Travessia

Travessia Letícia Wierzchowski




Resenhas - Travessia


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Layla.Ribeiro 23/03/2024

Um romance histórico que narra a história de vida do casal Anita e Giuseppe Garibaldi do seu primeiro encontro até sua separação definitiva. Mais uma vez a Letícia traz mais de um narrador para a estória: o onisciente, o espírito da Anita e a deusa Nix, está última utilizando da função poética e na minha opinião uma narração desnecessária para o enredo já que poderíamos ter a visão geral com o narrador onisciente. Outro ponto que para mim não funcionou foi as descrições de todas as batalhas vividas pelo casal que deixou uma leitura cansativa e arrasta, mas para quem gosta desse tipo de narrativa acredito que acha como um ponto positivo do livro. Ademais, gostei de conhecer sobre a vida dos Garibaldi principalmente sobre Anita que foi uma grande heroína dos dois mundos seja na história dos países em qual lutou, como na sua vida privada. A autora transportou Anita para as páginas desse livro com toda a sua humanidade, sem perfeição, como mãe e guerreira.
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Helen Ramos 24/08/2023

Uma história especial
Demorei muito para terminar a leitura que, por vezes, acreditei ser densa. Porém, agora que finalizei (com lágrimas nos olhos, vale ressaltar) posso dizer que valeu muito a pena. Leticia me deixou completamente encantada por Anita Garibaldi e eu só queria poder ler mais sobre a vida dessa mulher incrível! Amei muito a leitura.
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migaindicaumlivro 22/04/2020

Fim da saga.
Último livro da saga "A Casa das Sete Mulheres" e eu posso dizer que amei ter lido todos. ?

Eu sou apaixonada por romances históricos e amava o enredo desde a época em que assisti a série produzida pela Rede Globo, em 2003. Eita, revelei a idade agora. Rsrs. ?

"Travessia" conta a história de amor vivida por Garibaldi e Anita, desde o encontro deles em Laguna, em 1839, no meio da Guerra dos Farrapos, passando pelos períodos em que viveram no Uruguai e na Itália, narrando toda a paixão, as batalhas, os nascimentos dos filhos e até mesmo algumas traições do herói italiano. ?

Alguns capítulos são narrados por uma deusa da morte, o que traz um tom mais sombrio e de suspense para a obra. ?

O fato de contar uma história que se passou ao longo de 21 anos às vezes deixa a narrativa um pouco arrastada. Os conflitos pessoais do casal também não colaboram muito. ?? No geral, eu apreciei a leitura. Gosto da escrita da autora, Letícia Wierzchowski, ela mantém no livro uma forma de narrar bem bacana, geralmente são dois ou três narradores, que narram capítulos intercalados e fazem a leitura ser fluída. ?? Mas o meu queridinho da trilogia é o primeiro, A Casa das Sete Mulheres, pois ele é mais dinâmico, já que não se concentra apenas nos problemas pessoais das protagonistas, mas faz um panorama histórico legal sobre a Revolução Farroupilha.?
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Fabíola 09/09/2023

Travessia
Último livro que completa a trilogia : a casa das setes mulheres e um farol no pampa ... Travessia traz as grandes batalhas históricas no sul do Brasil, à época da revolução Farroupilha, em Motivedéu , no cerco de Rosas, e na unificação da Itália. Desde grandes batalhas históricas e também as pequenas batalhas do dia a dia.

Terminei a leitura dessas 544 páginas encantada. Entender e conhecer um pouco mais a fundo sobre essa grande mulher (Anita) foi apaixonante.

Algumas citações de Anita trazem tamanha sabedoria e escolhi colocá-las aqui:

" A pobreza a gente engana. Ou, até melhor, a pobreza liberta-nos de muitos enganos".

"Ah! A felicidade, essa imprecisão pela qual os mortais se batem ao longo de toda uma vida, e que depois se esfumaça como os sonhos".

"A felicidade, saibam vocês, é como um pássaro de breves pousos. Ela espalha seu orvalho no bater de suas asas inquietas; depois, se vai por outros caminhos, eterna, incansável em sua viagem de esperanças".

Esse livro foi um grande companheiro para mim. E com certeza indico a leitura dele e de seus anteriores.
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Sofi 10/04/2020minha estante
Gostou? Pra mim é o único que falta! Emprestei pra minha vó e ela nunca mais devolveu ?


10/04/2020minha estante
Sensacional assim como os outros dois. Fiquei com ressaca literária!


