Assim na terra como embaixo da terra

Assim na terra como embaixo da terra Ana Paula Maia




Resenhas - Assim na Terra Como Embaixo da Terra


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Adonai 04/04/2021

Um sistema de manutenção de poder
Livro vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura e uma grande provocação para nós enquanto sociedade. Uma política de exclusão, ferida e genocídio que vem dando certo, por meio das prisões, as quais mais deterioram pessoas do que as "reabilitam".

Uma colônia penal isolada, como uma fazenda murada em algum interior do Brasil, com pouca comunicação e um sistema opressivo de "cumprir" pena. Não parece ficção, já que muitas unidades prisionais possuem esse imaginário de violência e pouca qualidade de vida.

Quem julga? Quem é julgado? Qual a maioria das pessoas que de fato são encarceradas? Quem dita as regras? E por que toda essa injustiça parece tão óbvia e nada é modificado?
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14/08/2020

Javalis são astutos. Os homens também.
Sempre perguntam a Ana Paula o porquê de não falar sobre mulheres, e ela sempre responde que prefere falar dos homens brutos. A crítica, no geral, espera que uma mulher racializada escreva sobre questões ligadas à raça. Em contrapartida, não se cobra o mesmo de autoras brancas. Mas Ana Paula recusa rótulos e continua escrevendo de forma impiedosa sobre o que acha que deve ser escrito. Sendo este o quinto livro que leio da autora, já não me espanta a crueza com que trata os temas que escolhe abordar. Aqui ela propõe, através da ficção, uma reflexão sobre o modo de funcionamento do sistema de justiça penal. De que lado está o poder punitivo do Estado? O que o direito penal faz de bem aos sem eira nem beira? São algumas das perguntas que aqueles que possuem verdadeira sanha com o direito penal deveriam se fazer. Não existe razão nenhuma para que entreguemos nas mãos de Melquíades (Estado) um problema social e esperemos que ele resolva. O solo supostamente amaldiçoado é o racismo se atualizando durante a história. E o sistema penal segue empilhando corpos. Vida longa à obra de Ana Paula Maia!
André Vedder 14/08/2020minha estante
Ana Paula Maia é sensacional!


Stefanie Macêdo 17/08/2020minha estante
Impecável, Rê!!


Lucy 17/12/2020minha estante
Adorei a resenha! Terminei de ler e vc expressou exatamente o que senti. ??


Flávia 22/01/2022minha estante
ñ consegui entrar na história. acho que faltou um pouco mais de pesquisa da autora sobre o sistema. um guarda que trabalha armado, sem retaguarda e sem estratégia é um suicida. tenho 11 anos de sistema, e sempre me surpreendo com a coragem e engenho que os apenados tem na tentativa de verem-se livres. na vida real, melquíades teria morrido na primeira página.




Júlia.Siqueira 11/04/2021

"A correção nos torna livres"
O livro é muito interessante e surpreende de todas formas. Muito bem escrito e traz o questionamento sobre o sistema realmente funcionar. O enredo nos faz refletir, vale muito a pena a leitura.
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Mariana Dal Chico 24/06/2020

“Assim na terra como embaixo da terra” de Ana Paula Maia, foi o livro escolhido para o encontro de maio do @leiamulheresjundiai.

Esse é meu segundo contato com a autora, então eu estava preparada para sua escrita crua, sem floreios, mas que causa reações sensoriais e permite que o leitor consiga imaginar perfeitamente todo o cenário e clima da história.

A escrita da autora é simples, sua escolha de palavras é precisa, os personagens são profundos e despertam reflexões que me acompanharão por muito tempo.

Há uma crítica pertinente ao sistema prisional, que pende para um abatedouro, onde a desumanização acontece com todos os que estão encarcerados na colônia, seja por uma sentença judicial ou por seu cargo de trabalho. Ela faz isso sem vitimizar nenhum dos personagens.

