Sofia.Oliveira 19/01/2023
Resenha: Adrenalina Sombria (o pior lido de 2021)
Já começo a resenha dizendo que sei que tem todo um auê sobre como não devemos fazer resenhas negativas para livros nacionais. Se você é desse grupo de pessoas, melhor se preparar para o que eu escrevi, porque eu não concordo com essa frase nem um pouco.
Vamos lá.
Me interessei pela premissa do livro, a capa é absolutamente linda e me interessei ainda mais quando vi que era nacional. Pronto, o único ponto positivo é que a capa é linda e a edição também.
Pontos negativos: todo o resto.
Como eu disse antes, a premissa é interessante. Um grupo de amigas que se juntam em um dia das bruxas para mexer em um tabuleiro ouija e daí é só ladeira abaixo. Legal, certo? Meu eu medrosa e curiosa gostou.
O que acontece é: as personagens são completamente clichês e mal construídas. Todas são praticamente iguais mas com UMA características que se diferencia das outras. A amizade entre elas também não foi construída direito, e várias vezes me passou a sensação de ser totalmente superficial e me perguntei o porque elas são amigas se são tão “diferentes” e brigam toda hora. O romance entre os personagens também segue a mesma linha: mal construído.
A pior parte para mim e que me irritou demais foi a pesquisa porca que a autora fez. Achei uma falta de respeito não só com os leitores mas com o próprio trabalho dela. A parte “sombria” é totalmente superficial (como todo o resto, deu pra perceber?) e mal explicada. A autora parece querer forçar um medo nos leitores e, no meu caso, deu totalmente errado porque a história por trás é ridiculamente mal feita.
E, claro, o motivo da minha maior revolta: a cena do teste do tipo sanguíneo feita em sala de aula. Deixo aqui o que eu comentei no SKOOB após ler o capítulo, por que agora escrevendo a resenha após tanto tempo, não vou conseguir fazer jus à minha raiva.
“NÃO TEM SPOILER DA HISTÓRIA PRINCIPAL
As personagens estão na escola, tendo uma aula de laboratório para descobrirem o tipo sanguíneo delas. E é aí que a autora dá 473738 tiros no pé e me faz querer parar de ler esse livro agora.
Uma das coisas que mais me incomoda é a falta de veracidade nas coisas (claro que fantasias à parte). E ao meu ver, o MÍNIMO ao se escrever um livro é fazer uma pesquisa bem feita - ainda mais quando é uma pesquisa rápida e extremamente simples.
O que ocorre é o seguinte: a autora conseguiu errar praticamente todos os passos do experimentos das alunas. Vou listar para vocês:
1. a amostra de sangue é colocada numa PLACA DE PETRI (placa voltada para cultivo de culturas de bactérias/fungos). E aí, como se não fosse ruim o suficiente:
2. a placa de petri é levada ao microscópio;
3. o microscópio fictício aparentemente não tem ajuste de foco (macrômetro/micrômetro) porque uma das meninas usa óculos e ao tirar ele, ela simplesmente não consegue ver nada na PLACA DE PETRI;
4. uma das meninas olha a GOTA NA PLACA DE PETRI e rapidamente consegue identificar qual o tipo sanguíneo E O Rh da pessoa.
Ai gente…haja paciência. Lâmina, lamínula, anticorpo antiA, antiB…é o básico de pesquisa para se colocar numa obra que você está dando tanto de si.”
Prontinho. Acredito que já deu pra ter uma noção da vergonha que a autora passou à vista. Acham que acabou por aí? Não, não não.
Ela finaliza correndo na história, e do nada…
SPOILER SPOILER SPOILER
A amiga que estava em coma desde o início acorda e, por ter uma deusa da guerra aleatória no corpo dela vai para a formatura da turma, resolve atirar nas pessoas (só depois que a principal acha ela, claro) e no fim é morta. O livro todo fala sobre terem que salvar a menina…e no final a autora achou que o melhor para sua história é a tal menina ser morta com um tiro na cabeça pela melhor amiga. E claro, como toda obra maravilhosa como essa, ainda deixou um final em aberto para uma sequência.
Achei péssimo. Acredito que tenha conseguido convencer algumas pessoas do porque me recuso a deixar de criticar um livro que não gostei - brasileiro ou não. Não é porque o livro é nacional que a gente tem que aceitar qualquer coisa mal escrita. Acredito que a autora tenha potencial para escrever algo bom… mas aqui ficou claro que ela se esforçou o mínimo em relação à pesquisa. É um ótimo exemplo de que para escrever um livro não basta ter a ideia e fim. Livros dão trabalho…é preciso pesquisar e se entregar bastante na história, não basta ter uma ideia e querer escrever.
Por fim, deixo claro que temos muitos nomes de peso em nossa literatura, tanto os clássicos como os contemporâneos (oi, aline bei, itamar vieira júnior e raphael montes) e a gente elogia quem merece.