Inexistência

Inexistência Luciano Otaciano




Resenhas - Inexistência


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Léo 20/04/2017

Leitura agradável e fluente;
A forte essência reflexiva que Luciano Otaciano retira de si próprio e joga em seus escritos é altamente contagiante e deixa o leitor sempre a um passo de sumir de seu mundo real e adentrar em seu universo único, cercado de dúvidas, vazio e silêncio. Em ''INEXISTÊNCIA'', o estilo literário observado chega muito perto ao da segunda geração do romantismo europeu, composto por uma cerne onde o desconhecido lado após a morte e o depressivo modo de expressão tomam conta da narrativa, que não chega a ser transcrita em forma poética, mas reúne uma beleza original, muito característica do próprio autor.

O narrador/protagonista, revela suas incertezas em relação a assuntos comuns do núcleo individual do ser humano - como o amor -, e se coloca em uma posição desalegre e meditativa onde seus influxos são consequências de estados de perdas e solidão: "o amor machuca, e machuca tanto que podemos literalmente morrer por nossa incapacidade de amar ou simplesmente por nossa ganância em amar demasiadamente". A morte aqui mencionada, em um primeiro momento, está mais ligada ao âmago social e afetivo referente ao estado de paixão e descrença do protagonista. Por si só, aquele que narra se conceitua de forma ambígua ao declarar-se (de maneira indireta) como um armígero, entretanto, agarra-se ao contrassenso quando relata: ''Aliás, até quando estarei vivo?'', tendo a certeza da morte mas estimulando a desistência pela vida. Essa concepção realista cujo o narrador transmite os desejos, as desventuras e o amor (pela) e decepção (com) a vida, constrói com perfeição a imagem do homem moderno, e deixa a leitura muito bem compreensiva e agradável. O autor utilizou de suas emoções para compor e isso é sempre muito agradável.

Essa confusão do narrador deixa claro a própria dubiedade em si mesmo, em sua capacidade de se tornar melhor, de evoluir ante a uma família baseada em recursos patrimoniais e uma sociedade atingida pela mediocridade do individualismo, pontos que o autor sabe explorar muito bem: "Procurei nos livros essa fuga com dependência de conhecer sobre o que se passa em todos os âmbitos da vida". A solidão preenche o narrador e atravessa o limite entre o real e a ficção, tornando bem atraente e palpável a questão do isolamento social anexada ao conto, que traz muita objetividade.

A psicologia pode também ser notada como parte fundamental na apresentação do narrador pirrônico. Em certos instantes, ele, tão descrente, reconhece em seu estado mental (ou espiritual), que a INEXISTÊNCIA pode ser tão tangível quanto a realidade e que a dúvida por sua existência pós-fim é apenas o início de outros belos e cabíveis questionamentos. Pra ser sincero, aquele que já conhece o autor e entende a sua essência reflexiva sentindo-a com mais afluência, concordará que o conto é um segmento da ideologia apresentada no seu livro Histórias Loucas de um Mundo Tresloucado, (2016). Um conto que traz muito do próprio autor e da própria atualidade. Parabéns pela composição.

''A sensação que senti era totalmente estranha e inexplicável. Eu não sentia dor, tampouco não sentia meu corpo queimar. Eu simplesmente não sentia absolutamente nada''.
Luciano Otaciano 22/05/2017minha estante
Esse conto para mim é muito importante! Pois dentre os contos que eu já escrevi esse é o meu preferido. Inexistência para mim é um marco em minha jornada literária. A sua análise como de costume está perfeita. Fico imensamente feliz em saber que, o conto tenha te agradado de forma positiva. Abraço!




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