Thais645 31/08/2022
Escrever é um trabalho árduo.
Certo dia, zapeando pelo feed do instagram, vi um post de um professor - advogado renomado e leitor voraz - indicando o livro em questão. Corri na amazon e comprei. Certeza que aquele ali resolveria meu problema, pensei. Achava escrever dificílimo. Vi na dica do professor uma solução para um problema que me acompanhava desde a alfabetização.
Comecei a William Zinsser como quem procura solução para um problema prático e acabei sendo consolada, depois de ter sido informada que "Escrever é um trabalho árduo. Uma frase clara não é acidental. Poucas frases surgem prontas logo de cara, ou mesmo depois de duas ou três vezes. Lembre-se disso nos momentos de desespero. Se você acha difícil escrever, é porque é mesmo difícil." Zinsser, ao dizer com todas as letras que escrever é mesmo difícil, nos aproxima do problema e nos encoraja a não apenas enfrentá-lo, mas a resolvê-lo da maneira menos crível para aquele leitor que, como eu, busca uma solução mágica: escrevendo.
Lembra do Antônio Machado? "Caminhante, não há caminho, o caminho é feito ao andar". Pois bem.
O autor esclarece que não existe fórmula mágica, talento nato (e nos conta as histórias de bastidores dos grandes jornalistas norte-americanos) e nem receita de bolo, mas seu manual, repleto de bons conselhos e exemplos do que fazer - e, mais que isso, do que não fazer -, auxilia no desenvolvimento dos textos.
Apesar de um pouco cansativo em alguns momentos (assim como o próprio processo de escrita), o livro é dividido, didaticamente, em quatro partes: I) princípios; II) métodos; III) gêneros e IV) atitudes. Muito do que nele consta é o resultado de anos de aulas ministradas nas principais universidades estadunidenses, o que implica em exemplos e referências da própria cultura norte-americana (discursos de ex-presidentes, grandes ensaístas e jornalistas ianques). Tal experiência, para além da sua própria prática como escritor, permitiu que William notasse o que funciona e o que deve ser evitado em um texto de não ficção, lições que ele compartilha com o seu leitor que, com as retinas já fatigadas e escrita cheia de vícios e clichês, tomará mais cuidado ao iniciar o próximo texto. A grande valia do livro, para mim, é exatamente essa: expor diante de nós, justificadamente, os excessos e o pouco zelo com as histórias que contamos.
Fica a recomendação para quem pretende aprender mais um pouco sobre o universo da escrita, seja porque tem curiosidade, seja por necessidades de ofício.