Em Nome dos Pais

Em Nome dos Pais Matheus Leitão




Resenhas - Em nome dos pais


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Daniel Dornelas 30/06/2020

EU NUNCA LI NADA IGUAL
"Em nome dos pais" é um livro muito forte.

Narrado em primeira pessoa pelo Matheus Leitão, a obra representa a sua busca pela história dos pais, Miriam Leitão e Marcelo Amorim, que foram presos durante a ditadura militar.

A busca de Matheus inclui entrevistas muito tensas e relatos das torturas sofridas pelos pais e por outros colegas que também foram presos políticos.

Eu aprendi muito com esse livro e indico para todos os brasileiros, afinal, é necessário conhecer a História para não repetir os erros do passado.

A resenha completa está disponível no canal.

youtube.com/DANIELDORNELAS
Carla.Zuqueti 30/06/2020minha estante
Eu amei o livro. Em pensar que temos negacionistas que ainda afirmam que a ditadura brasileira foi branda. Livro muito triste.


Daniel Dornelas 01/07/2020minha estante
Exatamente! O mais triste é que as pessoas tentam negar a história.




Francielly 22/06/2017

A busca pela história dos pais.
A busca de um filho pela história dos pais, que também é uma parte da história do Brasil. Entrevistas emocionantes com militantes, militares e familiares, onde Matheus Leitão, procura mostrar os dois lados da história ouvindo a todos que puderem dizer uma palavra sobre essa terrível época que foi a ditadura, e podendo de alguma forma, perdoar os torturadores e delatores de seus pais e de muitos outros.
Um livro que deveria ser leitura obrigatória, para não esquecermos o passado e, não cometermos os mesmos erros.
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KV 07/08/2017

Investigação Jornalística Com emoção de Sobra
Lindo trabalho de investigação do filho da jornalista Miriam Leitão. O livro emociona por ser uma tentativa de "reconciliação" com o passado dos tristes tempos da ditadura militar no Brasil, buscando compreender o que levou pessoas a delatar seus companheiros para os militares, o que a ditadura causou na vida daquelas pessoas, o que significa o entendimento desse período para quem ainda está aqui e para as futuras gerações. Chorei várias vezes.
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Tamara 10/09/2017

*Resenha postada originalmente e na íntegra em: http://www.rillismo.com/2017/09/semana-nacional-resenha-em-nome-dos.html

Sabem aqueles livros que assim que nos deparamos com a sinopse, temos uma certeza interna de que ele nos tocaria de alguma forma? Foi o que aconteceu com essa obra. Assim que descobri a divulgação da editora intrínseca em torno dele, logo me interessei, e por dois motivos principais. O primeiro porque eu amo livros que abordam reportagens jornalísticas. Gosto do modo como eles são escritos, do que eles nos ensinam e também me interesso profundamente pelo tema ditadura militar, o que prometia na sinopse. O segundo motivo é um pouco mais pessoal, pois eu já li um livro de ficção escrito pela mãe de Matheus, a jornalista Miriam leitão, a protagonista de que se fala nessa reportagem, e como sou apaixonada pelo livro que Miriam lançou, envolvendo a ditadura, chamado tempos extremos (Aliás, Matheus, se estiver lendo isso algum dia, pede para a sua mãe escrever mais ficções, pois ela é maravilhosa), eu imaginei que o filho teria muita coisa interessante a nos apresentar também, e eu estava totalmente correta.

Aqui, Matheus nos relata sua adolescência, dos trechos de conversas meio interrompidos nos quais ouvia seus pais falando do período da ditadura, e de seu desejo de entender um pouco mais sobre tudo o que eles passaram. Nesse ponto, me identifiquei muito com o autor, pois sou da área do direito, mas sou uma apaixonada por história, e também quero sempre entender melhor o passado das pessoas e o que levou-as até ali. E foi essa curiosidade que fez com que o autor a princípio aos poucos, e depois de uma maneira intensa,  fosse em busca de materiais sobre o período de 1972, quando seus pais foram presos pela primeira vez. Como é jornalista, Matheus se envolveu em reportagens sobre a temática, e também conseguiu ter acesso aos processos que envolviam seus pais. Esse início  somente deixou-o ainda mais intrigado, e envolvendo-se em uma busca que durou mais de dez anos, Matheus reconstituiu aquele período, através de entrevistas, documentos, e tudo a que teve acesso, para fazer uma reportagem completa, dando voz às vítimas e algozes, torturados e torturadores.

