A Fogueira das Vaidades

A Fogueira das Vaidades Tom Wolfe




Resenhas - A Fogueira das Vaidades


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Jeff.Rodrigues 15/06/2019

Resenha publicada no Leitor Compulsivo
Ninguém escapa da vaidade. É uma daquelas características que compõe a essência do seu humano. Talvez a diferença esteja em saber como lidar com essa vaidade. Domá-la ou se transformar em seu servo. Depende de cada um. Na loucura de uma grande metrópole movida a dinheiro, status social e diferenças gritantes entre pobres e ricos, a vaidade pode assumir variados contornos e ser responsável pelo sucesso e fracasso de reputações e carreiras. Em síntese, dependendo do caldeirão sociocultural em que estejamos mergulhados, a vaidade se transforma em algo banal, parte da rotina.

A Nova York de fins dos anos 1980 mantinha claramente sua divisão racial, cultural e financeira. Existiam duas cidades. A dos brancos, ricos investidores de Wall Street; e a dos negros, confinados a bairros semelhantes a guetos e recheados de todos os tipos de problemas sociais imagináveis. A crônica dessa metrópole, um dos centros do mundo, foi escrita por Tom Wolfe de forma precisa e, arrisco dizer, um tanto imparcial. Para um autor branco, de excelente condição financeira, trilhar a tarefa de descrever os dois lados dessa Nova York sem cair em clichês preconceituosos poderia soar impossível. Principalmente para olhos como os nossos, acostumados a pré-julgar tudo pela ótica da divisão política. Sua missão, desnecessário dizer, foi bem cumprida.

Clássico da literatura do século XX, A Fogueira das Vaidades versa exatamente sobre o pulsar de uma cidade bem dividida. Foco da trama, a sina do milionário Sherman McCoy que se vê às voltas com a justiça – da lei e do povo, após atropelar e não prestar socorro a um jovem negro, não passa nem perto da densidade das sub-tramas que se desenrolam ao longo do livro. Cada grupo de personagens e seus núcleos desempenha um papel fundamental na obra e, no fim, se bem observarmos, ninguém está impune da vaidade. Ela não se restringe a título de livro, mas sim a essência que ronda pensamentos e atitudes de cada um envolvido nessa história.

A Nova York branca, rica, de Wall Stret desfila pelas páginas de A Fogueira das Vaidades em um tom que varia do descritivo ao ácido. Jantares suntuosos com pseudo-celebridades que roubam a cena por ostentarem uma fama que pouco tem de famosa. Jogos de interesses que variam de acordo com status e calibre financeiro. Rotinas de vida que se guiam pelo que o outro pode achar, falar, pensar. A Nova York de Sherman McCoy é ilusória. Hoje se está no topo. Amanhã se arrasta na lama.

A Nova York negra, do Bronx, é um terreno sem muitas leis. Os problemas sociais se amontoam e são explorados por religiosos sem muitos escrúpulos. Nela desfilam pessoas honestas que só querem levar uma vida digna e em paz. A elas se misturam delinquentes de todos os tipos e grupos de minorias muito bem manipulados para atender aos mais diversos interesses. Ali, a justiça toca uma música diferente e nem sempre está interessada em se fazer presente.

Quando Tom Wolfe decide fazer os caminhos dessas duas NY se cruzarem, explodem nas páginas de A Fogueira das Vaidades advogados, policiais, religiosos, vizinhos, patrões e empregados, policiais e promotores, juízes e jornalistas, milionários e delinquentes. A galeria de tipos movidos aos interesses mais diversos e nem sempre lutando pela mesma causa ou pela mesma justiça é fascinante porque convence. Entendemos claramente todas as motivações em jogo nas atitudes de cada envolvido no episódio do atropelamento, que vai levar a uma investigação que vai resultar em um julgamento que vai trazer caos para a vida de muitos. E por baixo dos tapetes escondem-se histórias sórdidas de vícios, traições, ganância, sexo e mentiras. É uma crônica crua da realidade.

Denso e minuciosamente bem descrito em todas as suas nuances, A Fogueira das Vaidades é um passeio por uma época que já não existe mais. Pelo menos não em sua íntegra. Muito do que é descrito no livro perdeu-se na evolução do tempo. Infelizmente muito da parte negativa ainda persiste em existir. Não há avanço que elimine certas práticas e pré-conceitos.

Tom Wolfe captou com olhar crítico e observador comportamentos sociais tão reprováveis quanto fundamentais para o funcionamento de uma sociedade. Os núcleos de personagens e suas características e motivações pessoais, sociais, econômicas e religiosas são um retrato de qualquer grande cidade mundo a fora. É uma leitura prazerosa e informativa. Ela provoca reflexão, mas é capaz, também, de tirar algumas risadas. As angústias íntimas de cada personagem se misturam com seus atos públicos, se confundem e acabam sendo manipuladas pelo sabor dos acontecimentos.

