Lu Reis 05/01/2021| Escrito em 1929 e publicado em 1930, esse livro é uma profunda investigação sobre as origens da infelicidade humana, sobre o conflito entre indivíduo e sociedade e as suas diferentes configurações na vida civilizada. Trata-se de um verdadeiro clássico de antropologia e também da sociologia, escrito pelo pai da Psicanálise, que nos faz mergulhar na teoria freudiana da cultura, segundo a qual civilização e sexualidade convivem de modo sempre conflituoso.
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O texto retoma questões fundamentais como: a relação entre o Eu e o mundo; a possibilidade de felicidade humana; as religiões, o surgimento e as condições de manutenção da civilização; o conflito entre pulsão sexual e cultura; a moral social, o sentimento de culpa nos indivíduos e o amor como princípio civilizatório; a tendência a agressividade humana e o desafio da cultura em recalca-la a fim de viabilizar a vida – pairando em todas essas questões o espectro do mal-estar como produto da vida civilizada.
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O mal-estar é sempre por se estar na civilização e pela impossibilidade de sair dela – “não se pode cair no mundo”, diz Freud...
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Este é um dos principais e mais conhecidos textos dele, uma de suas obrar mais lidas, onde nos é apresentada a teoria freudiana de que o conflito entre as regras sociais e as pulsões primitivas do homem seriam a principal causa dos distúrbios psicológicos e doenças psíquicas de nosso tempo.
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O texto é muito acessível, e mostra toda a sua grandiosidade no fato de condensar tantos temas como esses em tantas camadas de uma leitura simples e possível. Além de ser um dos mais importantes tratados da história da Psicanalise e uma importante ferramenta de análise sociológica, esse livro é também uma obra-prima que nos faz questionar: estariam as comunidades condenadas a um estado permanente de neurose (entenda-se por emoções e sentimentos negativos)?
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Considero a leitura desse livro como uma janela de luz aberta pelo pai da Psicanalise.