Sofi 10/04/2020minha estante
Aaaah que incrível! Tinham me dito que não era tão bom




Stefanippaludo 29/08/2021

Muita expectativa e um tanto de decepção
O terceiro e último livro da trilogia retoma alguns dos acontecimentos anteriores, focando na história de Giuseppe Garibaldi -  o famoso corsário italiano, líder da marinha gaúcha - e Anita Garibaldi, uma moça catarinense que ele conhece e se apaixona durante a guerra. A história foi lançada em 2017 e eu aproveitei para ler quando fui passar férias em Laguna, o cenário da primeira parte desse livro. 

E eu comecei a leitura com muita expectativa. Sou fã das outras histórias da autora e por esse ser um dos seus mais recentes trabalhos, acreditei que encontraria o melhor da escrita da Letícia. E me decepcionei um pouco, principalmente no início. 

Durante todo o trecho que se passa na Revolução Farroupilha a história foi extremamente lenta e desinteressante. Eu tive dificuldades em me concentrar e "mergulhar" no livro. A autora muito contava e pouco mostrava - uma das máximas conhecidas na escrita criativa. - Os acontecimentos históricos e as ações dos personagens também eram apenas dito. "Garibaldi fez isso", "Garibaldi fez aquilo", "Garibaldi venceu X inimigo". Faltava diálogo, faltava emoção, faltava ações e faltava a poética comum da escrita da Letícia nos outros livros. 
A impressão que tive é que a autora se perdeu em meio a tantos fatos históricos. E escrever ficção histórica é muito difícil mesmo. É complicado contar os acontecimentos de forma que estejam interligados com os personagens e enredo e não soem como simples conhecimento e informação. É difícil transformar a teoria em ficção. Deve ter sido mais difícil ainda se considerar que a autora já havia contado tudo isso em seu primeiro livro. Mas agora ela precisava reaver alguns pontos para que tudo fizesse sentido. 

Esse deve ter sido o problema: unir o real e histórico ao ficcional, de forma clara e objetiva, sem repetir informações já ditas e histórias já contadas, mas de forma a se fazer compreender mesmo entre leitores que não leram os livros anteriores. 
Complicado. Eu sei. E até perdoo a autora por esses deslizes. Não havia muito a se fazer. 
Mas não foi só isso que me incomodou. Pelo subtítulo da obra - "a história de amor de Anita e Garibaldi" - eu esperava mais amor e menos guerra. Achei que o livro seria focado no romance entre esses dois personagens, em como eles se conheceram, como se apaixonaram e como foi a vida ao longo dos dez anos que viveram juntos. E até teve esse tipo de coisa, mas muitas vezes era uma parte ínfima no meio de tantos outros acontecimentos e no meio da guerra. 

O momento que eles se conhecem e os primeiros meses juntos, deixam muito a desejar. Queria ver eles se conhecendo, conversando, descobrindo a paixão e se amando. Mas só o que vemos é ambos lutando lado a lado, sem trocar uma única palavra. Por exemplo, abaixo o momento após Anita abandonar sua vida e fugir com Garibaldi. Tudo que é dito no trecho abaixo, não havia sido mostrado em nenhum outro trecho anterior e também não foi nos posteriores.

Mas enfim, se isso não for suficiente tenho mais um problema para o livro: seus erros. Na capa há o selo da Editora Bertrand Brasil. Não conhecia essa editora e achei que caso se tratasse de uma pequena editora, justificaria alguns dos erros de edição encontrados. Qual foi a minha surpresa ao descobrir que a Bertrand é um selo da Editora Record! E nesse caso, a Record deixou muito a desejar. 

Tem uma cidade de Santa Catarina, que é bem importante pra história, que se chama Lages. A grafia do nome da cidade é "Lages" com "G" mesmo. Porém, no livro ela é apresentada hora como "Lages", hora como "Lajes". Esse foi um erro que vi várias vezes e que me incomodou bastante. Custava padronizar? Se colocassem todas as ocorrências do nome desse município com "Lajes", mesmo que errado, seria menos pior. Achei uma falta de consideração e um erro brutal para um editora tão grande e uma escritora tão conceituada. 
Há alguns outros problemas também facilmente corrigidos por um bom editor: coisas como informações que são repetidas várias e várias vezes de forma exaustiva e que não são importantes pra história e até trechos aos finais do parágrafo que estão entre parênteses (?). Esses trechos parecem mais anotações da autora para escrever depois, do que trechos que deveriam estar na versão final. E todos eles são nos finais dos capítulos, não há nenhuma ocorrência dessas nos meios dos capítulos.

