Resenhas - A seta do tempo

eneida 06/06/2017

A história seria comum, um médico nazista que fugiu para os EUA, se não fosse o fato de ser contada de trás pra frente literalmente. No começo é um pouco difícil até que se pega o jeito. Li e reli vários trechos várias vezes, diálogos principalmente, e no fim, o que inicialmente era uma dificuldade, tornou-se interessante porque nessas idas e vindas descobri detalhes que as vezes passavam despercebidos.
Uma grande sacada do escritor, imagino como deve ter sido difícil escrever e para mim foi uma espécie de aeróbica para os meus neurônios.

Franco 06/04/2020

Uma história rebobinada
Cheguei até o livro pelo que ele tem de mais inovador: ser contado como num filme que é rebobinado. E isso, realmente, prende a gente.

De início é como um desafio: você acostumar sua interpretação a isso (o desenho mental das cosias acontecendo ao contrário). E isso cansa um pouco e talvez aí alguns leitores desanimem.

Mas quando você se acostuma, a leitura flui bem e passa a ser até cômica (quer dizer, é um tanto risível as descrições do nosso cotidiano de trás para frente e ressignificado de modo a ter um sentido lógico, como o consertar o amassado da geladeira encostando a ponta do pé no amassado...).

O problema do livro é que ele não tem uma história tão envolvente quanto sua estrutura. Se fosse um orçamento, daria para dizer que 70% foram gastos na estrutura rebobinada e 30% na história.

Conforme a história se aproxima do final a gente entende mais a pegada do 'rebobinada', e, principalmente, vai se chocando mais (o holocausto visto de trás para frente consegue mostrar ainda mais o absurdo do acontecimento). Mas não há aquele engajamento com o personagem, com um acontecimento, um clímax progressivo...

Enfim. É um ótimo exercício de leitura, mas decepciona um tanto a sua história.