Radio Guerrilha

Radio Guerrilha Matthew Collin




Resenhas - Radio Guerrilha


4 encontrados | exibindo 1 a 4


Tuyl 04/06/2021

Quando o comprei, imaginei um caminho todo diferente. De qualquer forma, um ótimo livro, mostrando bem o que foi aquele momento.
comentários(0)comente



Coruja 25/08/2015

Estou numa fase de leituras históricas, em especial relatos de conflitos: terminei um sobre a batalha de Waterloo; segui para outro acerca do fim da Iugoslávia, indo da limpeza étnica na Bósnia até a a guerra em Kosovo e estou agora às voltas com os relatos de Tólstoi em Sebastopol, durante a Guerra da Criméia. Têm sido leituras muito interessantes e hoje vou falar, especificamente, da segunda leitura dessa lista.

Rádio Guerrilha é um livro reportagem sobre os anos de esfacelamento da Iugoslávia sob o governo nacionalista de Slobodan Milosevic. É uma história que não está tão distante de nós: eu era menina de tudo à época, mas tenho a lembrança de ouvir falar sobre Kosovo e bombardeios em Belgrado. Mais tarde, eu estudaria um pouco do assunto na cadeira de direito internacional na faculdade, falando de intervenção e tribunal penal internacional, mas não cheguei a entender, realmente do que se tratava o barril de pólvora das etnias nas Balcãs.

Embora não faça assim tanto tempo - Milosevic só veio cair em outubro de 2000 - não parece haver muito conhecimento sobre o que aconteceu naquela época. Temos a propaganda ocidental que tenta justificar os bombardeios da OTAN, mas o que estava acontecendo lá dentro não é tão disponível - e, no mais das vezes, o papel do Ocidente na continuidade de Milosevic, especialmente após o fim do conflito na Bósnia, é apenas relanceado sem grandes aprofundamentos.

O que achei interessante no livro de Matthew Collin é não apenas que ele conta a história do outro lado, como essa é uma história que gira em torno do cenário de cultura e mídia independente que fez frente ao governo de Milosevic - em especial a rádio B92, que entre rock’n’roll e notícias, tornou-se um foco de resistência à campanha nacionalista que transformou a Sérvia num pesadelo de guerra, criminalidade e corrupção.

Propaganda, exploração cultural e manipulação midiática são matéria básica para qualquer aprendiz de ditador e Milosevic soube utilizar muito bem esse arcabouço - quase tão bem quanto Hitler que, se por um lado era um assassino megalomaníaco, por outro foi uma sumidade do saber publicitário. O importante aqui é que seus opositores também souberam usar dessas ferramentas e entender que até mesmo ouvir coisas diferentes do folk pop abraçado pelo governo era uma forma válida de resistência.

Fiquei impressionada especialmente com os relatos das manifestações em Belgrado e no uso do humor pelos manifestantes e muitas das passagens do livro me lembraram situações que estamos vivendo hoje no Brasil - até os famosos panelaços quando de pronunciamentos políticos em TV aberta.

Irritou-me de início algumas ingenuidades como a expressão “os homens maus” e a falta de fontes citadas para os relatos que pontuam toda a obra, mas depois cheguei à conclusão que parte da ironia deve ter se perdido na tradução (porque depois fui reler alguns pontos que achei problemáticos e cheguei à conclusão que essa era a melhor explicação, levando em conta o conjunto da obra) e que, considerando que ainda após a morte de Milosevic, havia gente que tinha medo de ser assassinada por ‘saber demais’, o anonimato era necessário para proteger as pessoas que tinham aceitado falar com o autor.

De mais a mais, Rádio Guerrilha é um relato assustador, mas necessário, que nos mostra como se constrói a imagem de um ditador e se manipula uma nação para que ela se torne cúmplice de seus desmandos. Mais importante, ainda, é o exemplo que dá de determinação, coragem e resistência para lutar por liberdade e pela verdade.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2015/08/para-ler-radio-guerrilha.html
comentários(0)comente



Lipe 28/04/2013

Ótimo livro!
Estou achando o livro ótimo, não tenho reclamações. Ele retrata bem o que Slobodan Milosevic fez com a Sérvia durante seu mandato, e como os jovens faziam para se defender, se sentir á vontade nessa época de guerras.
comentários(0)comente



Julia.Eleguida 04/06/2017

Radio Guerrilha: Rock e Resistência em Belgrado
Matthew Collin
tradução de: Marcelo Orozco
Ed. Barracuda


O mote do livro é contar sobre a rádio independente B92, que com sua programação de músicas alternativas e notícias enfrentou o governo do autoritário Slobodan Milosevic, na Iugoslávia. Passa num momento pós-união soviética e expansão do neoliberalismo no ocidente, um período de final dos 80 a 2004.