A Fogueira das Vaidades mistura sentimentos que vão da indignação e revolta ao ceticismo e à descrença. Há, no fundo, algum mocinho e algum vilão nessa história? Diria que não. A reputação da vítima é construída pela caneta de um jornalista interessado em alavancar sua carreira. O protagonista é um milionário covarde incapaz de domar sua vida. O promotor é movido pelas manchetes que o caso pode lhe render. O chefe policial mira uma reeleição ao cargo. O religioso quer projeção junto à comunidade… Vaidade. Vaidade. Vaidade. Um livro como poucos para chacoalhar nossa visão de mundo.

site: http://leitorcompulsivo.com.br/2019/05/31/resenha-a-fogueira-das-vaidades-tom-wolfe/
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Marcone 14/08/2012

Vaidade, tudo é vaidade

A estória de um homem branco, bem sucedido, que mora confortavelmente em Nova Iorque, num suntuoso apartamento de 3 milhões e meio de dólares. Certa noite, ao voltar do aeroporto guiando sua mercedes, pega uma pista errada por engano e vai parar no Bronx, onde se envolve num acidente com um rapaz negro.

É o ponto de partida para que o autor descreva o linchamento público a que será submetido o protagonista, com todos os ingredientes do caos do mundo moderno, como o ressentimento entre as classes sociais, a vitimização das minorias, o papel da mídia, as questões raciais, etc. Escrito nos anos 80, continua bem atual, no auge (da praga) do politicamente correto.

O livro tem bom ritmo. Tom Wolfe, um dos responsáveis pelo "novo jornalismo" na imprensa americana, evidentemente, sabe escrever de forma que a leitura flua, e o humor com que ele descreve algumas situações e personagens é muito divertido - como o jornalista inglês Peter Fallow, figura engraçadíssima, dono da maioria das cenas cômicas no livro.

O enredo é bem interessante, sem dúvida. Entretanto, não há nada de grande literatura aqui, algo que torne o livro numa obra indispensável; é uma boa estória bem contada, sem grandes sofisticações estilísticas - daí minha avaliação de 3 estrelas. Mas, enfim, recomendo sim a leitura, um ótimo exemplo da concretização da frase de Tolstói: "Se você não está interessado na guerra, a guerra está interessada em você."
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Mariosiq 16/04/2020

Por dentro da vaidade e ego dos personagens
Um livro maravilhoso do ponto de vista narrativo que hora está calçado no autor, hora dentro do ego e desejos mais íntimos dos personagens.

A estrutura narrativa tem um encadeamento facetado de acordo com que cada personagem vai se envolvendo e contando a sua versão.

O que mais gostei é esse possibilidade de visitar os pensamentos das personagens como se fosse uma biblioteca pública.

Sem dúvida um exército mental e egoico no qual temos a oportunidade de confirmar ou refutar nosso próprios pensamentos diante de inúmeras situações experimentadas por pessoas comuns, magnatas, influenciadores e poderosos.
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Julio.Argibay 25/07/2022

