As rãs

As rãs Mo Yan




Resenhas -


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Carlos Henrique 10/09/2021

A leveza da escrita amaciando uma dura realidade
Em 'As Rãs' o narrador tenta contar a historia de Wan Coração, a tia famosa na região como obstetra mas também como a ferrenha responsavel por cuidar da política do filho único implantada na China nos anos 70. Em parte vista como heroina por trazer ao mundo milhares de bebês da região, a tia Wan se torna também vilã ao combater os costumes e superstições da população em prol do controle de natalidade, levando tal luta até as últimas consequencias. Assim como em 'Mudança' fiquei com a sensação de estar lendo personagens que poderiam ser daqui do interior do nordeste, pessoas que através dessa mistura de crenças e valores morais com a necessidade de sobreviver acabam desenvolvendo uma astúcia inocente, uma rebeldia com ética. Para um livro que trata de temas duros como o rígido controle de natalidade chinês e de momentos da revolução cultural a sensação final foi de ter assistido um filme do studio ghibli, cheio de cor, movimento e leveza.
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Marcos Nandi 10/05/2023

Fanatismo ao dever!
Que livro espetacular! É extremamente cruel, triste, e mesmo assim, é surreal de tão bom.

O livro na verdade é uma carta do protagonista ao seu professor, bem como, uma peça de teatro, contada em 9 atos.

O protagonista e narrador da história é um dramaturgo e tem por nome Wan Perna (era um costume antigo batizar crianças com nome de partes do corpo humano) e vai dar conta do momento histórico da China onde se havia muita fome, ao ponto das crianças comerem carvão, e o governo realizou de forma autoritária um planejamento familiar para barrar a densidade populacional.

A história transcorre no ano de 1953 e a tia do protagonista, especialista em obstetrícia, enfrenta resistência das velhas parteiras da época, que usavam modos arcaicos e perigosos. Isso lhe deu fama, porém, com o fim da prosperidade da China durante aos anos de 1953 até o ano de 1957 e o enorme número de nascimentos de crianças,o governo chinês começou a primeira grande onda de planejamento familiar.

A tia do protagonista era uma mulher que viveu apenas e tão somente pelo partido comunista. Sua vida amorosa foi triste, teve uma desilusão amorosa e nunca teve filhos. Ela era quem organizava e executava os trabalhos do controle de natalidade. Forçava o uso de comprimidos, vascetomia e claro, obrigava a realização do abortos, com graves consequências a quem desobedecesse a lei.

A regra era clara, depois da terceira gestação, era obrigatório fazer a ligadura, mesmo que nascessem só filhas em determinada família. Entre um nascimento ou outro, era necessário esperar um lapso temporal de oito anos. E para militares, a regra era ainda mais rígida.

No livro, o protagonista que é dramaturgo, escreve uma peça de teatro em 9 atos. E o teatro se encontra no livro. A peça perde um pouco o ritmo da obra, mas é interessante. Na peça, temos uma das personagens procurando o filho supostamente roubado que envolve a empresa de rãs (que é bem desenvolvido na história), e além disso, o teatro tenta explicar a fobia de rãs de uma das personagens, entre outras histórias.

O romance é bem mais interessante que o livro! Vale a leitura..
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