eletrocardiodrama

eletrocardiodrama Germana Zanettini




Resenhas - eletrocardiodrama


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Tayná 07/06/2021

Encantamento
Esse livro foi uma surpresa muito boa, encontrei ele nas citações de outro livro, foi amor a primeira vista e ainda bem.
Eu como aspirante a poeta pude aprender tanto com a Germana, a forma com que ela dança com as palavras é tão linda, inteligente e sensível, me inspirou a escrever mais e melhor. Marquei quase o livro todo porque com certeza fui marcada pelo livro.
Recomendo a absolutamente todos que gostam de poesia, em minha experiência alguns poemas foi preciso ler mais de uma vez, ou duas, para compreender, o que foi ótimo e só enriqueceu minha perspectiva, assim como há também os poemas curtos, objetivos e de fácil entendimento.
Comecei ele por acaso e sai dele encantada.
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Krishnamurti 30/06/2017

ELETROCARDIODRAMA DE UM CORAÇÃO EM 77 PULSOS POÉTICOS
Eletrocardiograma, como se sabe e muitos temem, é um exame médico que registra as voltagens do coração e que determina os eventos elétricos pelos quais passa o músculo cardíaco. A Editora Laranja Original recentemente publicou o livro da poeta Germana Zanettini “Cardiodrama” (trocadilho com o exame médico), que nesse seu primeiro livro editado apresenta-nos 77 poemas. Boa parte deles pequenos, beirando o haicai, nos quais pulsa uma lírica de variados matizes existenciais. Ler esses poemas de Germana na ambiência de um título assim nos remete à palavra “pulso” e correlatas:
Há no livro um sentimento enfático quanto ao drama do amor malfadado, aquele que se julgava duradouro e que acaba, se esgota porque traído, ou falta-lhe a mão dupla da correspondência, e deixa palpitações de saudade quando o coração entra em ritmo acelerado, aquela sensação de batimento cardíaco alterado, irregular. Um amor tal e tanto que por vezes se manifesta assim:
“não falarei sobre o que sinto quando tua boca fala o que sente em meu ouvido e tua língua fala a língua da pele do meu umbigo e tuas mãos descortinam o meu vestido e meu corpo se abre porta janela postigo não falarei do perigo do temor do tremor que sinto não falarei sobre nada disso apenas me farei rio e fluirei e fugirei contigo” – afluente.
A mágoa pulsante percorre poemas como: “sílaba”, “miragem”, “se eu ainda soubesse o seu CEP de cor”, “triângulo amoroso pronominal” e “parei de inflar o teu ego”, este último declara vingativo:
“parei de inflar teu ego / com meus preciosos versos
não, eles não expressam / o que já não é mais mútuo
abra as mãos e receba / esse derradeiro poema / como um balão
murcho”
No mundo desequilibrado em que vivemos a autora perscruta o que palpita dolorosamente a denunciar razões da triste taquicardia de mal estar social desta nossa “festa / mesclada / a este insuportável asco”. Assim encontramos estrofes como:
“as mulheres da televisão / são puro tesão / sexys, porém nunca / vulgares / elas gostam / de qualquer posição / e gozam / sem preliminares” poema “As mulheres da televisão”
Ou:
“estive em wall street, é verdade, mas saí sem entender / quase nada daquela parte da cidade / no entanto, lauro, eu sei tudo sobre os hábitos / dos esquilos que habitam o central park
confesso: não compreendo os índices financeiros / mas manuseio o índice de um livro como ninguém (contos são tão melhores do que contas)
lauro, nada que custe os olhos da cara / se compara ao olhar de quem a gente gosta / que é de graça / e essa é a graça da coisa / e hoje em dia tem tanta coisa valendo mais do que gente” – poema “ao Lauro do telemarketing”.
Todavia, e é importante registrar, que se aprende a contornar as “arritmias”, das disfunções amorosas também pela compreensão de outras perspectivas da vida: Poema “amar a inconstância”:
“amar / a inconstância / da vida
arremessar ao mar / essa velha ânsia / de âncora
e, na feia / tempestade / da impermanência, /
enxergar / a autêntica beleza / do efêmero
ter olhos / para o traçado / de luz
e ouvidos / para a reza / do raio:
milagre estampado / no céu / de setembro”
Um metapoema como “raso é o poema”, é uma verdadeira parada cardiorrespiratória de êxtase criativo:
“raso / é o poema / para tão profundo / rasgo / no corpo / da página
ninguém disse / que fácil seria / o buraco é sempre / mais embaixo / - a sete palmos / da tua agonia
o sangue ainda / jorra da velha ferida: / há sempre lava / coagulada / sob crateras adormecidas?
há sempre o sempre / a hibernar perene / nas hipérboles / das retinas?
rasa / é a poesia / para tão incisiva / vida”

Entretanto, quando a autora parece maturar sua lírica, e deixa-se levar por um estado de repouso reflexivo, serenidade e quietude, quando a “freqüência” poética, (a exemplo da cardíaca no sono) é lenta, mas firme, é que Germana produz uma irrigação de sentimentos mais efetiva, mais abrangente, a sugerir um transfusão de alma como esta:
“Há uma árvore dentro de mim”
hoje acordei e vi: / há uma árvore / dentro de mim
que sonha / com o sol súbito / das manhãs
e as cores / caleidoscópicas / dos jardins
e nos dias / em que a chuva / cai assim
ela deságua em / verdes quereres / de ser semente
podar seus ramos / correr lonjuras / se fazer oceano
e diz que precisa voltar / e ouvir deus / na voz do vento
e a reviver a fé / nas verdades / de dentro
há uma árvore / dentro de mim / que sonha com asa
enquanto dorme em silêncio / enraizada / no cimento da calçada”
Chega-nos ao conhecimento por outros “relatórios médicos”, que a autora possui um coraçãozinho jovem, é tradutora, jornalista e já foi selecionada em alguns concursos literários de expressão nacional. Este “Eletrocardiodrama” confirma seus méritos. O diagnóstico de uma coisa assim só pode ser o de que há ainda muita, muita vida poética e bela pela frente, que venham outras “cardiotramas” criativas, e haja coração!
Livro: Eletrocardiodrama – Poesia, de Germana Zanettini, Editora Laranja Original – São Paulo, 2016, 103p.
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