E ainda não obstante, por último, teve mais uma coisa que notei e que me confundiu: os tempos verbais. Nos capítulos narrados em terceira pessoa por Giuseppe Garibaldi, há uma mistura de presente e de passado. Nesse caso, pode ser que o problema seja eu, e não a escrita. Talvez eu que não esteja acostumada com livros nesse estilo e por isso tenha estranhado. Pode ser que seja uma forma de delimitar coisas que acontecem em diferentes períodos de tempo dentro de um mesmo capítulo. Sei lá…

Antes de acabar minhas críticas e ir para os pontos positivos desse livro, um último adendo: o livro é dividido em 3 diferentes partes - a que conta do casal Garibaldi na Revolução Farroupilha, em Montevidéu e depois na Itália. - Na primeira parte a história é narrada de forma não-linear sob o ponto de vista de Garibaldi (em terceira pessoa) e de Anita (em primeira pessoa, após sua morte). A narração de Garibaldi intercala de forma não linear entre o período pós-morte de Anita e seu exílio da Itália e passado, narrando o ocorrido na revolução. O mesmo acontece na segunda e na terceira parte, porém, existe o acréscimo de um novo ponto de vista: o da deusa Nix, a deusa da noite na mitologia grega. 
Porém, se tu for parar para analisar, nenhum desses pontos de vista é realmente necessário. Era possível que a autora contasse toda a história somente através do ponto de vista do Garibaldi. Ele mesmo conta coisas pessoais e íntimas de Anita, então não havia a necessidade de mais. Muitas vezes, ambos os pontos de vistas contam sobre o mesmo acontecimento e de forma parecida, repetindo informações e tornando a leitura ainda mais lenta e custosa. Não é a toa que o livro tem 500 e tantas páginas. A Letícia podia ter usado esse espaço para se aprofundar mais em outras questões, ao invés de contar várias vezes sobre o mesmo acontecimento, detalhá-los melhor. 

Como nem só de críticas se vive uma obra, também tenho alguns elogios para fazer à história. Elogios importantes e que me fizeram manter a leitura até o fim. 
O primeiro é a criação dos personagens. Tanto Anita quanto Garibaldi são personagens humanos e verossímeis, que a Letícia trabalhou muito bem. As crises de ciúmes de Anita, sua teimosia e até mesmo a dificuldade dela em aceitar seu papel naquela sociedade foram pontos fortes. O mesmo para a sua relação como mãe. A Letícia não romantizou a maternidade, ela não colocou uma personagem que amava estar grávida e amava cuidar dos filhos. Muito pelo contrário. Para Anita, as gravidezes eram prisões, os filhos eram empecilhos para aquilo que ela queria. Mas não por isso ela odiava suas crianças. Não, ela vivia em eterno conflito, amando os filhos, mas odiando o papel de mãe. 

Anita não foi feita para ser dona de casa e ficar cuidando dos afazeres domésticos. Ela enjoava da rotina e entediava-se rápido. Anita queria a adrenalina e a surpresa das guerras e batalhas. Queria lutar e sentir-se viva, esquecendo-se até mesmo dos filhos. 
Giuseppe também não era um pai exemplar, muito menos um marido perfeito. Ele só pensava na guerra e nas vitórias. E queria ser um homem exemplar, um líder honrado, orgulhoso e honesto. Muitas vezes, pensando só em si mesmo e no seu orgulho, recusava propostas, dinheiro e alimentos, mesmo que isso significasse que a esposa e os filhos passariam fome e dificuldades. Garibaldi dificilmente lembrava do quanto o restante da sua família sofria, da vez que seu filho mais velho quase morreu de fome, da gravidez de risco de sua esposa por falta de carne vermelha. 

Outra coisa que eu achei um acerto na história, e que é comum na escrita da autora, é a não-linearidade da narrativa. O enredo vai para o presente e para o passado, o tempo todo, mostrando como o personagem ainda lida com aquele conflito, como aconteceu tal coisa e sempre de maneira coesa e coerente. 

Até mesmo os spoilers dados ao longo da obra - ou os flashforwards como chamamos em escrita criativa - contando acontecimentos que viriam a acontecer no futuro - como por exemplo: "Aquela era a última vez que eu veria meus filhos antes da minha morte" - serviam para manter a atenção do leitor e o suspense, mantendo-o atento à leitura. De forma alguma esse recurso, bastante aplicado nessa narrativa, prejudicou a história, bem pelo contrário, tornou-a ainda mais interessante. 

Leticia Wierzchowski, portanto, conseguiu contar a trajetória do casal Garibaldi com maestria, passando pelos dez anos em que estiveram juntos em meio a lutas e revoluções e apresentando personagens que convincentes - fato importante em uma narrativa que utiliza-se de pessoas reais - . Aprendi muito ao longo desse livro sobre a história do meu Rio Grande do Sul e do Brasil, mas também do Uruguai, da Itália e do mundo. Também, mais uma vez vi que mesmo esse casal histórico, que é citado como um modelo de paixão a ser seguida, teve seus problemas, suas brigas e seus defeitos. 