Essa obra é cheia de pontos positivos, mas o maior deles, para mim, é o modo como o autor nos insere em sua busca, pois ele não se limita a nos narrar o que descobriu, e sim nos leva até essa busca. Para exemplificar melhor, quando Matheus contava-nos a sua conversa com um dos entrevistados, ele não simplesmente dizia como foi tal conversa, e sim nos dizia como procurou essa pessoa, das burocracias pelas quais passou, da recusa ou aceitação da pessoa em atendê-lo, e por aí vai, e nos conta até de como eram suas viagens até os locais, envolvendo até mesmo músicas que ele ouvia nos momentos, o que achei fascinante e só serviu para nos colocar mais dentro dessa busca juntamente com ele. Ainda, gostei muito do fato de que além de dar as informações sobre a ditadura, o autor faz algumas reflexões sobre deus, coisas destinadas a acontecer, dentre outras crenças, visto que ele acredita que muitas de suas descobertas foram guiadas por essa força maior, e confesso que tudo isso me deixou com um nó na garganta em vários momentos da escrita. Além disso, somos inseridos no ano de 1972, a partir dos relatos, e do modo que ele constrói, conseguimos até mesmo ouvir a jovem míriam conversando, sofrendo e lutando em busca de seus objetivos, em busca de conseguir tirar seu marido da prisão e em busca de esquecer e depois de relembrar toda essa história.

Eu não encontro pontos negativos a serem destacados, mas sei que para os leitores que não gostam de histórias reais, de reportagens e de  ditadura militar, esse pode ser um livro desinteressante, visto que não é algo tão bonito quanto a perfeição da ficção e há somente pessoas que convivem com suas histórias, e lutam contra as lembranças cada um à sua maneira.

É difícil se falar em personagens aqui, uma vez que se trata de pessoas de carne e osso. Mas posso dizer que aqui vemos as diferentes facetas do ser humano, passando por aqueles que preferem lembrar, e aqueles que preferem esquecer, aqueles que querem fingir que nada aconteceu, bem como aqueles que se arrependem das formas como contribuíram nesse período. Com certeza dentre tudo o que foi narrado, o que mais teve o poder de me tocar foi a história da gravidez de Miriam, e todas as probabilidades negativas que apontavam para esse bebê desde os primeiros dias dele, mas probabilidades que se modificaram e permitiram que Vladimir nascesse perfeitamente saudável.

O livro é dividido em 61 capítulos de um tamanho razoável, e a narração é feita em primeira pessoa, por mateus, que sempre nos informa de seus sentimentos, impressões e revoltas, sem perder também o tom jornalístico, além disso, realizei a leitura em ebook e não encontrei erros.

Acredito que essa deveria ser uma história lida por todos, entre jovens e pessoas mais velhas. Deveria ser leitura obrigatória nas escolas, nas universidades e em todos os lugares, pois mais importante do que conhecermos também nosso presente e nosso futuro, é importante conhecer o nosso passado, que está ali, há apenas trinta anos de distância de nós; é importante conhecermos de quem somos filhos, do que somos feitos, conhecermos sobre quem lutou por nós, e acima  de tudo, é importante conhecermos a história, na tentativa de que os mesmos erros jamais sejam repetidos e que nossa nação sempre obedeça a seus princípios maiores, respeitando a dignidade da pessoa humana, a cidadania e a liberdade.

site: http://www.rillismo.com/2017/09/semana-nacional-resenha-em-nome-dos.html
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Eliana230 15/10/2017

O livro narra a jornada de pessoas reais com foco nos pais do autor que lutaram contra a ditadura e que acabaram sendo presos por isso.
Para (re) construir o enredo ele entrevistou os militantes do então PCdoB e também militares ou seus descendentes, buscando analisar a história pelos dois lados e isso foi um ponto interessante na narrativa. Enquanto os militantes foram unânimes sobre as sessões de tortura os militares não chegaram a um ponto comum. Inclusive, há quem negue que isso tenha acontecido, embora haja confissões de militares perante a Comissão da Verdade reconhecendo a prática da tortura durante a ditadura militar no Brasil.
O livro nos faz refletir sobre a atual situação do país e a pensar no que queremos para o futuro.
Considero uma leitura obrigatória, pois aborda um tema difícil de forma clara, deixando o juízo de valor ao leitor.
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Maria Faria 07/01/2018

