Nath 30/01/2024Resenha Pobre LeitoraO Ódio Que Você Semeia é um livro incrível! É jovem, atual, aborda assuntos importantíssimos e pra completar, é ótimo de se ler.
O livro conta a história de Starr, uma adolescente negra que vê seu melhor amigo Khalil, também negro, morrer na sua frente, graças a um policial despreparado e preconceituoso. Após esse incidente brutal, Starr precisa continuar tentando viver sua vida e fazer com que o caso de Khalil tenha alguma justiça.
A história nos traz a visão de uma adolescente negra sobre o racismo, como ele está embrenhado na sociedade e até mesmo dentro dos policiais, que deviam ser pessoas que protegem a todos. Mostra a realidade de uma comunidade com pobreza, gangues e drogas, mostra a violência policial que mata apenas pela cor, mostra jovens tentando fazer o seu melhor para sobreviver.
Starr é uma personagem cheia de conflitos, como é de se esperar de uma adolescente, só que sua vida vai muito além dos clichês juvenis: ela já viu dois dos seus melhores amigos morrerem na sua frente, foi testemunha da brutalidade policial, tem que estudar no meio de adolescentes brancos e tentar buscar seu espaço sem ser vista apenas pela sua raça. Starr passa por poucas e boas, tem decisões duvidosas tomada pelo medo e as vezes pela vergonha de onde veio, mas busca fazer o possível para melhorar, continuar fazendo as coisas certas e usar sua voz como um arma.
No decorrer do livro, Starr, sua família e muitos outros buscam justiça pelo assassinato de Khalil e de tantos outros que se foram - e ainda irão - da mesma forma. Essa história em si é fictícia, mas é a mesma narrativa que vemos sempre nos jornais, os mesmos atos de preconceito que presenciamos em nossa sociedade, as mesmas injúrias disfarçadas de piada. Essa história aborda o racismo estrutual, a falta de oportunidades para os jovens periféricos, que como é citado no próprio livro, é mais fácil para eles arranjarem drogas na rua do que uma oportunidade de estudo ou emprego. Esse livro é um tapa na cara da sociedade, extremamente necessário.
Não tenho local de fala, não posso dizer que senti na pele essa história, mas posso afirmar que me emocionei em diversas passagens, fiquei com raiva pela injustiça do mundo, quis gritar e me rebelar junto com os personagens, quis pegar cada um daqueles adolescentes no colo e falar que ia ficar tudo bem. Foi uma leitura edificante, prazerosa apesar do tema forte, e que entra para minha lista de recomendações, principalmente para os jovens.