟a͟r͟o͟t͟a͟ conta a história de Amanda, uma garota trans que vai morar com seu pai após sofrer muito com bullying e preconceitos na cidade onde morava com sua mãe.

É um livro com temática adolescente, bem escrito e que é, ao mesmo tempo, carregado de clichês e foge dos padrões.
A narrativa é gostosa e como um bom YA, a leitura flui de uma forma que a gente mal percebe.
Talvez só não tenha sido um cinco estrelas porque a minha mente cis-hétero não conseguiu alcançar algumas complexidades da personagem.

A autora faz uma nota em duas partes, para leitores cis e trans. É uma nota essencial para compreender a ideia dela ao construir a história da Amanda.
Esse é um livro carregado de representatividade porque além da autora e a personagem principal, a modelo da capa também é trans.
comentários(0)comente



Eduardo 19/11/2022

Necessário, mas esteriotipado.
Começo essa resenha com uma frase para você, leitor que está em dúvidas se dá uma chance ao livro: A resposta é sim. O livro vale a pena sim ser lido. Conta a nós uma história muito clichê e que em qualquer protagonista padrão seria fácil, mas que se torna cheia de complicações pelo fato da Amanda ser trans.
É uma história necessária tanto para as pessoas trans, quanto para as cis. Pode deixar o coração quentinho de quem é como a Amanda, além de demonstrar representatividade; já para quem não é como ela, pode ajudar a entender como é a vida de pessoas assim e estimular a empatia.
O livro trata de muitos gatilhos e se você for muito frágil a isso, talvez valha a pena tomar cuidado durante a leitura.
Há uma interseção entre alguns capítulos com flashbacks que contam com uma página de papel mais escuro. Nelas, vemos a Amanda antes da transição e como foi alguns traumas de sua vida até realmente conseguir viver como quem realmente é. Apesar dos gatilhos, conta com momentos agradáveis e que confortam o peito.

Apesar de tudo isso, não poderia deixar de ressaltar: É esteriotipado e irreal. Amanda é aquela garota trans que se descobriu desde cedo, que conseguiu hormônios rapidamente, que conseguiu ter passabilidade; etc.
A autora ressalta no final do livro que era mesmo a intenção deixar a vida da Amanda desse jeito para que fosse uma "introdução" ou algo assim, para as pessoas cisgeneros no mundo das trans. No entanto, não gostei tanto de alguns elementos.
Amanda se muda após sofrer algo grave e magicamente seu pai, que a ignorou durante anos, decide aceita-la (há problemas no relacionamento deles, mas para ter sido tão ruim, achei a mudança repentina demais). Na primeira semana de vida nova, já consegue um namorado, já consegue amigas que as levam para festas, álcool, drogas, enfim. Coisas que pessoas como ela normalmente não passam. Foi algo mágico demais.

No mais, recomendo o livro e os defeitos citados não anulam a qualidade da escrita de Meredith Russo.
comentários(0)comente



Queria Estar Lendo 07/01/2019

Resenha: Apenas uma Garota
Apenas uma Garota é o primeiro livro de Meredith Russo, publicado no Brasil em 2017. O livro traz a história de Amanda Hardy, uma adolescente trans que muda-se para a casa do pai em busca de recomeçar a sua vida ao viver sua verdade.

Quando Amanda Hardy chega em Lambertville, onde seu pai vive, tudo que ela quer é um recomeço onde possa viver sua verdadeira identidade, onde possa finalmente viver sua vida como a mulher que sempre soube que era.

Como uma mulher trans, Amanda teve que enfrentar o preconceito, as dúvidas e a depressão até que finalmente encontrasse seu caminho, contando sempre com o apoio da mãe. Mas, quando o preconceito ameaça sua vida, ela acaba tomando uma importante decisão: recomeçar ao lado do pai, que não vê há anos, desde o divórcio.

Em Lambertville, tudo que as pessoas veem é uma bonita adolescente, e Amanda sente que finalmente tem a oportunidade de ser quem é e viver a vida que sempre sonhou. Aos poucos ela perde o medo de que todos saibam sua verdade só de olhá-la, encontra um grupo de amigas e até mesmo um namorado. E tudo que ela quer é poder viver assim.

"Desde que me entendo por gente venho me desculpando por existir, por tentar ser quem eu sou, por viver a vida que eu estava destinada a ter."

Apenas Uma Garota é um livro curto e fácil de ler, a narrativa da Meredith Russo é tranquila, flui fácil, focada no necessário. Além do mais, ele é um romance comum que calha de ter uma protagonista trans, o que é muito bacana. O livro tem o foco na identidade de gênero de Amanda e em seus primeiros anos vivendo de acordo com o que sempre sentiu, e ao mesmo tempo entrega um romance clichê e gostozinho - mesmo que no final a gente fique com uma certa raivinha dele.

Russo escreveu o livro de forma a mostrar que todos têm segredos com os quais convivem, que nada é preto no branco e todo mundo é complicado da sua própria maneira, e eu achei uma forma muito legal de tratar toda a história. Especialmente porque os personagens, embora nenhum tão aprofundado quanto Amanda, são cativantes e carismáticos justamente por isso.

A garota lésbica que esconde sua orientação pois vive em uma minúscula cidade sulista e preconceituosa, a garota com os pais super religiosos e machistas que busca uma saída, o garoto que precisa cuidar de toda a família. Lutas diárias com as quais qualquer um pode se identificar e que só reforçam a ideia de que não podemos julgar ninguém por suas complicações e realidades.

Eu li Apenas Uma Garota com uma certa angustia, no entanto, porque começamos sabendo que Amanda deixou sua cidade após um incidente no banheiro, então eu fiquei esperando que alguma coisa fosse dar muito errado em Lambertville logo cedo, mas no fim fiquei feliz com a forma como a história se desenrolou. Uma história muito mais leve e fácil do que eu tinha imaginado a princípio.

Gostei bastante, também, dela ter incluído a reação dos pais de Amanda e a forma como eles lidam e fazem as pazes consigo mesmos a respeito da identidade de gênero dela e das próprias expectativas que criaram para ela, como pais sempre fazem. Não foi sempre fácil, mas demonstrou compreensão e o significado de amor incondicional.

"Você sabe que as paredes estão aí por um motivo, né? Elas impedem as coisas de desmoronarem."

Meu único porém com a história é que, de fato, Amanda cai em um tremendo estereótipo feminino onde há uma rejeição muito forte a qualquer coisa "de menino". Eu entendi que as escolhas estereotipadas que Meredith Russo fez foram propositais, em busca de introduzir leigos no assunto da transexualidade, uma forma de focar no principal e essencial, para escrever uma história fácil e rápida. Mas foi algo que realmente me deixou meio "meh" a respeito da protagonista e, por isso, não consegui dar a nota máxima - mesmo que a autora tenha explicado tudo isso ao fim do livro.

Por fim, Apenas Uma Garota é um livro cativante, simples, que conquista rápido e explica o mundo das pessoas trans, que são tão marginalizadas na nossa sociedade, de uma forma muito fácil, com muita empatia e compreensão. É realmente um livro para todos.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2019/01/resenha-apenas-uma-garota.html
comentários(0)comente



110 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR