A cidade solitária

A cidade solitária Olivia Laing




Resenhas - A Cidade Solitária


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Airechu0 10/11/2017

Tão sós!
Tão sós! O que significa estar, ser e se sentir solitário vivendo numa das maiores megalópoles do mundo? Quando se viu neste estado abandonada em Nova York após o fim precoce de um relacionamento, a britânica Olivia Laing se pôs a investigar a solitude em suas mais diversas formas e fez dela o tema de A Cidade Solitária, seu terceiro e mais recente livro.

Olivia é crítica de arte e literatura e colunista de diversos jornais onde escreve essencialmente sobre cultura, arte, literatura e comportamento. Seus livros anteriores alcançaram enorme sucesso de público e crítica não apenas pela pertinência e grande apelo dos seus temas, mas também pela clareza e requinte de sua narrativa que combina autoficção mesclada à biografia de personagens reais.

Aqui, com uma sensibilidade enorme, mas sem recorrer à pieguice a autora nos leva em um passeio pela biografia e pelas obras de diversos artistas nova-iorquinos que assim como ela foram de algum modo afetados pela solitude em algum momento da vida. A autora faz uma metáfora entre Nova York e a solidão, a qual afirma ser também uma cidade populosa na qual milhões de solitários residem, uns por um tempo e outros por toda a vida. É para todos esses membros uns dos outros nesta enorme cidade solitária que ela dedica seu livro.

O primeiro artista comentado é Edward Hopper, famoso por suas telas realistas com cenas tipicamente urbanas e contemporâneas, com seus jogos de luz e sombra e seus personagens inquietos com o que quase sempre parece ser uma aflição com a melancolia e a solidão desoladora, um vazio imenso e uma ausência do outro salientada pelas barreiras do concreto, das janelas, paredes, do vidro e pelo próprio corpo. Hopper era tímido, introvertido e vivia um relacionamento problemático com a esposa e embora ele detestasse ter a solidão associada às suas obras é impossível enxergá-las e sentí-las doutra forma e talvez seja justamente esse imediato reconhecimento da solidão que torne Morning Sun, Automat, Nightwalks e tantas outras de suas telas tão populares e tão familiares.

No capítulo seguinte, “Meu coração se abre para sua voz”, Olivia foca em Andy Warhol, um dos ícones da pop art, das Latas de Sopa Campbell e das Marilyns, artista e também celebridade e uma vítima da própria fama. Andy era um homem extremamente tímido, com dificuldades de autoaceitação e de se relacionar com os outros, mesmo vivendo cercado de pessoas do circuito underground e da cena artística e intelectual de Nova York na Factory, seu famoso estúdio e ateliê. Olivia dedica um bom espaço para comentar sobre as entrevistas e gravações em áudio feitas por Warhol com um gravador, item que servia de intermediário entre o mundo e o verdadeiro Warhol e não a sua figura pública, alguém vulnerável, humano e intrinsecamente solitário.

A inusitada descoberta póstuma da obra de Henry Darger no prédio onde trabalhou como zelador em Chicago é o tema do capítulo “Os Reinos do Irreal”. Olivia busca remontar quem era tal homem e o que o motivou a retratar o que retratou em suas mais de trezentas telas e colagens e em seu monumental romance de mais de quinze mil páginas, nos levando fundo a um mundo de fantasia perturbador criado como uma contraparte para a solidão da realidade reclusa do artista. Suas telas incômodas e polêmicas reúnem elementos de contos de fadas, crianças em cenários coloridos e encantadores e num mesmo espaço cenas de tortura e de massacres em massa.

A cereja do bolo são os capítulos “Ao Amá-lo” e “No começo do fim do mundo” dedicados a David Wojnarowicz, um artista versátil, mas com um histórico deprimente por ter sido criado por uma família extremamente conservadora e incapaz de compreender a sua homossexualidade e que o submetia aos mais diversos abusos e violência na infância. Na adolescência e vivendo na mais completa miséria ele foi obrigado a se prostituir para sobreviver e contudo o que mais o fazia sofrer era a solidão extrema e para ela a saída que ele encontrou foi através da arte, a arte tornava sua dor tolerável e comunicável. Wojnarowicz foi uma das minhas maiores descobertas na leitura não apenas por suas séries fotográficas, com destaque para Rimbaud in New York, expressão da sua dor solitária e de liberdade, do saudosismo duma infância perdida e das possibilidades de conexão na grande cidade sobretudo entre as populações mais marginalizadas, mas por Wojnarowicz também liderar como ativista um grupo organizado de pessoas soropositivas no auge do preconceito e do mais completo descaso das autoridades americanas na década de 1980. Ele teve as cinzas espalhadas nos jardins da Casa Branca e em vida produziu telas, músicas, filmes, ensaios e críticas de arte, organizou exposições, instalações e performances deixando um extenso legado artístico.

