Três Dias em Setembro

Três Dias em Setembro Luna Miller




Resenhas - Três Dias em Setembro


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Luciano Otaciano 24/01/2021

Obra gostosinha de se ler!
Se você precisasse de alguns dias longe do mundo – redes sociais, trabalho, relacionamentos familiares ou amorosos – para onde você iria? Gabriel precisa fugir por alguns dias. Ele diz que o motivo é a necessidade de reclusão para encontrar inspiração artística, mas na realidade tudo o que o jovem quer é a oportunidade de esquecer as cobranças e mágoas que o afligem. Por isso, Gabriel decide abandonar a capital e passar um período em Ludvika, cidadezinha remota da Suécia. Lá ele viverá três dias intensos e modificará completamente seu futuro – e de outras pessoas influenciadas por suas escolhas. Então a pergunta que não quer calar é: O que será que esses dias de Setembro reservam para os moradores de Ludvika?
Três dias em Setembro interliga a história de Gabriel e de outros personagens, mas os principais (além dele) são: Anna, Kessa e Lea. A narrativa varia entre eles e vai caminhando para o momento em que a jornada desses protagonistas – que inicialmente seguem rumos diferentes – é transformada em uma única teia de mentiras, esperança, desejo e dor. Inicialmente tudo o que sabemos é que: Gabriel é um pintor e decide ir para o interior, em uma cabana afastada, tanto para trabalhar quanto para fugir de um fantasma do passado. Lea – que trabalha na pizzaria do namorado – está em um relacionamento fadado ao fracasso, mas ainda não percebeu isso, e continua esperando que o enlace progrida. E Anna e Kessa são amigas de longa data, uma com uma ânsia gigante por ser amada e a outra com um desejo reprimido de seguir em frente e abandonar a cidadezinha pequena na qual foi criada. Cada um único em seus encantos e defeitos. E, exatamente por isso, a pergunta que permeia o livro do início ao fim é o que essas pessoas têm em comum além do fato de todas estarem em Ludvika.
O livro é bem curto e rápido de ler – até porque a história acontece em únicos três dias. Senti que a autora aborda muito bem o conceito de ação e reação, e como somos influenciados pelas escolhas das pessoas ao nosso redor. Tudo está conectado e, infelizmente, uma escolha ruim pode afetar nossa vida e a das pessoas que temos ao nosso redor. Confesso que gostei muito dessa característica da narrativa. É por conta dessa conexão entre os narradores que queremos devorar o livro e descobrir como a história deles vira uma só. E, por mais que o final não seja extremamente surpreendente, ele deixa um toque agridoce de vida real. O dia a dia é assim, pessoas que vêm e vão, deixam marcas profundas ou só vagas memórias, e a vida que segue mesmo quando outras chegam ao fim. Partindo dessa premissa Miller cria uma obra bastante envolvente e verossimilhante.
Preciso dizer que Gabriel não me agradou– achei-o um baita de um devasso. E em contrapartida adorei as personagens femininas – não que elas sejam incríveis e perfeitas, mas senti que todas representam muito bem uma faceta do que é ser mulher, pois elas representam muitíssimo bem o papel feminino na obra. Anna foi a que mais me agradou. Ela é fútil e volátil, mas esconde um coração que só quer ser amado. Anna faz escolhas horríveis, principalmente na hora de decidir em qual homem confiar, mas só consegui sentir dó dessa mulher que sofre por ser bonita demais, desejada demais, e nunca amada o suficiente. A história que ela carrega é uma que, sem dúvida, reflete a de milhares de garotas como ela. Mas em suma, tudo isso significa que os personagens são bem trabalhados. Os protagonistas são apresentados como reais, palpáveis, e cheios de erros e acertos. E gosto disso, mesmo quando não vou com a cara deles, pois a obra ganha muito em verossimilhança.
Três dias em Setembro é perfeito para quem gosta de tramas reais e com um toque de mistério. Além disso, é o tipo de história rápida e que conquista do início ao fim. Minhas únicas ressalvas são: inicialmente a narrativa intercalada pode deixar o leitor meio perdido, o livro é voltado para o público adulto (com conotação sexual e temas típicos da vida adulta) e, além disso, a autora teve seu livro traduzido para o Português de Portugal, todavia a obra está cheia de palavras típicas daquela região (e isso pode atrapalhar um pouco o entendimento de alguns leitores). O legal é não criar muitas expectativas e deixar cada um deles – Gabriel, Anna, Kessa e Lea – surpreender você! Em resumo, Três Dias em Setembro é um livro que dá prazer de ler, pois sua premissa é interessante, embora possua poucas páginas. Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!


