maria 22/06/2020
Procura-se meu melhor amigo
Todas as famílias têm um bicho de estimação único. Existe algo profundamente singular nesses animais. Eles não são humanos e, por isso, são incríveis. Reúnem algo que revela sua vivacidade e seu vigor, garantindo uma presença forte e duradoura em nossos corações e mentes. Para a família Marshall, Gonker era esse animal.
Fielding Corbett Marshall e Gonker eram melhores amigos, apesar de uma leve divergência biológica (um era humano; o outro, cachorro). Estavam viajando de carro pelos Estados Unidos em 1998 com Noel, outro humano. Os três pararam na Floresta Nacional de Jefferson, depois entraram na trilha dos montes Apalaches e fizeram algumas caminhadas. Gonker estava animado e feliz correndo em meio à natureza. Solto, sem coleira, livre. Ele sumiu entre as árvores. E não voltou.
Apesar dos esforços de Fielding e Noel, eles não conseguiam encontrar o golden retriever. Para piorar a situação, Gonker sofria de uma doença rara e precisava ser medicado, caso o contrário, morreria sozinho. Fielding começou, então, uma jornada incrível para encontrar seu companheiro e, com ele, uma vida completamente nova.
.
.
.
.
.
.
Tal devoção parece ainda mais pungente nos séculos XX e XXI, quando os piores aspectos da humanidade são postos em ampla exposição. A matança mecanizada das guerras modernas, o extermínio de milhares de pessoas com uma única bomba, as limpezas étnicas e os conflitos tribais que explodem em vários pontos do mundo, os horrores do genocídio: tudo isso é parte da maneira como nos enxergamos, da nossa crença nos limites do que as pessoas serão ou não capazes de fazer. Mas os cães quase sempre permanecem na linha, imutáveis, inalteráveis, previsíveis. E sua atitude frente a nós é sempre gentil. Os cães nos tornam mais humanos, ou mais próximos do que imaginamos como deveria ser um bom ser humano. Quando os escutamos, claro.
Página 159