Em idos de 1989, a Iugoslávia era uma república formada por várias etnias, sérvios, bósnios, albaneses, muçulmanos, Milosevic, integrante do Partido Socialista ganha as eleições na parte sérvia e munido de um ideal nacionalista declara guerra as outras etnias, se unindo com partidos extremamente nacionalistas, de ultra-direita.


Implanta um regime autoritário, que aumenta sobremaneira o financiamento da polícia e de material bélico, além de fomentar grupos paramilitares, muitas vezes regimentados em torcidas organizadas de futebol. Começa o extermínio dos outros povos e a fragmentação da Iuguslávia, primeiro Eslovênia e Croácia, Bónia, Kosovo e Macedônia. E a economia do país se esfacela, salário diminui, empregos escasseiam, comida falta, as pessoas passam a ter que comprar de contrabandistas.


"Era o capitalismo de sobrevivência em ação: brutal e impiedoso. A Sérvia era controlada por uma mistura de patronagem, suborno, contrabando, nepotismo e força física. Apesar do alegado socialismo do partido governista, o Estado bateu em retirada, levando seus ganhos e deixando o povo lutar por suas sobras” (p. 229).


A imprensa é manipulada, a estatal só passa propaganda governista, e as televisões permitidas vivem de entretenimento barato, jornalismo de celebridades, como o casamento do gangster dono de time de futebol e a cantora da sensação do momento, o turbo folk (traduziria como sertanejo). Regime tirânico, manifestações reprimidas, manifestantes presos, dissidência política assassinada. A rádio foi fechada diversas vezes, teve que mudar de nome, seu nome anterior foi usado pelo regime como uma rádio pró-governo.


E muitas vezes as pessoas não tinham informações sobre a guerra de extermínio, pois a televisão manipulava tudo, só através das mídias alternativas, como a rádio, e a internet. No livro fala que a guerra da Bósnia é a primeira guerra narrada através da internet, onde as pessoas podiam ter acesso a CNN e a Sky. Descreve também, o jeito como eles conseguiram instalar e burlar o sistema, através da rede universitária, e uso de provedores em outros países.


O livro é contado pela visão do Inglês Mattew Collin, a partir de matérias e livros que ele leu sobre a Iugoslávia e Sérvia, e entrevistas com jornalistas, pessoas que participaram da rádio, moradores da região (alguns textos ele copiou de blogs escritos durante as guerras). É bem descritivo, tem passagens que você pensa como um governo faz tão mal para tanta gente, algumas, putz parece que eu já vi isso em algum lugar, imprensa pró-governista mudando de lado depois que o regime caiu, como se nada tivesse acontecido. Europa que deixou a população se ferrar por dez anos, depois financiou a queda do regime, apoiando financeiramente a imprensa alternativa e grupos de oposição, e ao mesmo tempo bombardeando a Sérvia durante a guerra de Kosovo através da Otan.


É complicado porque é a visão de um inglês vendo tudo de fora, não tem a mesma vivência de quem passou por tudo aquilo, tem uma hora que ele discorre sobre o que a juventude poderia fazer, os que tinham dinheiro se mudaram, os que não tinham eram confrontados com o enriquecimento de gangsters, que viviam de contrabando e de financiar os grupos de extermínio, ver teu país tomado por máfias, e se protestasse poderia acabar espancado, ou morto.


Eu li e fiquei ainda mais admirada dos cineastas do país, sou fã do cinema do leste europeu, como tu consegue criar, fazer algo num momento tão cruel, Kusturica fez Underground de 1992 e 1995, Srdjan Dragojevic que já fez filme sobre a guerra, (que eu não assisti), mas vi um recente dele, irônico, La Parede, que fala da união de diversas etnias em defesa da luta lgbt, e quando vi não tinha a dimensão do que foi a guerra étnica nesta região. Cito também o húngaro György Pálfi, que em Taxidermia, faz um filme surreal, sobre as passagens do regime soviético para o capitalista, e seu impacto em 3 gerações.


Mas as bandas de rock que o cara cita no livro, são muito ruins, e ele faz um esforço, cita referências de Rolling Stones a Velvet Underground, ai vai procurar amarradão, e é aquela decepção, se eu entendesse o que os caras falam, talvez eu teria uma opinião melhor. O turbo folk então, poperô desgraçado.
comentários(0)comente



4 encontrados | exibindo 1 a 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR