Lene Colaço 12/07/2017Que livro maravilhoso! Sim, não consigo começar essa resenha de outra forma que não seja já tacando um elogio. Há muito tempo eu não lia nada tão bom e tão rico em conteúdo.
Esse ano, no dia da mulher, li em algum lugar sobre a falta de autoras nas nossas estantes. Na hora refutei esse dado. Como assim? Eu leio muitas autoras – foi o que pensei. Mas a matéria também propunha um desafio de enumerar dez autoras, e foi nesse ponto que comecei a ter noção de que não lia tantas autoras. Não satisfeita, contei todos os meus livros separando por gênero, e o resultado foi: 181 títulos escritos por homens, contra apenas 86 títulos escritos por mulheres. E foi assim que eu decidi ler mais mulheres. Então imagina a minha alegria ao receber Wonder Women, escrito por uma mulher, ilustrado por uma mulher, e recheado de mulheres que fizeram e ainda fazem a diferença por aí ♡
Preciso começar corrigindo uma informação, porque o livro não fala de 25 mulheres inovadoras, inventoras e pioneiras. O livro na verdade fala de 60(!!!) mulheres, e conta com cinco entrevistas com mulheres da atualidade. As 25 mulheres que o subtítulo informa são aquelas que têm maior destaque. O livro é dividido em cinco capítulos: Mulheres da Ciência, Mulheres da Medicina, Mulheres da Espionagem, Mulheres da Inovação e Mulheres da Aventura. Nesses capítulos vamos conhecer, por exemplo, a primeira progamadora de computadores, a mulher que descobriu tratamento para hanseníase, a única mulher admitida no Grande Exército da República, a primeira mulher a quem foi concedida uma patente nos Estados Unidos, e a primeira aviadora negra do mundo.
"Representatividade é importante. Críticos usam essa frase o tempo todo. Nós dizemos isso para enfatizar o fato de que todo mundo – não importa o gênero, sexualidade, raça, habilidade nem nenhuma parte de sua identidade – merece se identificar com personagens nas páginas e nas telas. Por quê? Porque quando a mídia estiver repleta de heróis diversos, toda garota, inconscientemente, aprenderá que ela também pode ser a estrela da história, que o status de "herói" não está reservado para pessoas que se pareçam com o Superman, que ela não está presa em uma condição de donzela em apuros. Se ela quiser derrotar o inimigo, salvar o dia ou salvar a sim mesma, ela pode."
Ler esse livro me causou alegria e tristeza. Alegria por saber que centenas de anos atrás mulheres brigavam por sua liberdade, por seus direitos, e graças a isso hoje nós podemos ir à faculdade e ocupar cenários que antes eram só masculinos. A tristeza veio pelas injustiças, pelos constrangimentos, que ainda faz parte do nosso cotidiano. Imagine que você estudou muito e começou a trabalhar em algo difícil, que exige horas de sono e lazer comprometidas para ser concluído. Então você finalmente termina, e está feliz e ansioso para apresentar o seu trabalho ao mundo. Mas chega um espertinho, muda uma vírgula ou duas, ou até mesmo não muda nada, apresenta seu trabalho e ganha todo o credito, todos os cumprimentos e pagamentos também. É revoltante, não é mesmo? Mas isso acontecia com freqüência. Muitas mulheres desse livro não são amplamente conhecidas graças a atitudes como essa. E tinha os casos das mulheres negras também, que acabavam deixando que homens apresentassem suas invenções por medo que a classe branca não quisesse usar ao saber que a ideia veio de uma pessoa de cor.
Resenha completa no blog Bala de Limão
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http://baladelimao.blogspot.com.br/2017/07/resenha-wonder-women-de-sam-maggs.html