A Colônia é isolada da civilização e os presos que ali estão, cometeram delitos graves. Além de toda tensão causada por o que está acontecendo no presente, também há a questão do passado sanguinário escravocrata sepultado que a terra parece ter absorvido e devolvido e em forma de maldição para o local.

Leitura mais que recomendada, é ágil e reflexiva, no entanto, se você não gosta de cenas violentas, talvez essa não seja uma boa escolha para você.


site: https://www.instagram.com/p/CBnyvW_jMhn/
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Debora 29/12/2020

Uma história dos fortes (e Broncos) que sobrevivem como dá
Um livro com cheiro de suor e sangue. Uma história crua, forte, de homens que cometeram crimes. E, por esses crimes, foram mandados pra Colônia, uma prisão que deveria ser modelo de recuperação. Deveria...
Porque o que acontece lá, de verdade, é desumanidade, é redução de humanos a bichos, caçados.
É preciso estômago pra ler este livro. Mas a leitura vale a pena.
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Dry 24/12/2023

"Aquilo que uma pessoa foi fica gravado na pele, no cheiro no rosto."


Foi uma leitura incrivelmente rápida, pois o livro realmente consegue prender a gente pela curiosidade, do início ao fim. Achei a proposta muito interessante, cenário, acontecimentos.. que fariam desse livro, uma adaptação incrível!
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Cris.Aguiar 04/06/2022

Não é meu gênero predileto
Porém dessa vez preciso falar bem do livro.

Muito maduro, muito inteligente, no tom certo para nos impactar sem ser escatológico.
Ana Paula trata da desumanidade de maneira muito madura.

Recomendo muito a leitura.


TEMA TURÍSTICO: SE - Clube de Leitura Junho-2022

site: https://sociedadedosleitoresvivos.wordpress.com/
Douglas.Bonin 04/06/2022minha estante
Esta autora possui um outro ótimo livro chamado "De cada quinhentos uma alma", faz parte do que será uma trilogia, apesar que podem ser lidas separadamente.
Ela consegue mesclar um certo suspense, ao mesmo tempo não fica nos clichês.


Cris.Aguiar 04/06/2022minha estante
Poxa, adorei a dica.
Achei a escrita dela muito boa. Obrigada!




Alexandre Kovacs / Mundo de K 22/02/2020

Editora Record - 144 Páginas - Lançamento: 2017 (2ª edição 2019).

Assim na terra como embaixo da terra é o sexto romance de Ana Paula Maia – vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2018 – que tem como cenário uma colônia penal isolada, em uma região rural não definida, onde não há possibilidade de fuga e os detentos são tratados e caçados como animais. A escritora e roteirista carioca, portanto, se mantém fiel ao estilo de seus livros anteriores, lidando com personagens submetidos a uma realidade violenta e cruel à margem da sociedade, inclusive no mais recente lançamento, Enterre seus mortos (Editora Companhia das Letras, 2018), que levou também o Prêmio São Paulo de Literatura em 2019.

Como a instituição está em processo de desativação, acabou sendo esquecida pelas autoridades, transformando-se, ao longo do tempo, em um campo de extermínio sob a administração do psicopata Melquíades. O fato, que a autora deixa claro na narrativa, é que não há diferença entre os detentos de alta periculosidade e os guardas que os mantêm presos, todos perderam qualquer referência de humanidade ao conviverem no mesmo espaço de confinamento. Esta situação-limite oferece uma excelente oportunidade para a autora explorar a ambiguidade na personalidade de alguns personagens como o cozinheiro Valdênio.