Terminei o livro e fico com a vontade de bater um papo com a autora e descobrir o que é ficção e o que é real nessa história. Todos os acontecimentos, do início ao fim, são plausíveis e não consegui identificar em nenhum momento algo que deva ter sido inventado. Fico me perguntando o quanto de pesquisa não deve ter sido necessário fazer e como a Letícia descobriu tantas informações ou então, como ela fez para incorporar acontecimentos inventados de forma que se misturassem com reais e tornassem indistinguíveis.

site: https://stefanippaludo.medium.com/
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Ana 25/12/2021

Amor e outras coisas
Sou apaixonada na escrita da Letícia. Este é o quarto livro dela que leio e a cada um, a paixão aumenta. Para mim, que nasci em Laguna, foi lindo ler essa história tão marcante e fascinante. A história de Anita e Giuseppe está longe de ser perfeita, mas é perfeita em sua imperfeição. Recomendo demais a leitura.
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Emanuelle Najjar 20/01/2018

Tudo que me fez amar "A Casa das Sete Mulheres" e "Um Farol no Pampa" me fez ter muitas dificuldades em engolir "Travessia".

Não que eu não tenha gostado da história: fiquei interessada desde a sinopse, muito promissora. Não que eu não tenha gostado da escrita (não é a toa que Wierzchowski é uma das minhas autoras preferidas), mas muitas vezes tudo soou arrastado, repetitivo e as vezes até confuso entre os capítulos. Pelo menos uma vez cheguei a abandonar a leitura e só a retomei meses depois por consideração ao fato de que era um livro que eu queria muito desde a descoberta da sua existência.

Dei três estrelas como classificação porque vários momentos foram poéticos e inspiradores na escrita e me permitiram continuar a leitura e até levar algo pra mim mesma, mas está longe de ser um dos meus livros preferidos (como "A Casa das Sete Mulheres", um dos meus preferidos para a vida e tornou Wierzchowski parte da lista de autores que sempre acompanho). "Travessia" é um bom término para a trilogia, mas minha experiência nessa leitura foi muito aquém em comparação com as obras anteriores, infelizmente.
Sybylla 20/01/2018minha estante
Vai ter resenha no blog?? #aquelas




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Belquis.Rosson 24/03/2022

Travessia
Último livro da trilogia A casa das 7 mulheres conta a história de amor e guerra vivida por Anita e Guiseppe, 5 filhos, muitas perdas algumas traições. É uma leitura um pouco mais pesada do que as outras duas rica em detalhes e sentimentos.
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Luciane.Gunji 29/09/2017

Wierzchowski retrata o amor do casal de modo diferenciado na primeira e segunda parte da trilogia. Em compensação, Travessia mostra as dificuldades e as fraquezas dos personagens, mostrando que nem todo casal com um começo feliz é sinônimo de mar calmo. Ao partirem para Montevidéu, Anita descobre que, para Garibaldi, uma vida normal tende a ser monótona demais. É nessas buscas por guerras e lutas que descobre a vontade de trair e conhecer novos mares, deixando sua mulher sozinha.

Aqui, a decepção não é pela escritora, mas, sim, pelos personagens. Longe de apenas desejar finais felizes, devorei Travessia com ansiedade e esperança de que, em algum momento, Anita e Giuseppe salvariam a história com muitas aventuras. Anita é uma personagem tão forte que não me surpreenderia se fosse ela a abandonar o marido e partir, mesmo sabendo do contexto da época, onde as mulheres eram submissas e o machismo rolava solto.

site: http://www.pitacosculturais.com.br/2017/09/23/travessia-wierzchowski-leticia/
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Luiza.Thereza 10/01/2018

Travessia
Havia sentimentos ambíguos em relação a este livro: A Casa das Sete Mulheres e Um Farol no Pampa foram histórias lentas e tristes, em que a guerra separava amores e enclausurava tantos vivos quanto mortos, talvez por isso, em muitos momentos dessas leituras eu me pegava melancólica.

Resolvi encarar a leitura de Travessia por razões que, em resumo, se relacionam ao TOC que não me deixa ficar com trilogias (séries em geral) inacabadas.

Travessia, o livro que motivou a reedição dos livros anteriores, é um livro dedicado à história de amor vivida por Anita e Giuseppe Garibaldi.