Ao fim do livro, Olivia Laing aproveita para adentrar o mundo da superexposição e hiperconexão dos reality shows e da internet, espaços extremos onde tanto o anonimato quanto a total falta de privacidade nos prometem interação e conexão para além dos limites do público e do privado com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, mas mesmo ali, a solidão está presente desencadeando efeitos que ainda não dominamos totalmente. Olivia ainda retorna a Warhol e Wojnarowicz ao falar de forma emocionada e catártica das Time Capsules e da instalação Strange Fruit (for David), ambas sobre vínculos tênues e sobre a efemeridade dos mesmos diante da passagem do tempo e da morte ao término do livro.

Publicado no Brasil com tradução de Bruno Casotti pela Anfiteatro, novo selo de não ficção com enfoque em ideias e debates da editora Rocco, A Cidade Solitária possui acabamento simples em brochura, com capa emborrachada. O livro possui uma linguagem acessível, não é um estudo acadêmico e se aproxima mais dum ensaio, os capítulos são curtos e as referências e notas do texto principal são deixadas para o final, creio que para não atrapalhar a fluidez da leitura. Curiosamente a autora é também personagem evitando a onisciência distante dum narrador em terceira pessoa, ela escreve com a proximidade da primeira, dialogando diretamente com o leitor, sem filtros. Seu livro é como uma reportagem extensa, poética e com uma dose maior de subjetividade que aquela normalmente encontrada no jornalismo.

A Cidade Solitária se mostrou uma leitura das mais gratificantes, sensíveis e empáticas que tive nos últimos tempos. A priori o que me despertou o interesse por ele foi a relação entre a solidão e a arte nas biografias de alguns artistas cujo trabalho eu já conhecia e admirava, sobretudo Hopper e Warhol. Contudo Olivia entrega bem mais do que isso e saí profundamente tocado pela leitura, pelas biografias quase sempre problemáticas dos artistas, pelas interpretações e correlações das obras de arte com a cidade, seus personagens, temas e a sua imensa e aflitiva solidão, além é claro das descobertas que a própria Olivia faz de si durante o período em que lá vivia e escrevia compartilhando conosco muito mais do que sua visão técnica, mas também da sua companhia, sentimentos e solitude.

É possível experienciar em seu texto elegante, sensível e delicado tanto a angústia pela falta de contato e de proximidade quanto o impulso criativo proporcionado justamente por este sentimento. As telas de Hopper, as gravações em áudio de Warhol, o mundo irreal das colagens de Darger e as fotografias de Wojnarowicz, bem como o próprio livro de Laing, são todos expressões da solidão de seus autores, todos tentativas de estabelecer contato, proximidade e sentido frente ao isolamento com o mundo. Para quem se interessa minimamente por arte contemporânea ou pelo tema principal do livro, seja você um solitário em meio a milhões ou não, este livro é para você!

site: http://www.multiversox.com.br/2017/11/a-cidade-solitaria-aventuras-na-arte-de.html
João Vitor 25/03/2021minha estante
Como sempre, arrasando nas resenhas. Você me recomendou uma vez esse livro, e essa resenha só me fez ter a certeza que eu vou ler!




Rey 05/05/2021

Um livro necessário
Neste contexto "pandemônico", cidades solitárias é um livro obrigatório para todo leitor inveterado. Olivia Lang mistura relatos pessoais com biografias de artistas solitários que sublimavam a dor e o medo da solidão através da arte. Pinturas, filmes , esculturas e músicas serviram de ponte para comunicar ao público todo buliço que existia no mundo interior desses artistas, e Olivia fez um relato sensível e empático sobre o quanto a solidão machucava e ao mesmo tempo inspirava essas pessoas.
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regifreitas 12/12/2022

A CIDADE SOLITÁRIA: AVENTURAS NA ARTE DE ESTAR SOZINHO (The lonely city: Adventures in the art of being alone, 2016), de Olivia Laing; tradução Bruno Casotti.

Ao passar uma temporada sozinha em Nova York, após um relacionamento fracassado, a ensaísta Olivia Laing se dá conta da solidão que pode estar presente em uma grande metrópole. Preenchendo seu tempo com passeios pela cidade, e principalmente por museus e galerias de arte, ela começa a refletir sobre como a solidão influenciou e foi retratada por grandes artistas, principalmente das décadas de 1960 a 1980.

