Luma.Lage 25/09/2019Clarice sofreu uma enorme perda em sua vida ainda nova, seu namorado morreu depois de um acidente de carro em que ela também estava presente. Os dois estavam viajando junto com um casal de amigos, para comemorar a proximidade da formatura em medicina que aconteceria em um mês, e ele foi à única vitima fatal do acidente.
Mais de um ano depois acompanhamos a vida de Clarice, que trabalha como plantonista em um pronto atendimento, porque não tinha motivação para fazer uma especialização. A mesma quase não sai de casa ou faz outra coisa além do trabalho, ela se culpa pelo acidente, pois acha que se não tivesse aceitado fazer a viagem, Guilherme ainda poderia estar vivo.
"Aquele foi o dia mais triste de toda a minha existência, e por mais que eu ainda viva cem anos, não acredito que sentirei outra dor tão forte assim. Foi a dor de uma vida interrompida em plena juventude, a dor de sonhos esfacelados, a destruição de uma família que um dia se formaria, de filhos que não serão mais gerados. Enterrei um pedaço de mim naquele dia.”
Teresa, sua amiga de infância, é a única que ainda consegue fazê-la sair de casa de vez em quando. Ela vive tentando convencer Clarice a seguir em frente e tentar encontrar um namorado, porque Guilherme não gostaria que ela continuasse daquele jeito. Praticamente sem viver.
Um belo dia, Clarice acompanha sua mãe até o mercado para ajudar com as compras. Em um dos corredores, ela observa uma menina tentando pegar uma caixa em uma prateleira mais alta e ajuda a mesma, que logo se apresenta como Duda. Quando Clarice perguntar por seus pais, a menina responde de um jeito natural que está apenas com seu pai, pois sua mãe era uma estrela no céu. Clarice se sente muito comovida com toda a situação da menina e como, apesar de tudo isso, ela é uma menina alegre. Então decide que precisa dar um up em sua vida e voltar a viver.
“A vida é feita de sonhos, mas nem sempre eles se realizam... O que fazer quando de repente você se dá conta de que o tempo está passando e que a vida não é exatamente do jeito que você esperava que fosse?”
Clarice volta aos estudos para fazer um especialização, e aceita mais os convites de Teresa para saírem. Em uma dessas noites, ela vão em uma festa do patrão de Teresa, e ao chegarem, Clarice se surpreende ao ver a menina que havia conhecido no mercado. Ela também reencontra o pai da mesma, Henrique. Os dois passam bastante tempo na festa e conversam sobre Guilherme e a esposa dele. Apesar de estarem interessados um no outro, não sabem como devem agir por conta dos traumas que viveram no passado com suas perdas, mas ainda assim Henrique a convida para sair.
Decidindo darem um passo de cada vez, vemos a relação de Henrique começar a nascer. As coisas fluem naturalmente, inclusive o relacionamento de Clarice com Duda. Mas como nem tudo são flores e às vezes a vida é muito cruel, o destino lhes coloca mais um obstáculo para enfrentarem.
“Não estou procurando as coisas mais simples da vida! Querer me encontrar com você já diz tudo. Somos dois sobreviventes de tragédias da vida, isso poderia ser simples? Ou ao menos será que isso poderia dar certo?”
Depois de ler “Contra Todas as Probabilidades” e “Amores e Desamores”, eu não esperava nada menos que um livro emocionante! Durante toda a leitura, eu consegui sentir a dor e o sofrimento deles, assim como as alegrias que viviam. Outra personagem que me cativou foi a Duda, que é uma criança muito carinhosa e que vive de maneira feliz, mesmo com o que aconteceu a sua mãe. A dor que Clarice e Henrique sentem, os aproxima e os fortalecem, pois ambos precisavam deixar a culpa de lado e se permitir a darem mais uma chance ao amor.
O livro é bem curtinho, são menos que 150 páginas, e a depender do seu estado de espírito (se quer chorar tudo de vez ou ir com calma, como eu fiz) pode ler ele rapidamente. É o terceiro livro da Renata que leio em menos de um ano e posso dizer que sou fã dela!