Em busca do passado
Confesso que a foto de Miriam Leitão e o sobrenome do autor na capa chamaram minha atenção na livraria. Acompanho os comentários de Miriam no podcast Rádio CBN diariamente e fiquei interessada em conhecer sua história.
Em Nome dos Pais é um livro reportagem narrado por Matheus Leitão, filho de Miriam e seu único objetivo é resgatar a história dos pais que sofreram nas mãos da ditadura. Sua busca durou muito tempo e teve como base os papeis do processo aberto na época da ditadura e depoimentos de Miriam e Marcelo e também de amigos e familiares que vivenciaram os dramas da época.
É um livro por vezes dramático que traz muitos relatos revoltantes. Apesar de alguns brasileiros negarem, é sabido que o período da ditadura foi violento com aqueles que não simpatizavam com o regime militar. Miriam e Marcelo, antes do nascimento de Matheus, foram presos e torturados. Em 1972, Miriam foi torturada fisicamente e psicologicamente, sendo possível lermos relatos muito fortes de cenas que não aconteceriam num regime democrático, tal como um evento em que ela foi colocada nua em uma sala escura com uma cobra.
Matheus passou muito tempo tentando conseguir informações dos próprios pais que tinham dificuldade de falar sobre o período. Mais desafiante ainda foi conseguir entrevistar os algozes e colegas que entregaram os amigos de partido para a ditadura. No livro, duas passagens são marcantes: a entrevista de Foedes que confessa ter dedurado todos os colegas de partido e uma carta escrita por Miriam onde ela relata uma de suas noites de tortura.
O livro é válido para conhecermos fatos e relatos sobre o período do regime militar e para nos fazer valorizar a liberdade de expressão que temos atualmente. A escrita do autor é fluida, mas carregada de uma dramaticidade pessoal. A leitura por vezes foi cansativa, pois Matheus floreava e relatava com muitos detalhes sua busca por informações.
Preferi concluir que seu cuidado no relato dos fatos e a excessiva dramatização de seus pensamentos podem ser explicados pelo cuidado em trazer à tona informações tão doloridas para quem as vivenciou. Para o leitor, são apenas informações que confirmam os absurdos praticados por militares que governaram o país naquele período, mas para os envolvidos foram fatos sentidos de perto.
Para quem gosta da jornalista Miriam Leitão é um relato interessante para conhecer melhor sua história.
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Carla.Zuqueti 16/12/2018

Opinião
Escrito por Matheus Leitão, filho de Marcelo Netto e Miriam Leitão, ?Em nome dos pais? foi o livro mais impactante lido em 2018. Conta a história da Ditadura brasileira pela voz tanto dos presos políticos quanto do Exército, pelo menos os que quiseram falar. Não vou dar muitos detalhes, mas acredito que seja uma leitura obrigatória, afinal, apenas conhecendo o passado é possível evitar erros no presente. Recomendadíssimo!
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luisanogueire 27/02/2020

Um estilo de documentário escrito muito bem desenhado.
Fácil se envolver na leitura e entender os fatos históricos que são contados com detalhes.
Adorei as fotografias!
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Priscila 23/03/2020

Em nome dos pais
O livro é excelente... mostra a busca de um filho pelo passado dos pais. Estes que sofreram na ditadura militar e carregam marcas do período. A coragem de Matheus em desenvolver o projeto, sua postura e seus sentimentos me emocionaram, chorei várias vezes durante a leitura. Acredito que sua missão de trazer o passado para a nova geração foi cumprida, a mensagem que carrega é grandiosa.
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carolabunita 20/04/2020

Jornalismo Investigativo
Coleciono biografias. A única q tinha lido de jornalismo investigativo era A Sangue Frio. Tão hipnotizante quanto foi esta leitura. Timing perfeito de leitura considerando pandemia e desgoverno atual.
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RALPH 16/05/2020

