Ana Júlia Coelho 05/11/2022Holly acabou de perder o marido. Aos 29 anos, ela está se sentindo perdida na vida. Por muito tempo ela se dedicou ao casamento com Gerry, abandonando até seu emprego para cuidar dele quando ele adoeceu, e agora precisa descobrir quem ela é longe de seu marido. Sem dinheiro e sem vontade de sair da cama, a única coisa que ela ainda tem e que vale a pena são as amigas e a família.
Ela ganha um novo gás quando recebe 10 cartas escritas por Gerry, que ela poderá abrir ao longo dos 10 próximos meses. A cada carta aberta ela segue exatamente o que está sendo pedido e fica na expectativa do próximo mês para poder abrir mais uma. E são essas cartas que a fazem voltar a viver.
É um livro lindo e que me fez chorar. Holly se vê diante de um dilema: voltar a viver ou preservar as memórias com Gerry. Ela acha que, se se jogar de volta à vida, deixará o que viveu ao lado do marido para trás. É gostoso acompanhar o processo de luto da personagem – mesmo com meia dúzia de gente chata cobrando que ela melhore e volte a ser feliz. É nítida a evolução de Holly e como ela fica feliz com cada passo que ela consegue dar, mesmo que tenham alguns deslizes, já que esse tipo de processo não é linear.
Gostei muito de como a autora abordou o tema, de como não é da noite para o dia que a pessoa deixa de sofrer pelo ente perdido. Holly vai melhorando, mas regride quando vê algum dos amigos vivendo apesar da partida de Gerry. E essa é a luta que ela trava durante o livro inteiro: ficar feliz pelos outros seguirem com a vida e entender que ela também pode seguir e deixar guardado, com carinho, todos os momentos que viveu ao lado de Gerry.
Todas as pessoas ao redor de Holly são incríveis e se tornam uma rede de apoio fundamental para que a protagonista renasça. E isso é outra coisa que a autora soube trabalhar muito bem: mesmo com amigos e familiares maravilhosos a apoiando, muitas vezes eles ficam sem saber como agir e o que falar para amenizar a tristeza de Holly. Só achei o livro um pouco extenso (podia ter várias páginas a menos) e os diálogos meio infantis. Funciona tanto para pessoas de 40 anos conversando quanto para adolescentes de 12 anos.
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