Quando os galos envelhecem

Quando os galos envelhecem Karen Alvares




Resenhas - Quando os galos envelhecem


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Paulo 29/07/2018

Já acompanho o trabalho da Karen desde a criação do Ficções Humanas. De todos os autores que eu já resenhei nesses mais de três anos como administrador, eu só resenhei mais livros do Stephen King. E isso demonstra o quanto eu admiro o trabalho dela. Seja um romance longo ou uma flash fiction, a Karen tem o dom de me encantar com o que ela escreve. E eu já brinquei com ela algumas vezes dizendo o quanto eu gosto da Karen escritora de terror. Ela tem uma habilidade incrível para esmiuçar os recantos mais sombrios da psiquê humana. Não à toa a minha obra favorita dela é Horror em Gotas (tem também A Bicicleta Fantasma). Aqui em Quando os Galos Envelhecem ela reuniu vários contos que ela publicou ao longo dos anos.

Antes de falar a respeito, eu queria agradecer imensamente pelo carinho da autora com o trabalho que a gente faz. É uma honra estar citado em um blurb no livro de alguém que eu admiro. É aquela coisa que derrete o coração de qualquer um. E ver o quanto a Karen tem conquistado ao longo dos anos é muito legal... fruto do trabalho e do esforço dela.

Apesar de termo histórias bem variadas em gênero e estilo, algo une todos eles: a capacidade de saber o que se passa na cabeça dos personagens. Seja um personagem com dificuldades para se relacionar na escola, alguém que perde aquele que ama ou um ser mitológico que deveria encantar pessoas, mas acaba se apaixonando. O que eu quero dizer com entender a psiquê é que a autora é capaz de abrir os corações de seus personagens. A gente compreende o que ele sente e tem alguma pista do que ele pode querer fazer. Essa construção do eu-personagem é importante no sentido de criar uma ponte entre o leitor e o personagem. É o que alguns chamam de empatia. Se eu sofro junto do personagem, se eu me alegro junto com ele, a aceitação do que acontece na história é muito mais simples. Não importa se é um suspense, uma fantasia ou uma ficção científica. A ligação está ali.

Em Kanashimi, temos um protagonista que sofre com a sua timidez e com as fortes exigências de seus pais. É um conto que retrata a realidade de alguns pais opressores e de uma sociedade claustrofóbica em cima de filhos que precisam "mostrar resultados". Quantos de nós não temos um Kanashimi? Não conseguimos nos livrar de um porque ele ficou tão grande que acabamos sufocados em nossas próprias vidas. A dinâmica entre o protagonista e seu kaiju é terrível e a gente vai se sentindo dentro de um quarto que vai ficando cada vez menor e mais apertado. Na coletânea a autora colocou duas versões do conto: uma que ela publicou na edição 11 da Trasgo e outra que ela havia publicado antes de forma independente. Preciso dizer que eu gosto da versão original. Digo isso porque esta é a versão da Karen que eu conheço. Provavelmente a autora aliviou um pouco da tensão da história para publicar na revista. A Karen que eu conheço escreve aquele final original.

Lábios de Solidão é outro conto que eu curti muito. Mostra a angústia de um ser sobrenatural vivo há séculos e que sobrevive a partir dos mortais (não vou dizer qual é o ser) e acaba se apaixonando durante um show. As descrições vívidas que a autora faz são lindas. O leitor consegue se imaginar como o protagonista observando o que se passa ao redor. Mesmo que saibamos o que o personagem está sentindo, acreditamos na ilusão romântica daquilo que está nos sendo mostrado. É belo, é encantador e é triste também. Isso porque começamos a desconfiar na metade do conto que as coisas não vão sair do jeito ideal. Porque nem sempre a vida é justa.

Como alguém que trabalha com incentivo à leitura, não posso deixar de comentar sobre História de um Livro. É o tipo de conto que toca o meu coração. Diante de uma sociedade contemporânea que só pensa em eletrônicos e em redes sociais, é uma história bela com um final lindo. Sim, eu acredito naquilo. É possível em um universo de milhões de crianças, aparecer alguma como aquela. Nos angustiamos diariamente ao ver o abandono das bibliotecas e do Senhor Livro, mas sempre vai existir aquela pequena alma que deseja ser encantada por um universo mágico. E eu creio que um sorriso daqueles é tudo o que um autor deseja no fim das contas.

Poderia falar sobre alguns outros contos, mas prefiro deixar para que vocês descubram-nos. Tenho certeza que os leitores serão encantados por alguns deles enquanto outros contos nem tanto. É normal em uma coletânea. Mas saibam que vocês estarão entrando no universo de uma autora que tem muito a contar a vocês.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Nerdvino 27/05/2017

Profundo, lírico e intimista
Quando descobri que tinha um livro novo da autora, não me contive e já era, foi pra conta do Papa.
Gosto muito do estilo da autora, que consegue mesclar estilos e sensações como ninguém, tem uma mão e uma visão peculiar para nos oferecer em seus deliciosos contos!
Gostei muito desse livro, ainda mais pela temática mais intimista e acredito que cada um terá uma experiência diferenciada ao ler, afinal depende do seu momento na hora da leitura.
Mas garanto que terá momentos de reflexão e de empatia com a galeria de personagens que desfilará diante de seus olhos, por vezes emocionados, em outras amedrontados ou em um mix de sensações.
Recomendo fortemente que leiam, não somente essa obra da autora, mas tenham contato com os outros contos e romances, porque ela traz um folego novo para temas há muito batidos.
Sem mais, leiam!
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