Resenhas - O Xerife da Babilônia - Vol.1: Bang. Bang. Bang.

Cristiano.Cruz 06/07/2020

Autêntico e "ambíguo"? (Na falta de a palavra melhor)
A história se passa em Bagdá, Iraque, em 2004 - após o atentando de 11 de setembro de 2001 - e após as forças do exército americano assassinarem seu ex-aliado Saddam Hussein, no mesmo ano. Saddam foi capturado em 30 de junho de 2004 e enforcado em 30 de dezembro de 2006, em cumprimento da condenação da pena de morte recebida em seu julgamento. O oficial americano Christopher, estabelecido na Zona Verde controlada pelos americanos, é incumbido de recrutar e treinar a nova polícia de Bagdá em um ambiente ainda em polvorosa devido aos recentes acontecimentos. Nesse ínterim um de seus recrutas é morto dentro da área de controle dos soldados estadunidenses e a trama se complica, mostrando quanto é temeroso e complexo o quadro político e territorial da região. Em meio a intrigas políticas e exposições contundentes da posição estadunidense no conflito étnico e comercial entre Estados Unidos e Iraque e seus expoentes políticos - Saddam e Bush - o autor consegue, através de um roteiro bem amarrado e conciso, mostrar sua visão do conflito. E através da peculiaridade de um trio de personagens, dar autenticidade à um conflito recente e atual da nossa história. Mais um exemplo da representatividade dos quadrinhos dentro de um contexto histórico, geográfico e atual; vigente e pungente.

Ígor Ferneda 24/03/2018

Uma das melhores HQs da Vertigo nessa década.
Tom King (ex-agente da CIA e um dos grandes nomes dos quadrinhos da atualidade), nos apresenta a visão única de alguém que de fato atuou no Iraque. A história se passa em uma Bagdá pós-guerra, durante a ocupação americana após a queda de Saddam Hussein. Acompanhamos o ex-policial americano Christopher Henry, responsável por treinar um grupo de cadetes iraquianos. Até que um desses cadetes é encontrado morto, e Chris parte para uma investigação em busca do culpado.

É impressionante o quanto o roteiro e a arte são cinematográficos nessa obra. Tom King escreve uma trama digna de um ótimo filme de guerra, com mistério, ação, muita violência, ambientação e personagens realistas, diálogos convincentes, tensão, reviravoltas, etc.. enquanto Mitch Gerads retrata tudo perfeitamente em uma arte dinâmica, com belos ângulos e enquadramentos, e uma narrativa gráfica que deixaria Frank Miller orgulhoso. Adorei a arte desse cara. Com certeza, um material de altíssimo nível que vale a pena ler.

Carlos.Santos 09/06/2017

O escritor de quadrinhos Tom King foi agente da CIA anos atrás. A melhor coisa que ele fez foi deixar a agência e se dedicar a escrita. O cara realmente manja. E sua experiência na Inteligência americana faz bastante diferença no clima de suas histórias.

Em The Vision ele criou um conto sobre paranoia suburbana centrada numa família de androides. Agora, nesse O Xerife da Babilônia, ele usa toda sua bagagem (King, de fato, esteve em Bagdá durante a ocupação americana em 2003) para bolar uma excelente trama policial passada - em sua maioria - na Zona Verde.

Entrar no plot é arriscado pois qualquer deslize pode entregar um spoiler. O que posso dizer é que há um assassinato e o tal "Xerife" do título é um policial americano que está em Bagdá - para treinar a força policial local - e se encarrega de investigar o crime ao lado de um parceiro, um policial veterano iraquiano (melhor personagem do volume por sua ambiguidade e desenvolvimento).

King não cai no patriotismo barato, muito menos no maniqueísmo. Sua trama é crítica e cinza. Violenta - extremamente - e realista. A arte de Mitch Gerads deixa a coisa ainda mais interessante. Personagens, cenários, clima, cores, um conjunto que nos faz, realmente, nos sentirmos no Iraque naquela época. Mais incrível é saber que ele faz tudo digitalmente!

Por enquanto, no Brasil, só saiu o volume 1 pela Panini. Sei que foi lançado mais um nos EUA mas ainda sem data para pintar por aqui. Estou no aguardo mais do que ansiosamente.

Alan.Michel 07/06/2017

Incrível .
Ótima história .