Resenhas - A Instituição da Religião Cristã- Tomo 2

Hélio 31/07/2021

A Instituição da Religião Cristã
Concluída a leitura do Tomo 2, livros III e IV das Institutas da Religião Cristã, a principal obra do teólogo francês João Calvino, e também a obra magna de toda a teologia produzida pelos reformadores. Eu já havia lido a edição clássica das institutas da editora Cultura Cristã, mas confesso que achei a linguagem desta edição da Unesp bastante superior, muito mais fácil de entender.

Calvino como era um profundo conhecedor das Escrituras Sagradas, tem a sua teologia bem fundamentada na Palavra de Deus, fazendo sempre muitas citações bíblicas em toda as Institutas. No livro 3 ele fala sobre a graça de Deus, sobre a vida cristã, sobre a importância da oração e vários outros temas. No livro 4, Calvino faz duras críticas a igreja católica e ao papado romano. Fala sobre os sacramentos, o batismo e a santa ceia. Mas, apesar de João Calvino ter escrito sobre vários temas da teologia, ele sempre só é lembrado pela maioria das pessoas, pelo o que ele escreveu sobre a doutrina da eleição ou predestinação. Porém a obra de Calvino vai muito além, de apenas, só sobre soteriologia. Por exemplo, os quatro livros das Institutas somados contém 80 capítulos, e destes, apenas em quatro capítulos, no livro 3, os capítulos 21, 22, 23 e 24 ele fala especificamente sobre a doutrina da eleição. Esses quatro capítulos juntos somam 65 páginas, e toda a obra tem mais de 1400 páginas. Ou seja, por tudo que ele produziu, quando se fala de Calvino ou calvinismo, relacionar sua obra apenas a doutrina da predestinação não é correto, pois, aqueles que têm uma soteriologia diferente, rejeitam logo seus ricos escritos, sem ao menos saber do que se trata.

E para aqueles que rejeitam o pensamento de Calvino por causa de sua soteriologia, sem ao menos conhecer sua obra, deveriam ler as Institutas. Calvino rebate as críticas daqueles que acusam a Deus de não agir com justiça, devido a doutrina da predestinação defendida por ele e inicialmente por Agostinho. Ele mostra que todos são culpados, e o fato da misericórdia de Deus socorrer alguns não torna Deus injusto. Mas, os que serão condenados, serão por seus próprios pecados. Calvino também refuta as acusações daqueles que dizem, que se a doutrina da predestinação prevalecer, pouco importa se viverem de "qualquer jeito". Calvino fala duro e diz: que "estes porcos com suas blasfêmias, com este pretexto zombam de todas as admoestações e repreensões de Deus contra o pecado". Citando Paulo, diz que Deus nos escolheu para que levemos uma vida santa e irrepreensível diante Dele. (Ef 1:4).

Marcos606 07/05/2023

Calvino foi o principal reformador protestante francês e a figura mais importante da segunda geração da Reforma Protestante. Sua interpretação do cristianismo, A Instituição da Religião Cristã, foi publicado pela primeira vez em 1536 e foi revisado e ampliado por Calvino em várias edições antes da edição definitiva ser publicada em 1559.

A primeira edição, escrita em latim e publicada em Basel, onde Calvino estava exilado, incluía uma dedicatória ao rei francês Francisco I. Calvino pretendia que seu trabalho fosse uma declaração das crenças protestantes francesas que refutariam o rei, que perseguia os franceses protestantes chamando-os incorretamente de anabatistas (reformadores radicais que desejavam separar a igreja do estado). Consistia em seis capítulos que discutiam os Dez Mandamentos, o Credo dos Apóstolos, a Oração do Senhor, os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor, os sacramentos em disputa e a liberdade cristã. A maioria dos temas do pensamento maduro de Calvino estava contida na primeira edição

Calvino tem sido frequentemente visto como pouco mais que um sistematizador dos insights mais criativos de Lutero. Ele seguiu Lutero em muitos pontos: sobre o pecado original, as Escrituras, a dependência absoluta dos seres humanos da graça divina e a justificação somente pela fé. Mas as diferenças de Calvino com Lutero são de grande importância, embora algumas fossem em grande parte questões de ênfase. Calvino ficou talvez mais impressionado do que Lutero pela transcendência de Deus e por seu controle sobre o mundo; Calvino enfatizou o poder e a glória de Deus, enquanto Lutero frequentemente pensava em Deus como o bebê na manjedoura, aqui entre os seres humanos. Ao contrário de uma impressão geral, o entendimento de Calvino sobre a predestinação era virtualmente idêntico ao de Lutero (e de fato é próximo ao de São Tomás de Aquino), e, embora Calvino possa ter afirmado isso de forma mais enfática, a questão em si não é de importância central para sua teologia. Ele o considerava um grande mistério, a ser abordado com temor e tremor e apenas no contexto da fé. Vista desta forma, a predestinação parecia-lhe uma doutrina reconfortante; significava que a salvação seria cuidada por um Deus amoroso e totalmente confiável.

Mas, nos principais aspectos, Calvino se afastou de Lutero. De certa forma, Calvino foi mais radical. Embora concordasse com Lutero sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, ele entendia isso em um sentido totalmente espiritual. Mas a maioria de suas diferenças sugere que ele estava mais próximo da velha igreja do que Lutero, como em sua eclesiologia, que reconhecia a igreja institucional neste mundo, ao contrário de Lutero, como a verdadeira igreja. Ele também era mais tradicional em seu clericalismo; sua crença na autoridade do clero sobre os leigos dificilmente era consistente com a ênfase de Lutero no sacerdócio de todos os crentes. Ele insistiu também na necessidade de uma vida santa, pelo menos como sinal de eleição genuína. Ainda mais significativo, especialmente para o calvinismo como força histórica, foi a atitude de Calvino em relação ao mundo. Lutero considerava este mundo e suas instituições incorrigíveis e estava preparado para deixá-las para o Diabo, uma figura muito mais importante em seu universo espiritual do que no de Calvino. Mas para Calvino este mundo foi criado por Deus e ainda pertencia a ele. Ainda era potencialmente o reino de Cristo, e todo cristão era obrigado a lutar para torná-lo realidade, colocando-o sob a lei de Deus.

Sidney.Muniz 29/10/2022

João Calvino foi um grande expositor das verdades Bíblicas. Pelos comentários das Institutas, fica bem acidente que ele era um homem piedoso.