Um livro por amor a verdade e aos Pais.
Como tema de fundo o período mais negro da história politica brasileira Matheus Leitão o autor, busca respostas sobre a estória de seus pais durante a repressão da ditadura. O livro é escrito em primeira pessoa, é a exibição dos sentimentos do autor, com relatos impactantes dos envolvidos, de um lado os agressores e do outro os agredidos seus pais. Uma historia de amor, dor e redenção em busca da verdade.
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Livrocitose 27/05/2020

Para todas as gerações
Que trabalho incrível Matheus fez! Só tenho a agradecer! Devorei o livro muito rápido. Me surpreendeu bastante, um misto de biografia, jornalismo e até mesmo um romance se estrutura quando estamos lendo. Eu que comprei em uma promoção maravilhosa em 2018, me arrependo de não ter lido antes. Acreditei que o livro retrataria os tempos de prisão de forma minuciosa, que seria como uma denuncia, mas me surpreendi e fiquei um tanto aliviada de que não seria assim. Nem tenho o que dizer, só leiam! Se em algum momento a leitura ficou cansativa (o que eu acho difícil visto que os capítulos são bem curtinhos, fazendo com que a leitura deslanche) vale a pena insistir. Obrigada, Matheus. A minha geração, dos nascidos no finalzinho do século, agradece!
@livrocitose
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Lari Guimarães - @lendocomanatureza 02/06/2020

O livro que todos deveriam ler!!
O ano era 1968, iniciava a fase mais opressora da ditadura militar, um dos períodos mais sombrios da história brasileira. Nesse contexto, um jovem casal estudava na
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e, assim como muitos outros jovens universitários, batalharam contra o governo militar. Eram eles Míriam Leitão e Marcelo Netto, a Amélia e o Mateus (codinomes).
Na obra Em nome dos pais, Matheus Leitão apresenta a batalha de seus pais e outros militantes contra a ditadura. Ele narra tais acontecimentos pela perspectiva de um filho que cresceu escutando sobre o passado trágico de seus pais e em busca de respostas que nunca foram respondidas, justiça que nunca foi efetivamente feita, Matheus detalha no seu livro a busca pelos vestígios desse período sombrio da sua história e da nossa história.
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Essa leitura foi um baita soco no estômago, como é triste ler sobre as torturas q eles e muitas outras pessoas sofreram nesse período. Um relato doloroso, mas necessário!! Nós precisamos estudar mais sobre a ditadura brasileira, precisamos entender o q realmente acontecia com pessoas inocentes q lutavam pela sua voz!! N é fácil, houve muitas situações horríveis, porém somente nos conscientizando sobre a gravidade disso podemos lutar para q td essa tragédia n se repita!!Essa leitura é extremamente importante e fundamental para todos, recomendo!!
( RESENHA COMPLETA NO INSTAGRAM @lendocomanatureza )

site: https://www.instagram.com/lendocomanatureza/?hl=pt-br
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Douglas | @estacaoimaginaria 13/08/2020

Um relato necessário sobre uma parte da nossa história
Ao som de “Cálice”, de Chico Buarque e Milton Nascimento, eu iniciava e terminava a leitura de “Em nome dos pais”, de Matheus Leitão. Assim como a música, eu só “soube” desse livro no ano passado, até que o comprei. Desde que tinha lido sobre, ainda mais pelo autor ser filho da jornalista Míriam Leitão, pensei: preciso ler esse livro. E, como a música de Buarque e Nascimento, o livro de Leitão é uma viagem à história do Brasil, mais precisamente, do regime militar.

E a obra “nada” mais é do que a busca de um filho para entender o passado da vida dos pais, Marcelo Netto e Míriam Leitão, vítimas da ditadura militar e do seu terrorismo praticado por 21 anos, a partir de 1964, quando aconteceu o golpe. O livro “Em nome dos pais” é resultado de uma série de investigações, entrevistas e outros mecanismos para chegar à verdade, começando pelo delator de dentro do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), que resultou na prisão do casal, e outros militantes, na década de 70, ponto de partida da história de Matheus, que entrelaça presente e passado.

Os relatos do autor começam com ele contando como começou a ouvir palavras como “perseguição” e “prisão”, quando ainda era pequeno, proferidas pelos pais, aos sussurros. A palavra “tortura” só veio depois… mas esse é o início, como aquilo acabou se tornando uma missão para ele, ao longo dos anos, a partir de algumas conversas com o pai, com aquilo que conseguia “pescar” antes de o pai, principalmente, dar por encerrada a rememoração do passado – ainda mais um tão marcante, mais pela violência, mas também pela resistência a um regime totalitário.

