AbobrinhaBaggins 12/03/2024
O livro mais polêmico de Dan Brown
Primeiro falaremos dos pontos positivos antes dos negativos. A escrita de Dan Brown continua polêmica em seus capítulos curtos, abordando o oculto no nosso cotidiano e extremismo religioso. Em Origem, o oculto está na IA e tecnologia: são as máquinas que controlam os humanos ou os humanos que controlam as máquinas? É realmente crível um homem nascer de uma virgem, transformar água em vinho e andar nas águas? É realmente necessário uma religião quando se tem a ciência?
Essas reflexões polêmicas e muitas vezes beligerantes sustentam o enredo do livro. O bilionário averso à religiões Edmond Kirsch faz uma descoberta científica monstruosa que responde as principais perguntas da humanidade: "de onde viemos? Para onde vamos?". Infelizmente, a apresentação de sua descoberta se torna um caos e novamente o bom partido de Harvard Robert Langdon ao lado de uma mulher com segredos precisa salvar a noite!
A revelação sobre o que finalmente Edmond descobriu não é TÃO chocante, mas de um modo de vista científico é bastante interessante. De onde viemos? Não esperem nada fantasioso sobre aliens vindo do espaço sideral povoando a Terra, panspermia cósmica ou uma força maior por trás de tudo. Para onde vamos? Me assusta perceber que o futuro previsto por Edmond já está acontecendo, dia após dia e ninguém percebe! É como estalar os dedos no seu rosto e dizer "Ei, acorda! Seus dias já estão contados". Felizmente, temos um fim futurista, próspero e esperançoso.
Sobre os pontos negativos, há muitos. Origem não seria um livro bom se não abordasse um tema tão polêmico. O modo como a história progride é tão raso que muitas vezes pensei em abandonar a leitura, mas segui em frente curioso pela resposta das duas perguntas. Não há um quebra cabeça como nos outros livros, Langdon descobrindo pistas aqui e ali e criando uma conexão perigosa que o leva para diferentes locais. O livro todo é Langdon em uma busca arrastada por um ÚNICO elemento com uma única pista.
O final de um personagem é muito abrupto, sem mais nem menos. Um militar de alta patente da marinha termina daquele jeito? Há meios melhores de explorá-lo e fechar sua história. É sempre engraçado ver que nos livros de Dan Brown, um assassino letal e bem treinado termina de forma vergonhosa, seja nas mãos de um civil, fugindo em desgraça ou superado por um professor de Harvard. É simplesmente um peão no tabuleiro com potencial de ser rei.
É um livro desmasiadamente longo com malandragem repetitiva: conte um capítulo em meia página e deixe o resto para depois! É simplesmente contar sua história pela metade e criar disso um cliffhanger eterno e ausente de plot twist. Origem é de qualidade inferior porque suas 432 páginas se sustentam em apenas 2 perguntas e suas respostas. Onde está os obstáculos que Langdon enfrenta? Pistas que viram o jogo? Não há.
Por conta dessa malandragem e ausência de plot twist, histórias eletrizantes como vimos em Inferno, Origem só se torna bom nas últimas páginas e é bem possível que alguém abandone ele pela metade. Alguém com conhecimento razoável em ciência deduz facilmente as respostas para as perguntas e o livro se torna mais sem graça ainda, um desperdício de tempo.
Bom, para quem aprecia as obras de Dan Brown, não faz diferença em ler mais um livro, e para quem não gosta, é o livro mais desprezível da saga de Langdon.