Bárbara
28/01/2020Temas super importantesUm dos grandes nomes na atualidade no que se refere ao feminismo negro é Chimamanda Ngozi Adiche. Nascida na África, no final dos anos 70, ela dedica-se a mostrar ao mundo, através de seus livros, temas como a Nigéria e, especialmente, o preconceito com o imigrante africano. Outros temas bastante abordados em suas obras são a desigualdade de gênero e a injustiça social.
"No seu pescoço" é o primeiro livro de contos da autora. Em seus 12 contos, somos convidados a conhecer mais a fundo a cultura nigeriana, um país rico, mas oprimido pelo governo de Abacha, presidente do país nos anos 90. Cada estória narrada é independente das demais; entretanto, há alguns pontos em comum: mulheres nigerianas, choque cultural, rascismo. Outros temas são também tratados: luto, opressão, relacionamentos tóxicos, luta por liberdade financeira, machismo.
Outro ponto que também merece ser destacado é a necessidade - da parte de estrangeiros - de tentar se adaptar ao american way of life, americanizando-se e, por consequência, esquecendo-se de suas raízes. Os contos fazem sempre ponte entre a África e os Estados Unidos, e mostram o sonho e a comemoração de muitos nigerianos por "ganhar na loteria do visto americano". Contudo, ao chegarem à terra dos sonhos, a realidade cruel é mostrada, e eles são obrigados a morar em lugares aquém do que esperavam, e a ter um estilo de vida pior do que levavam na África. Se a realidade é difícil para os estrangeiros em geral, o que dizer das mulheres africanas? A intolerância segue de mãos dadas com essas mulheres, mesmo que tenham estudo e competência para ter uma vida melhor. Sofrem pelo simples fato de serem mulheres - e negras.
Destaco os contos: "Os casamenteiros", "No seu pescoço", "Amanhã é tarde demais" e "A historiadora obstinada". É impossível ler o livro e passar incólume. Através da Chimamanda, porta-voz de um povo tão pouco retratado, podemos levantar o véu da ignorância e conhecer uma cultura e um povo tão rico quanto o nosso. E, sem sombra de dúvida, descobrir mais de um ponto de vista, evitando a história única, mas plural.
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