Vanda 11/07/2017
História linda e emocionante
Antônio Moraes Fernandes, 30 anos, analista financeiro em uma empresa do ramo têxtil. Se fosse possível, gostaria de morrer dormindo e acreditava que a morte era o fim de tudo. Viveu o que ele acreditava ser um grande amor. Teve seu noivado desfeito dois anos antes. No dia do inusitado encontro mostrava-se sisudo, tenso, triste, mas isso não impediu que ela o reconhecesse como seu “cavalheiro perfeito” e que ele a seguisse num aventura que mudaria sua visão sobre a vida e sobre o amor para sempre.
Lilás, 23 anos, cabelos lisos e loiros, motoqueira, dona da gargalhada mais melodiosa que Antônio já tinha ouvido na vida. Vivia perigosa e apressadamente, sem destino definido. Dizia o que pensava, de maneira clara e direta, afirmando que esse era o efeito de se estar morrendo. Acreditava que a morte não era o fim, mas sim o fator que nos impulsiona a viver o máximo possível no pouco tempo que temos.
A autora apresenta ao leitor todos os dramas, aventuras, questionamentos, alegrias, tristezas e o surgimento da paixão arrebatadora entre Antônio e Lilás, dia a dia, durante 30 dias, como se estivesse escrevendo um diário. O primeiro dia, como todos os demais, foi impactante e repleto de surpresas, pois Lilás, uma total desconhecida, sem nenhuma apresentação ou cerimônia, sentou-se à mesa de Antônio, que estava no restaurante para almoçar e, rindo nervosamente, soltou a seguinte fala: Oi! Tenho um aneurisma no meu cérebro. Sou uma bomba ambulante e posso morrer neste exato segundo. Após um breve e intenso diálogo no qual Lilás não forneceu a Antônio nenhuma pista de quem era e nem de onde vinha, despediu-se pedindo-lhe um cartão de visitas, deixando-o intrigado, num total estado de espanto e admiração por aquela mulher tão intensa em suas convicções e, ao mesmo tempo, tão misteriosa.
Antônio pensou em Lilás nos seis dias seguintes e torcia para que ela fizesse contato com ele, já que ela não forneceu nenhuma informação ou pista para que ele a encontrasse. No sétimo dia ela apareceu em seu trabalho apresentando-se à Lucia (secretária de Antônio) como sua namorada. Seus cabelos agora estavam lilás e ondulados. Após muito espanto e emoção aceitou o convite de Lilás para almoçar. A partir desse dia, sempre através de contatos feitos por Lilás, pois ela continuava se recusando a fornecer sua identidade completa e endereço, passaram a viver dias de aventuras, descobertas, prazer e de muitas emoções.
Visitaram e prestaram serviços voluntários para uma ONG que cuidava de animais abandonados, dançaram sob a luz das estrelas, jogaram todas as regras para o ar. Sorriram, choraram, sentiram medo, tristezas, alegrias, confessaram seu amor pelo outro. Sentiram-se intocáveis e invencíveis, assim como, sentiram-se, também, totalmente vulneráveis e submissos à ação do destino em suas vidas.
No vigésimo nono dia, dia dos namorados, ela o levou ao aeroporto para observarem a dinâmica das chegadas e das partidas, para que sentissem de perto a emoção dos reencontros que a chegada proporcionava assim como a dor da perda que a partida provocava. Foi ali, no aeroporto, que Lilás pediu para que Antônio se despedisse dela. No dia seguinte Lilás se despede de Antônio prometendo que o dia seguinte seria diferente, pois ela o apresentaria a sua família.
Bem pessoal, o desfecho vou deixar para vocês conhecerem quando lerem o conto. Posso lhes garantir, sem medo de errar, que é comovente. A autora conseguiu concentrar em um conto de 34 páginas, emoções das mais diversas. Utilizou uma linguagem clara, limpa, direta e comovente. Dosou, de maneira harmoniosa, humor e drama, tristezas e alegrias, causando expectativas e suspenses sobre o dia seguinte dos personagens, fazendo com que o leitor se interesse e desfrute da história até a última palavra escrita, alem de provocar reflexões sobre o quanto os caminhos da vida podem ser, por instantes, gratificantes e maravilhosos e, em outros instantes, complicados e incompreensíveis. Fala, sem retoques, da vida como ela é, com seus dilemas, tragédias, imposições do destino, casualidades, encontros, despedidas, tristezas, alegrias, mas, não são desses e outros elementos que a vida é constituída? Acrescente a tudo isto uma narração muito bem amarrada, coerente, crível, sem exageros, e uma linguagem simples, atual, concatenada e naturalmente bonita.
Li, amadorei e recomendo!
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