Matheus Leitão mostra a ditadura enquanto conta a história dos pais, a partir do que ouviu e investigou ao longo de anos. Isso, somente, já mostra uma profundidade enorme do livro, com uma carga emocional e ao mesmo tempo um capítulo da história do Brasil sendo contado, diferente dos livros de história, por exemplo.

Para tanto, ele reconta como foi uma das frentes da esquerda na luta contra a ditadura, nesse caso, em Vitória (ES), berço do pai Marcelo, e depois de Míriam – e mais de 40 anos depois, destino do próprio Matheus em busca da verdade. E esse é apenas um capítulo desse período perturbador, que muitos hoje pedem a volta ou o chamam de revolução – até porque esses não sentiram na pele o que foi o regime.

Em certos momentos, o autor chama seus pais pelos respectivos nomes, narrando suas ações. Para mim, isso representa uma tentativa de se afastar da história, tentar ser o mais “imparcial” possível, mas ainda assistir relatar o que seus pais viveram. Então há um diálogo interessante entre a história e o emocional, e a pessoalidade, se é que me entendem. E ainda assim foge do subjetivismo, porque há a história e os fatos.

Há partes mais densas para ler e outras mais instigantes, com diálogos. Sendo um livro de memórias e sobre um assunto tão forte como a ditadura, principalmente todos os horrores dela, é de se imaginar que será uma leitura mais “devagar”. O que não é em nenhum ponto negativo. E essa é minha leitura. Para outras pessoas pode ser diferente. Mas há algo nesse livro que se aproxima muito de uma estrutura narrativa de um romance, e isso ajuda muito na leitura.

O autor consegue equilibrar muito bem ao contar a história do pai, contar a história da mãe e contar parte da história da ditadura, revelando nomes e protagonistas daquele tempo – como o tal delatador e militares que teriam participado da tortura dos pais. Aliás, acho que esse é o ponto principal da obra. É a busca de Matheus pela verdade, iniciando por Foedes, o delator, seguindo pelo capitão Guilherme e outros militares. Há diálogos emocionantes e reveladores, em ambos casos.

Aliás, eu me emocionei muito lendo essa obra. Em diversos momentos, senti certa angústia, conhecendo os fatos ao mesmo tempo que Matheus… e o que mais me marcou é que uma das partes mais emocionantes foi, justamente, a conversa do jornalista com um militar que estava lá na época que Míriam e Marcelo foram presos – e torturados. Esse trecho foi o mais sensível, na minha visão.

Outro ponto importante é que Matheus Leitão nos mostra um pouco do seu trabalho jornalístico, e também como era ser jornalista na época dos pais, aos 20 e tantos anos, a partir dos relatos de Míriam, principalmente. O trabalho da imprensa, que sofria censuras à todo instante. E consigo me colocar no lugar deles, confesso. Me vi lá, tendo sensações parecidas, tentando lidar com tudo isso. Espero não termos que lidar com isso novamente.

Ou seja, ao passo que é uma obra que nos mostra apenas um capítulo da história, é uma aula de jornalismo investigativo, que resultou nesse livro. Há os relatos de tortura, física e psicológica, como agiam os militares na época, a volta às prisões, sem falar na “casa da morte”, cenário de crueldades inimagináveis. E há métodos jornalísticos que o levaram às suas descobertas – como o jornalista precisa agir, certos momentos, para chegar à verdade, ainda mais uma que é parte da vida dos seus pais.

Ao finalizar a leitura, me pego pensando no trecho de “Cálice”, que toca ao fundo: “Como é difícil acordar calado; Se na calada da noite eu me dano; Quero lançar um grito desumano; Que é uma maneira de ser escutado; Esse silêncio todo me atordoa; Atordoado eu permaneço atento; Na arquibancada pra a qualquer momento; Ver emergir o monstro da lagoa”. O que fica disso tudo, tomara, é a lição de que nenhum regime totalitário é saudável. E Matheus Leitão consegue deixar isso muito claro. Que seu livro seja exemplo, da busca pela verdade, mas também para nos lembrar do nosso passado sangrento.

site: https://estacaoimaginaria.com/2020/06/26/resenha-em-nome-dos-pais-matheus-leitao/
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