Nica 28/11/2013Como começar a resenha de um livro perfeito e emocionante como esse? Eu já amava o filme, tanto que quando a Suma me ofereceu o livro para resenha, eu já sabia que ia gostar. Já sabia que ia me envolver com as personagens, com o romance, com as cenas de afeto e com as cenas divertidas. O filme já tinha me conquistado. Até as falas eu já meio que tenho decoradas. Mas aí, aconteceu algo inesperado. Eu simplesmente me apaixonei completamente e intensamente por E se fosse verdade.
*Quem me viu no último sábado na Bienal do Livro, dando pulinhos e falando para as amigas comprarem o livro, sabem do que eu tô falando! rsrsrs*
Talvez, a maioria de vocês já conheça, tenha assistido ou ouvido falar sobre esse filme, uma comédia romântica protagonizada por Reese Whiterspoon e o charmoso Mark Ruffalo, e saiba a trama central desse romance, mas ainda assim, como eu, podem ter certeza, vocês irão se surpreender com a intensidade com que Marc Levy nos apresenta a história de Arthur e Lauren (que no filme se chama Elizabeth).
É claro que a história em si é fantasiosa, totalmente inverossímil, mas nem por isso ela deixa de nos passar uma mensagem, nem por isso ela deixa de ser intensa e repleta de lições de amor, de superação e de vida. Todos nós sabemos que livros e suas adaptações são raramente fiéis ou correspondentes. Isso acontece um pouco (ou bastante?) com o romance escrito por Marc Levy. Eu, manteiga derretida assumida, já me debulhava em lágrimas assistindo à película, mas com o livro, foi mais forte. Não sei se estou conseguindo me explicar, fazer sentido... Enfim, o livro é realmente MUITO mais intenso que o filme e nos mostra muitas coisas (sentimentos, emoções, lembranças e histórias) que a adaptação deixou escapar...
Assistindo ao filme, temos a ideia errada de que E se fosse verdade é apenas mais um livro fofo, com um romance inesperado, inusitado. O que seria totalmente injusto à obra ambiciosa e muito bem escrita por Levy. *Confesso que me surpreendi, visto que não me senti tão pegada assim nos últimos livros que li do autor.*
Levy nos narra sobre o amor, a amizade, a superação, família, mas, principalmente, sobre esperança e vida. Apesar de ter como pano de fundo uma história do outro mundo, é impossível não se encantar com as mensagens deixadas pelo autor através das experiências de/entre Lauren e Arthur.
Às vezes nada podemos diante dos nossos desejos, vontades e ímpetos. Isso pode provocar aflições insuportáveis e é uma sensação que vai acompanhá-lo a vida toda, ocasionalmente parecendo ser esquecida, mas outras vezes se mostrando obsessiva. Parte da arte de viver depende da nossa possibilidade de combater essa incapacidade.
Tão logo o livro começa, Lauren sofre um acidente de carro e, apesar dos esforços de seus amigos médicos, ela entra em um coma profundo e, aparentemente, irreversível. Ao mesmo tempo, a jovem se descobre fora de seu corpo, como se sua alma tivesse se desprendido do mesmo, podendo ver e ouvir as pessoas, porém sem que as mesmas a possam ver ou sentir.
Uma vez que é só alma ou espírito agora, suas forças são limitadas e ela ainda não consegue se locomover com a mesma facilidade de como se ainda tivesse um corpo. Sem saber o que fazer e entediada de ficar vagando pelo hospital, Lauren acaba desejando retornar para seu apartamento e acaba "parando" dentro do armário de roupas. Certo dia, enquanto Arthur tomava banho, Lauren estalava os dedos acompanhando a música que tocava no radinho. Sozinho, Arthur fica encucado com aquilo e resolve procurar por aquele barulho estranho.
Ao chegar ao armário, ele se depara com Lauren. Ambos ficam surpresos. Ele, por ter uma mulher linda se escondendo sabe-se lá o por quê em seu armário; ela, por finalmente poder ser vista por alguém e poder trocar palavras com esse alguém. Sem nenhuma explicação racional (?), Arthur é a única pessoa que pode ver, sentir, ouvir e até mesmo tocar Lauren. Essa é outra coisa que o filme não mostrou. Lauren e Arthur se envolvem de maneira especial e única. A relação de amizade, cumplicidade e amor que eles desenvolvem é mágica, é intensa e apaixonante.
No começo, você vai mais se divertir com esses dois do que se emocionar. Mas, ao passo que eles vão se dando uma oportunidade e se conhecendo, você vai ver que é impossível não se apiedar da situação de ambos. Cada um com sua dor, suas fraquezas, suas mágoas, suas carências, vai fazer com que essa história se torne quase que real para você, leitor. Eu fiquei horas e horas pensando em tudo o que pude sentir com esse livro. Levy conseguiu abalar as minhas estruturas e me fez repensar em "n" coisinhas que deixamos de dar valor ou que damos demasiado valor quando deveríamos ter uma atitude contrária.
- Esse banco mágico está à disposição de todos nós, é o tempo! A cornucópia dos segundo que se vão! A cada manhã, quando acordamos, temos um crédito de 86.400 segundos de vida para aquele dia, e quando dormimos, à noite, não há reposição. O que não se viveu naquele dia se perde. O dia de ontem já passou. Diariamente a mágica recomeça e temos um novo crédito de 86.400 segundos de vida, (...). De fato, a qualquer momento a vida pode ter fim. E então, o que fazemos com nossos 86.400 segundos cotidianos?
Ai gente... não sei se consigo falar mais sem dar spoilers. Melhor deixar vocês com a pulguinha atrás da orelha... hehehe
Mas tenham certeza de uma coisa: E se fosse verdade é um livro definitivamente precioso, intenso, fascinante. De uma história improvável, Marc Levy consegue nos surpreender e nos fazer refletir sobre o verdadeiro sentido da vida, da palavra esperança e do sentimento mais puro de todos, o amor. Seja este do tipo que for.
Resenha postada no blog Drafts da Nica - PROIBIDA a cópia parcial ou integral
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