"Valdênio é velho para um lugar como este. Tem sessenta e cinco anos. Passou a metade da vida encarcerado, atrás de grades de ferro ou em colônias penais como esta, fazendo todo tipo de trabalho. Já deveria estar solto, mas a justiça o mantém neste lugar. Agora, espera nunca encontrar a liberdade em vida, pois já não há quem espere por ele do lado de fora dos muros. O mundo, e ele também, mas não na mesma sintonia. Valdênio tornou-se mais velho, doente e não muito mais esperto. O mundo recrudesceu. Ser jogado para fora dos muros seria para ele entrar num outro confinamento de sobrevivência e resistência que já não pode mais replicar. Seus primeiros anos de detento foram difíceis; aos poucos entendeu como o sistema funciona. Apanhou dezenas de vezes, teve o crânio esmagado, o maxilar deslocado, braços e pernas quebrados; por fim, um dia ficou lesionado na perna quando foi jogado na laje de um pavilhão. Nem todas as vezes ele soube porque apanhou, muito menos da última, quando foi deixado para morrer, mas sobreviveu. Seu corpo, moído no infern, aguarda o fim dos seus dias. Já não questiona mais. Obedece. Cumpre as ordens. Baixa a cabeça e se retira. Apanha, às vezes com motivo, às vezes sem. Por onde passou derramaram seu sangue. Seu rastro pode ser seguido. Intriga ter sobrevivido durante tantos anos. Pouquíssimos chegam à terceira idade encarcerados." (p. 15)

Melquíades e Taborda são os únicos guardas remanescentes na colônia e se tornaram assassinos, tão ou mais cruéis do que os detentos. Taborda trabalha há dez anos como agente penitenciário. Acostumou-se a obedecer ordens, mesmo que não concorde com elas. Depois de presenciar e participar de tantos atos violentos, não sobrou espaço para sentimentos na sua personalidade, brutalizado pelo tempo que permaneceu na colônia, ele apenas teme Melquíades e espera o tempo passar, como todos os outros presos.

"Taborda separa o couro do osso e deixa pele pendurada num galho de árvore, limpa a cabeça do javali, removendo todo o conteúdo. Ele é hábil nessa atividade, e o cheiro fétido ao seu redor faz com que apenas as moscas se aproximem dos resíduos ensanguentados. Com uma faquinha, ele raspa o excesso de carne colada ao osso. Seca o suor da testa com as costas da mão. Dá-se por satisfeito ao ver um monte de carne desfiada ao lado de sua perna. Levanta-se apanha o esqueleto e uma pá e segue até o formigueiro, localizado nos fundos do pavilhão central. Com agilidade, ele cava a terra de onde centenas de formigas saem e ali coloca o crânio do javali. Joga a terra por cima e afasta-se apressadamente, debatendo-se e pisando com força no chão. Dali a dois meses, as formigas terão feito a limpeza geral no crânio, devorando dia e noite as carnes que não foram removidas manualmente. Apanha o couro que havia pendurado no galho de uma árvore e o leva para ser curtido no sal grosso dentro de um quartinho abandonado que servia outrora de depósito de feno." (p. 23)

O curto romance, com pouco mais de cem páginas, é de leitura muito rápida em um estilo de roteiro cinematográfico. Dos poucos detentos que ainda sobrevivem na colônia: Valdênio, Pablo e o índio Bronco GIl, todos têm a certeza de que não há esperança de saírem com vida da colônia, restando apenas a remota possibilidade da intervenção de alguma autoridade ou a arriscada fuga. Bronco Gil é um protagonista do tipo anti-herói que Ana Paula Maia já utilizou em outro romance: De Gados e Homens (Editora Record, 2013).

"Logo depois de amanhecer, o dia refletia uma brancura intransponível que fazia os limites entre céu e terra desaparecerem. As montanhas que contornam a região amanheceram cobertas pela geada. Horas depois, o sol apareceu, vigoroso. Os homens que ainda restam na Colônia dividem-se no trabalho do roçado e da cozinha desde muito cedo. O galinheiro e a pocilga já foram devidamente cuidados. Pablo puxa uma carroça cheia de sacos de lixo. Sente-se um jumento, uma besta de carga. Desde que os cavalos foram mortos, são eles que puxam as carroças. Atravessa uma parte da fazenda cujo solo é mais arenoso, provocando, assim, o afundamento das rodas. Isso dificulta seu labor de besta e, vez ou outra, precisa parar para se recompor. O lixão atrai abutres para o local, e o fato de incinerarem a imúndicie não os espanta. Pelo contrário, como um sinaleiro, a fumaça parece atraí-los ainda de mais longe. Observa o voejar das aves negras, cortando o céu com suas asas arqueadas, grasnando uma para a outra, numa comunicação que ecoa a quilômetros de distância. Não é raro uma ave ou outra prender-se na cerca eletrificada e morrer depois de se debater inutilmente. Em algumas partes da cerca é possível ver restos dos esqueletos das aves que foram capturadas. Às vezes, Taborda utiliza uma longa vara de madeira para removê-los." (p. 65)

