Prof. Roberta 26/11/2017Apresentando um lado tóxico da guerra"O nacional-socialismo foi tóxico" em todos os sentidos.
O livro nos apresenta uma excelente pesquisa nos arquivos nazistas sobre o uso de drogas, em especial a metanfetamina, tanto pelos soldados alemães quanto pela população alemã da época. Levanta a tese de que tal uso foi um dos grandes responsáveis pela própria existência da "guerra-relâmpago".
Além disso, faz um mergulho profundo e muito bem estruturado sobre os arquivos e prontuários do Doutor Morel a cerca de seu "Paciente A", ou seja, Adolf Hitler, acompanhando todas sua trajetória como médico do Führer e o quanto foi interferindo na saúde de Hitler positiva e negativamente e, ao mesmo tempo, na própria estrutura da guerra, desde suas primeiras injeções aparentemente inofensivas de Glicose e Vitaminas até as aplicações de testosterona, opiáceos, opioides e metanfetaminas para dar a aparência de vida e entusiasmo a um führer trêmulo e decadente, dependente químico e em constante síndrome de abstinência.
O livro não exime a responsabilidade do nazismo de suas crueldades, apesar de colocar que uma parte delas certamente foi provocada e/ou estimulada pelas substâncias químicas tão presentes na circulação e atuantes no cérebro de seus adeptos.
No entanto, o foco foi apenas um lado da guerra. Hoje sabemos que do lado Aliado, igualmente houve abuso de drogas, muitas delas. Coisa apenas superficialmente citada no livro e sobre a qual ficamos na esperança de que um dia apareça uma obra. Afinal, em uma guerra, não existe lado bom. Ambos matam, ambos torturam, ambos cometem crueldades com o próximo e com seus próprios soldados.
Enfim, uma ótima obra, mas carente de sua "metade complementar".