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Aline T.K.M. | @aline_tkm 12/06/2017

Amores, amizades e temas essenciais, como machismo e violência contra a mulher
Um pintor em busca de tranquilidade, uma jovem em uma relação abusiva, três amigas inseparáveis em busca de algo diferente para suas vidas, um cara machista e violento, um amigo que esconde um amor platônico.

Essas pessoas se cruzam na cidadezinha sueca de Ludvika no começo do outono. Durante três dias, suas vidas se tocam e se transformam de tal maneira que nunca mais voltarão a ser as mesmas.

Três Dias em Setembro, lançamento da escritora sueca Luna Miller, promete agradar aos fãs de literatura new adult. O livro brinca com o acaso e as possibilidades ao abordar a solidão, os relacionamentos, a amizade e a busca por aquela centelha que nos faz sentir que a vida vale a pena.

O pintor Gabriel chega a Ludvika para passar uns dias em uma cabana alugada. Com o iPhone desligado e completamente off-line, ele espera conseguir trabalhar num conjunto de quadros que tem em mente já há um tempo.

Ele logo conhece Lea, garçonete e namorada de Johan, o dono de uma pizzaria local. A garota tem passado por maus bocados por conta da rudeza, das mentiras e problemas no relacionamento. Johan tem um comportamento machista, egocêntrico e desrespeitoso.

Já Niklas, amigo de Johan e também funcionário da pizzaria, não suporta ver como essa relação fere Lea.

Em paralelo, acompanhamos um recorte da vida de Anna. Jovem e bonita, ela chama atenção por onde passa. Consciente de sua beleza, a garota também tem um lado muito ingênuo e carente, e acaba permitindo que qualquer cara se aproveite dela na esperança de que seja o amor que ela tanto espera. Para piorar, se embebeda com frequência e perde o controle do que faz.

A ingenuidade de Anna encontra seu limite com Johan, que se aproveita e a submete a uma situação da qual ela terá dificuldades em se livrar.

A sorte é que Anna conta com a amizade incondicional de Mari e Kessa. Mari está num relacionamento estável; Kessa é superindependente, não liga para julgamentos e comentários maldosos – tão comuns em uma cidade pequena como Ludvika – e não é vítima das imposições que ainda atingem muitas mulheres.

Kessa sempre está lá para amparar Anna e a coloca acima até de si mesma. Mas a verdade é que Kessa não encontra seu verdadeiro lugar em Ludvika, não se sente pertencente àquele lugar.

A trama coloca a questão da responsabilidade pelas próprias escolhas. Sem julgamentos nem excesso de vitimização, Luna Miller também insere um tema muito atual: o machismo e a violência contra a mulher. Aliás, seria mais correto dizer que as mulheres exercem papel central em todo o livro; a confiança e a coragem para correr atrás de mudanças acabam sendo cruciais para traçar o destino delas aqui.

Ainda que a versão lançada por aqui seja a traduzida para o português de Portugal, a leitura acontece de forma muito fluida. É aquele livro que se lê em poucas sentadas, mas cuja história te acompanha ainda por uns bons momentos após virada a última página.

Ao trazer mulheres tão diferentes lidando com conflitos e dilemas amorosos, Três Dias em Setembro revela que o caminho para a felicidade nem sempre é o mais óbvio. Ele pode estar logo ao lado ou a milhares de quilômetros de distância. Pode ser percorrido em poucos passos, de bicicleta ou de carona. Mas, para encontrá-lo, mesmo as menores mudanças são necessárias. E, acima de tudo, é preciso olhar de verdade para dentro de si.

LEIA PORQUE
Os personagens são muito humanos e cheios de nuances. O livro aborda temas universais, como a amizade, o amor e as escolhas individuais, além da questão do machismo e da violência contra a mulher. Recomendo para maiores de dezoito anos por ter conteúdo explícito.

DA EXPERIÊNCIA
Gostoso de ler, Três Dias em Setembro me fez torcer e me afeiçoar às personagens, e, inevitavelmente, também sofrer com elas.

FEZ PENSAR
Adoro livros sobre mulheres que encontram sua força ao longo da história.

site: http://www.livrolab.com.br
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