O sugestivo título faz referência à situação de morte em vida dos presos e também aos corpos enterrados na área da colônia penal, no passado uma fazenda que ficou conhecida como Calvário Negro, onde ocorriam assassinatos e tortura de escravos. Por sinal, a comparação entre escravos e penitenciários é uma referência clara na ficção da autora à realidade de hoje nos presídios em nosso país que mantêm uma população encarcerada de maioria negra.
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Beto | @beto_anderson 10/04/2021

Excelente
O livro é ágil e sua história prende a gente do início ao fim. Mesmo curta, a história é bem impactante. A narrativa fala sobre questões relacionadas à liberdade, à punição e à justiça na terra. Gosto da descrição das personagens e da trama em si, que é bem visceral. Recomendadíssimo.

site: https://www.instagram.com/beto_anderson/
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Murillo F.X 24/03/2023

Gostei bastante, a história e os personagens são 5/5, mas eu queria que ele fosse maior e não acabasse tão rápido assim.?
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Lucas.Santos 01/11/2021

A história é boa e traz muitas reflexões sobre o sistema carcerário do Brasil. O jeito que a história é construída e vamos descobrindo aos poucos como aquela colônia realmente funciona é muito chocante. Até a última página ainda vamos descobrindo mais coisas sobre como o resto da população entendem aquela colônia. Acho que a história como um todo é muito bem pensada. Eu só não me identifiquei muito com o estilo narrativo. O estilo da autora é bem cinematográfico e muitas vezes senti que faltava algum desenvolvimento pra acontecer as ações. Não que isso seja ruim, pelo contrário, só não me identifico tanto.
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FocaRafa 03/07/2020

A exceção que nos rodeia.
Assim na terra como embaixo da terra é meu primeiro contato com a prosa de Ana Paula Maia. O livro, que pode ser lido em uma sentada, apresenta uma narrativa intensa e coesa até naquilo que omite. A trama se desenvolve em um ambiente inóspito e repulsivo, é assustador quando notamos as semelhanças da colônia com nossa realidade. Feliz que essa seja uma das escolhas do vestibular UERJ para 2020.
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Malu 30/10/2021

Sinistro de bom!
Que livraço! A narrativa é curta, mas tem muuuita coisa envolvida. A escrita da autora é bem direta, sem rodeios mesmo. É uma história de muitos significados e instiga uma reflexão maravilhosa, mais legal ainda se for feita em grupo. 10/10!
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Natieli10 22/11/2023

A realidade dói, e esse livro machuca a alma.
O livro é bem construído, escritora bem detalhista, mas nada muito maçante. A história em si, é tão bem feita, que parece que realmente aconteceu, o que não está nem um pouco longe da realidade. A escravidão, a crueldade, a monstruosidade humana, perversa, egocêntrica, tudo isso, foi tratado de maneira "leve" para ser entendido nesse livro. Como mulher preta, tenho orgulho da minha história ser contada por uma escritora mulher, que deveria ser mais reconhecida. Recomendo o livro, se desejas ver a que ponto o ser humano chega pra conquistar o que quer.
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Roberta 11/06/2022

Que história de tirar o fôlego
Pra começar, quando descobri que a autora é também roteirista, pensei que só assim pra envolver a gente dessa forma desde o início. É um livro curto, mas muito rico e que nos permitem mil questionamentos e debates. Conheci através de um clube de leituras e foi uma excelente maneira de conhecê-lo, porque não dá pra ler e ficar pra si. Muitíssimo bom mesmo!
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