Obrigações
Vamos ao romance - Fogueira das vaidades de Tom Wolfe. Sherman beirando ainda seus trinta e poucos anos, tem uma filha de uns 5 anos, um bebê, uma empregada latina, uma babá inglesa, uma bela esposa e uma amante chamada Maria, traíra toda. Ele trabalha no mercado financeiro de obrigações Pierce & Pierce um dos maiores bancos de investimento de Wall Street. Ele e seus colegas acham que estão no topo do mundo, pois movimentam bilhões de dólares no mercado de obrigações. Toda esta pompa começa a ruir, quando ele e a amante passam por apuros no bairro do Bronx, num acidente de carro, depois de errarem o caminho para casa. Mas pelo menos, por ora, eles conseguem escapar. Agora, vamos conhecer o promotor, o Sr Krammer. Ele é judeu, pega metrô para ir ao trabalho, é racista e se sente inferior aos outros advogados por ganhar muito pouco. Ele trabalha no tribunal de justiça do Bronx, como promotor distrital assistente. As vidas dessas duas personagens estão prestes a se cruzarem. No já referido acidente, um garoto negro foi atropelado por Maria, na tentativa de se safar de um suposto assalto, e o rapaz depois de sofrer algumas escoriações foi levado ao hospital. Se aproveitando da situação relatada, o político, manipulador e corruptor, o Reverendo Bacon, entra no jogo. Ele está sendo acusado de desviar o dinheiro que deveria ser usado para a construção de uma creche no Harlem. A Senhora Lamb é a mãe de Henry, o jovem atropelado. Ela não pode ir a polícia pois tem um mandado contra ela por multas de estacionamento. O Reverendo Bacon tenta ajudá-la e tirar proveito político da situação. O Promotor Krammer e os detetives vão investigar o acidente, muito pressionados. Para isto conta com os detetives: Martin, um Irlandês, e Goldberg, um judeu. Os repórteres Pete Vogel e Fallow, um inglês, começam a acompanhar a estória, a pedido o reverendo e tem preferência na divulgação da matéria e se aproveitam disso. A comunidade negra e latina está revoltada. Pois consideram um crime racial. Sherman procura um advogado amigo de seu pai. Os detetives vão a casa dele e ele se sente ameaçado. Roland Auburn, o outro jovem que participou do acidente, está sendo acusado por tráfico de crack e Krammer propõe um acordo em troca de seu testemunho. Sherman é intimado e conversa com o chefe Lopwitz, o pai e a esposa. Ele é levado a delegacia, na data, chovia muito. Ele é fichado em meio a uma turba de jornalistas, curiosos, policiais e bandidos. Já em casa Sherman é perseguido por repórteres e ignorado pelos vizinhos. O advogado Killian consegue informações sobre Auburn e Maria, o que torna a situação de Sherman um pouco mais favorável. Quando Follow marcou uma entrevista com o marido de Maria, o milionário Ruskin, eis que o senhor tem um ataque cardíaco num restaurante chique da cidade. Assim, surge a possibilidade de Maria voltar de Como, na Itália, para Nova York. Assim Killian convence Sherman a conseguir dela uma declaração que incrimine sua amante. No enterro do Sr Ruskin, finalmente, Maria aparece e é convidada a dá esclarecimentos sobre o acidente. Sherman tenta uma confissão de Maria, mas não consegue, em parte. Maria diz ao juiz que foi ele que atropelou o jovem. A fiança de Sherman pode subir para meio milhão de dólares e ele sente que não poderia resistir a voltar para a prisão. Sua situação com a esposa se deteriora e ela viaja para o meio oeste com os filhos. Killian e sua equipe consegue uma gravação de Sherman e Maria que pode tirá-lo do sufoco. Chega o dia do julgamento. Kovtsky é o juiz encarregado. Ele inimigo político do chefe de Krammer, Weiss, mentor intelectual dele e não vai favorece-lo. Killian mostra as gravações ao juiz, que anula os procedimentos anteriores por vício no testemunho de Maria. A turba ao ser comunicada do fato, faz a maior confusão na sala de audiência e no prédio do tribunal. A equipe do juiz, tenta, com a ajuda dos policiais, sair de lá às pressas. O reverendo Baicon lá fora incitava a todos contra o juiz Kovtsky. Assim o romance acaba. Em seguida no epílogo, acompanhamos a situação de cada personagem, após uma ano dos fatos terem acontecidos. Assim a situação de Sherman não melhora e ele fica dava vez mais sem recursos. Considerações pessoais. Achei a obra muito sarcástica, ferina e retrata muito bem um momento vivido pela sociedade americana nos anos 80 em relação aos conflitos raciais e a importância de Wall Streat. Este romance acaba marcando o final de uma época. Idiossincrasias: depois de Balzac, o segundo volume de A comédia humana e ficar meio entediado pela falta de ação e uma pequena frustração por não acompanhar tudo que se passou com os personagens, por falta de atenção. Resolvi, graças a minha ignorância, ler esta obra mais atual, do autor até desconhecido para mim, Tom Wolfe, para dá uma aluviada na mente. Rsss. Depois descubro que o autor é um escritor Balzaquiano. Putz.
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Carlos.Eduardo 12/12/2022

Todo mundo vai queimar
Em algumas partes me lembrou Crime e Castigo, mas aqui temos a trama dividida entre três protagonistas, o que dá uma dinâmica de tirar o fôlego. Curti demais a crítica ácida em cima de absolutamente todos os grupos sociais. Wolfe consegue tratar de um assunto que hoje é tabu - os traços físicos e comportamentais característicos das diversas etnias/culturas - de uma maneira crua, mas sem menosprezo. E desenvolve a trama ao mesmo tempo em que disseca os personagens, a cidade e os bairros a partir dos mais variados pontos de vista. Impossível não virar fã.
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Ezequiel.Cesar 12/07/2023

Ritmo alucinante!
Confesso que iniciei a leitura sem muitas expectativas, mas conforme ia se desenrolando fui sendo cativado pela história.

Em poucos dias devorei esse calhamaço de quase 600 páginas. Único porém, achei o final um pouco apressado.
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Joshua Amaral 24/07/2019

Geração yupie anos 1980
Um livro que mostra sem medo como uma pessoa pode ser usada como bode expiatório para que outros consigam seus intentos!
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fz5k14 13/08/2009

Glória e queda
Tanto o livro com o filme excelente pedida.

Rico jovem de wall street vê-se envolvido com a pobreza do Broklin, e sua vida vai do céu para o inf ... ops sargeta.
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