Amanda 30/08/2021
Uma linha torta que terminou certa
Confesso que li ?Linha da Vida? já sabendo o que iria acontecer baseada em outras histórias da autora que li anteriormente. E por mais que digam que saber o que acontece tira a graça de ler, eu me diverti bastante e apreciei a leitura enquanto durou. Porque mesmo sabendo o contexto geral, os pormenores continuam surpresa e o desenrolar é que me prendem ao livro. Mas enfim, isso não vem ao caso.
Elizabeth Spencer, ou apenas Liz, é uma jovem médica recém formada que vive sua vida como um robô seguindo as ordens de sua mãe controladora. Bárbara nunca quis ter filhos e quando teve Liz decidiu que iria transformá-la em uma versão melhorada de si mesma (ô autoestima). Com isso ela se intrometeu e tirou, como um trator, tudo o que ela considerava obstáculos da vida da filha. Aos 18 anos Liz conheceu Thomás, um rapaz galinha e rebelde com quem viveu semanas intensas que a fizeram questionar seu futuro e querer seguir com ele para Boston, onde ele ia estudar. Mas tudo desanda quando Thomás age como um moleque e a deixa arrasada e suscetível as influências da mãe. Com isso, os anos passam, Liz abre mão de muita coisa e se forma começando sua residência em um grande hospital, o Chicago Mercy. O que ela não esperava era que seu novo mentor fosse ninguém mais que o seu passado e maior pesadelo.
Thomás Hardy é um galinha inveterado, vive como se não houvesse amanhã, ama a medicina e a pratica, mas sempre que possível se envolve em suas libertinagens. Já pegou todas as médicas e enfermeiras do hospital e agora no último ano de residência (e prestes a ser treinado como gestor do hospital - cargo hoje de seu pai), ele passa a ser mentor da turma de internos. O que ele não esperava era ver em sua turma a única mulher que balançou sua convicção quanto a relacionamentos. Liz balançou seu mundo ha 8 anos e quando ele sentiu a pressão do relacionamento, tomou a atitude infantil de sempre: fugiu. Agora em uma posição de poder ele precisa superar os sentimentos que não estão completamente esquecidos. Em meio aos encontros dos dois, a doença de Nina, a pequena irmã de Thomás e segredos do passado sujo de Bárbara e John podem abalar ainda mais a vida de todos no hospital de Chicago.
Eu gostei bastante da história, mesmo tendo matado a charada assim que o segredo de Liz foi revelado. Também não peguei tanto ranço do Thomás por ter agido como um menino mimado, afinal eles eram bem jovens quando tudo aconteceu. Ranço mesmo eu peguei da mãe dela, ô mulher insuportável, não sei como a Liz aguentou tanto tempo. Os personagens secundários são bem carismáticos também e poderiam ter tido mais espaço, mas nada que influencie demais na leitura. Enfim, para quem gosta de um romance com segredos, superação e perdão essa é a pedida certa.
Obs com spoiler: só a doença da Nina que achei que ficou em ?segundo plano? se resolvendo de forma muito rápida e até simplista. Mas entendi a ideia de não focar no problema em si e sim na forma como ele influencia a vida de todos.