Naiana 23/05/2020
Interessante, mas previsível.
Eu me apaixonei por Dan Brown a primeira leitura, Anjos e Demônios em 2005, e foi uma paixão tão grande pela forma como ele escreve e descreve tanto as obras de arte, a história das religiões e a ciência que me fez querer estudar física ou teologia, mas como sou mais apaixonada por ciências, a física me tentou mais.
Dan Brown é um excelente escritor quando se trata de descrever cenários, em lhe instigar a pesquisar sobre os lugares que ele fala e pelos assuntos que ele traz a tona em seu livros, suas discussões são sempre relevantes na minha opinião e isso não mudou em Origem, ponderar sobre o papel da religião no mundo atual, aonde a tecnologia está nos levando, o conhecimento do passado para evitar que erros se repitam no futuro (inclusive esse é um tema mais do que atual no mundo em que vivemos), e claro, a nossa origem, a origem do universo, a questão do "de onde viemos?" e "para onde vamos?", tão bem trabalhada por ele nesta obra.
Porém tem algo que me incomoda há algum tempo em suas obras, ele as escreve sob uma fórmula, que é muito perceptível se você começa a leitura pelas tramas de Robert Langndon e depois lê Fortaleza Digital por exemplo, sua primeira obra, é visível, palpável que ele usa a mesma fórmula em todas as obras, e uso Fortaleza Digital para ilustrar isso porque nesta obra é possível observar como ele ainda a está desenvolvendo, ele ainda está cru na escrita. Já li todas as suas obras publicadas no Brasil e posso dizer que as últimas não me surpreenderam em nada, ao final do livro eu já sabia quem era o "vilão" da estória, isso é um pouco frustrante, perder a capacidade de se surpreender com a trama.
Outro ponto de incomodo é a certeza de que nada de ruim irá acontecer com o protagonista e sua acompanhante (que sempre é uma mulher bonita), porque eles tem que sobreviver até o final sempre, no máximo umas escoriações, mas nada que faça seu coração pulsar de dúvida tipo: será que ele corre risco real? Você sabe que não, ele vai conseguir dar um jeitinho e sair quase ileso, pronto para desvendar o enigma que o cerca até o final. Outra coisa que me incomoda bastante é a questão: porque as pessoas no mundo ainda perseguem Robert Langdon como possível assassino, cúmplice de assassinato, sequestrador, conspiracionista, depois de ser inocentado e provado estar querendo o bem maior da humanidade sucessivamente na Europa. Acho que se eu morasse no mundo de Robert Langdon e mais uma vez ele fosse acusado de algo do tipo eu iria questionar muito as autoridades por nem darem uma chance dele se explicar antes de começarem uma caçada sem fim a ele. Claro que nada impede que ele mude sua personalidade ao longo dos anos e vire um serial killer, mas acho muito improvável depois do tanto que já conhecemos sobre ele.
Por fim, mesmo me sentindo frustrada com esses aspectos da narrativa posso dizer com clareza que leria mais uma obra de Dan Brown que Robert Langdon fosse o protagonista, mas preferiria que ele nomeasse um novo protagonista para suas estórias, pelo simples fato dele saber como envolver o leitor misturando assuntos distópicos e trazendo uma boa reflexão sobre isso, um bom debate, seja interno ou entre amigos.