Tânger (cidade do norte de Marrocos), fevereiro de mil oitocentos e cinquenta, o italiano Giuseppe Garibaldi está no exílio, longe da Itália, que o expulsou, mais uma vez, e colocou sua cabeça a prêmio; afastado de seus filhos, que ficaram com sua mãe em Nizza; e afastado de Anita, abandonada em uma às margens do mar Adriático poucas horas após sua morte. Agora com quarenta e quatro anos, a dores do coração e da alma se misturam às do corpo, ele já não é o homem vigosoro que comandou a travessia dos barcos pelos pampas gaúchos durante a Revolução Farroupilha.

As lembranças o afogam, e, justamente para desafogar-se de suas lembranças e dores, ele se senta na mesa em seu quarto de pensão e joga as palavras em folhas e mais folhas de papel.

(Olha que coisa: depois de separados por terra, por mar e pelo tempo, Garibaldi e Manoela finalmente se unem em uma atividade comum...)

E assim, voltamos voltamos ao pampa, nos primeiros dias de julho de mil oitocentos e trinta e nove, quarto ano da Revolução Farroupilha, Giuseppe terminara o romance mal começado entre ele e Manuela para dedicar-se à construção dos barcos que fariam sua primeira viagem por terra em direção ao mar, para que os Farroupilhas pudessem conquistar um porto para a República Juliana.

É de um desses barcos, que ele, em uma tarde de ócio, vê Ana Maria de Jesus, a sua Anita, a beira da praia, próxima à casa de seu tio, onde morava enquanto seu marido lutava na guerra ao lado dos imperialistas.

Ao escolhe-la, Giuseppe deu a Anita voz na história do mundo e em sua história, e, como a voz que é, Anita também se faz presente na narração, contando-nos sobre as noites e as lutas ao lado de seu José, sobre as angustias e os ciúmes que tanto a perseguiram durante sua vida ao lado do herói de tantos povos, até mesmo sobre sua morte, anos depois, na Itália.

Anita e Giuseppe Garibaldi foram humanos amados pelos deuses, e até mesmo a maior delas toma para si a narração de vez em quando.

Travessia manteve a ambiguidade de seus antecessores: ele é melancólico, e de alegrias passageiras, mas ele difere dos outros em outro aspecto: mesmo nos momentos em que a espera de Anita sobrepôs-se à sua própria personalidade (momentos em que ela ficou retida em casa e seu marido foi para a guerra), tem-se a sensação do movimento contínuo, seja pelas pelejas em que Garibaldi se envolvia, ou pelo lento crescer de seu ventre e de seus filhos.

A espera sufocante de A Casa das Sete Mulheres (de Manuela mais exatamente, que, por ser narradora, vicia-nos com sua espera eterna e infrutífera) é transformada em uma espera que gera resultados em múltiplas frentes, com Giuseppe libertando pessoas, cidades e países e Anita gestando e lutando suas próprias pelejas.

Travessia foi uma redenção de Leticia Wierchowski. Sua obra jamais foi ruim (isso jamais!), mas, de uma história de esperas e perdas, essa história de amor e de lutas se transformou em uma preciosidade única da qual não conseguirei me desvencilhar tão cedo.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2018/01/travessia-leticia-wierchowski.html
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Karine Reibrich 06/08/2020

Esse é um livro muito bonito, que conta a história de amor de Giuseppe e Anita Garibaldi. É dividido em três partes, sendo a primeira no Brasil. Essa história se inicia quando eles se conheceram em Laguna, Santa Catarina, quando Garibaldi estava lutando contra o império do Brasil e a favor da república. As duas partes seguintes seguem com essas figuras heróicas e históricas em suas lutas no Uruguai e Itália. Garibaldi é apaixonado pela liberdade política dos povos e luta a favor disso. Já Anita não só luta por Garibaldi e pela liberdade, como também contra as limitações impostas às mulheres na época.

Esse livro foi escrito com múltiplos narradores, Anita, Giuseppe e a deusa Nyx em primeira pessoa e um narrador onisciente. Achei a escrita muito sensível, especialmente quando a deusa Nyx nos conta sobre como abençoou Anita, e como ela irá sempre existir e contar a sua história através do vento. A autora é muito talentosa e cria uma narrativa belíssima com base na história real e acontecimentos conhecidos. A vida de Anita especialmente não foi fácil, muito pela situação da mulher no século XIX. Ela ainda assim consegue ser fiel à si própria, seguindo seus próprios caminhos e sonhos. É uma história realmente inspiradora e bonita. 
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Monica406 10/08/2023

A pessoa certa...
Sempre achei que Garibaldi deveria ter ficado com a Manuela, mas tenho que reconhecer que Anita era a mulher certa para ele.
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