Craotchky 02/02/2019Uma "não-resenha" de Origem(⚠Aviso:⚠ Isso não é exatamente uma resenha de Origem. Tanto é assim que comecei a escrevê-la antes mesmo de iniciar a leitura do livro e terminei-a antes de atingir a página cem. Leia, você vai entender.)
"É sempre o Langdon ao lado de uma mulher atraente tentando desvendar enigmas enquanto excursiona por locais famosos e é perseguido por algum vilão."
No dia 17 de janeiro uma amiga pediu-me indicações de livros. Após verificar que ela nunca tinha lido Dan Brown sugeri que ela lesse qualquer livro dele. Ela, por sua vez, disse que ainda não havia lido o autor pois duas questões a incomodavam um pouco: os enredos repetitivos dos livros, e a possibilidade de que os livros fossem apenas entretenimento, sem elementos que ela pudesse retirar deles e levar para a vida, isto é, sem nada a acrescentar ao repertório pessoal do(a) leitor(a). O texto que se segue é baseado na resposta que enviei para ela.
Minha relação com Dan Brown é de longa data. O autor é um dos meus favoritos, adoro todos os livros dele. Conheci o autor quando iniciava minha vida de leitor e li a maioria de seus livros antes mesmo de conhecer o skoob (estou por aqui desde 2013). Fortaleza digital, por exemplo, está entre os dez primeiros livros que li na vida e guardo com enorme carinho boas lembranças da leitura. Foi o meu primeiro livro favorito!
Bem, o fato de que há grande semelhança nos roteiros dos livros do autor, é bem conhecido e não há como contestar (vale ressaltar que esse fato é válido sobretudo para os livros que tenham o personagem Robert Langdon). Meu contraponto é que isso não interfere em nada pois o foco, o sumo dos livros são os assuntos/conteúdos tratados. Jamais o roteiro repetitivo me incomodou, pelo contrário, até ajuda pois me permite retirar o foco da trama, e focar nas outras questões que são o que realmente me levaram a ler o livro.
Além disso, frente a habilidade do autor de mesclar tantos assuntos e personagens em tramas tão coesas e envolventes, duvido muito (e não posso crer) que Dan Brown seja tão pouco criativo ao ponto de não conseguir, se desejasse, alterar esse roteiro central. Acho que ele faz, até certo ponto, de propósito pois sabe que o foco de seus livros é outro; sabe que o que atrai seus leitores são os outros elementos que constituem seus romances. Quase posso imaginá-lo pensando alguma coisa assim:
"eu poderia fazer as coisas diferentes desta vez, mas apenas para implicar com os críticos vou seguir o mesmo script dos outros livros e deixá-los loucos! Hahahahahahaha!"
Quanto à outra questão,
também é verdade que reflexões profundas sobre a vida e a existência não é o ponto forte de Dan Brown. Ironicamente Origem possui como temas centrais as profundas questões: "De onde viemos?Para onde vamos?" Mesmo assim, parece óbvio que o(a) leitor(a) não deve buscar grandes ensinamentos nos livros do autor pois se o fizer se frustrará. Por outro lado é possível aprender muitas coisas e levar esses aprendizados para a vida. Não é novidade que há grande número de informações nos livros, principalmente sobre arte, história, religião, tecnologia e ciência. Aprendi muita etimologia lendo Dan B. o que despertou meu interesse por esse tipo de conhecimento.
Entretanto, o grande trunfo de Dan Brown é sua narrativa extremamente dinâmica e intensa, com capítulos curtos e trocas frequentes de perspectivas, tudo executado com extrema habilidade. Um dos critérios que tenho de avaliar um livro é: o quanto ele me fez desejar virar as páginas avidamente. Neste critério Dan B. reina absoluto (para mim, claro). Nenhum outro autor me faz desejar tanto a próxima página quanto ele.
Por fim, quero deixar claro que todo o conteúdo deste texto tem por fundamento minhas próprias impressões. É, portanto, totalmente possível opiniões antagônicas por parte de outros leitores, tais como as que realmente há. Sei que me alonguei um pouco e por isso agradeço imensamente você ter chegado até aqui. Por favor, sinta-se a vontade para comentar o que julgar conveniente. Espero por você.