Gabriela 14/02/2021
A extravagante e laboriosa vida de aparências russa...
Este pequeno conto circunda-se, -através do modo típico e perspicaz jogo de palavras gogoleano-, em tecer as características do cenário russo da época e apontar críticas ao extravagante jogo de aparências aristocrático.
Já de inicio é apontado que a cidade de B. é um lugar desprovido de beleza, reles e sem graça. O prefeito até tentar manter a boa aparência do jardim para tentar melhorar algo, já que 'até os animais se parecem com os franceses', mas a cidade só fica boa de se viver, engraçada e com vida quando chega, por um arroubo inesperado, um grupo de infantaria, que com carruagem e outros adornos alegram os olhos humanos.
O desenrolar da história se dá por um sujeito que se sobressai dos demais por seu lugar de destaque na aristocracia, posse de bens materiais e de almas (escravos). A vida de aparências desse sujeito o leva ao final da história de um modo cômico, mas humilhante para ele. No final, a carruagem, o príncipe, o reinado, as invenções.. não eram lá essas coisas todas. O fim do conto traz a moral de que não há como esconder as verdades sob os panos das mentiras, pois a realidade uma hora vêm à tona.
Gógol é Gógol, não dá ponto sem nó! É preciso ter paciência para desvendar os detalhes que ele esconde em seus escritos e se atentar nas minuciosas descrições. Além disso, é necessário entender que sempre há representações da Rússia da época: alta aristocracia desdenhosa, ganância, aparências, política conturbada, desigualdade social, guerras com o território franco-prussiano etc.
Gógol une a tragédia ao humor! Para quem já conhece 'O capote' não estranhará tanto, o estilo sarcástico do escritor permanece o mesmo.