Trata-se de um misto de ficção memorialística e de estudo sobre esse sentimento. Laing cita diversos estudiosos que trataram do tema da solidão, e paralelamente mergulha na vida daqueles artistas e em suas produções. Muitos deles conviveram com a solidão desde jovens. Foram reclusos, inábeis socialmente, vivendo à margem da sociedade. Seus trabalhos acabaram refletindo esse isolamento.

Cada capítulo é dedicado a um desses artistas, sendo que uma das características em comum entre eles foi o fato de que quase todos - menos um - terem vivido em Nova York. Assim, Laing caminha pelas mesmas ruas que eles caminharam, frequenta lugares e ambientes nos quais eles também estiveram. Essa proximidade acaba trazendo um certo grau de gentileza da autora para com os seus retratados.

É um trabalho muito interessante, mas que aproveitei pouco por desconhecer a maior parte dos nomes e obras citadas. Edward Hopper, Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat eram os que eu conhecia de passagem, muito embora sem nenhum tipo de aprofundamento.

Haverá uma releitura futura, mas dessa vez procurando acompanhar mais detidamente, em paralelo, as obras analisadas. Creio que isso fará diferença.
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Lucy 02/03/2021

Solidão bem acompanhada
De Hopper a Andy Warhol, chegando aos reality shows, passando por algumas décadas de histórias e imagens icônicas de NY, o livro me surpreendeu por trazer uma reflexão tão delicada e forte sobre várias formas de solidão.

A principal delas, que permeia boa parte da obra, é a solidão das grandes cidades, especialmente de pessoas do meio da arte e da cultura que vivem cercadas. Mas também há a solidão da Internet, dos introspectivos, a solidão e o estigma da Aids, a solidão de quem é dissidente de alguma forma e outras.

Cada capítulo se concentra na história de uma personalidade, mas a autora vai carregando todos juntos ao longo da obra, estabelecendo relações e conexões interessantes entre eles, mesmo em diferentes tempos. Isso pra mim é o que foi além e adorei - a solução é uma chave para falar de pessoas e momentos históricos e culturais poderosos, em uma mistura que achei super rica.

Adorei.
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Gabriela Gonçalves 12/07/2022

Galera, que livro sensacional! Eu amei muito essa leitura e a maneira como a narrativa foi construída pela autora. Ela mistura suas memórias pessoais com as histórias dos artistas, fazendo paralelos sobre diversos assuntos. O tema da solidão é muito espetacular, e fica mais interessante de ler quando conhecemos as inspirações e histórias dos artistas que fizeram trabalhos artísticos baseados nesse tema. São obras que as vezes mascaram um grande sofrimento, que revelam uma intimidade de solidão, tristeza e violência. Eu quero muito ler o outro livro da autora que fala da relação da bebida alcoólica com autores consagrados, como o Fitzgerald. Com certeza uma das melhores leituras desse ano.
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Carol Vidal 26/02/2023

Que livro!
Gostei muito como a autora misturou suas vivências com a análise da vida e obra de artistas que, de alguma forma, trataram da solidão. Termino a leitura com vontade de mergulhar ainda mais nas obras desses artistas, a maioria dos quais eu não conhecia.
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Leandro506 13/02/2022

Leitura leve e interessante
"A solidão é perigosa e viciante. Quando você se dá conta da paz que existe nela, não quer mais lidar com as pessoas". Carl Jung
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Kristhine Santos 03/09/2022

A ideia do livro é boa, mas sinto que em alguns momentos a execução falhou, tornando o livro chato em algumas partes. A escolha de alguns artistas também, às vezes eu queria saber mais sobre as considerações da autora do que sobre a história do Andy Warhol. Acho que se fosse apenas as considerações e pensamentos dela sobre solidão teria sido um livro mais gostoso de ler.
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Paulo Sousa 20/05/2020

A cidade solitária, de Olívia Laing
Leitura 24/2020
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A cidade solitária [2016]
Orig. The lonely city: Adventures in the Art of Being Alone
Olívia Laing (UK, 1977-)
Editora Anfiteatro, 2017, 304 p.
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?E a dor dos outros? É mais fácil fingir que não existe. Mais fácil se recusar a fazer o esforço da empatia, acreditar, em vez disso, que o corpo do estranho na calçada é simplesmente uma imagem processada em computador, uma acumulação de pixels coloridos que deixa de existir quando viramos a cabeça, mudando o canal de nosso olhar? (Posição no Kindle 3215/77%).
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?Há muita coisa que a arte não pode fazer. Não pode trazer os mortos de volta à vida, não pode remendar brigas entre amigos, ou curar a Aids, ou conter o ritmo das mudanças climáticas. Mesmo assim, a arte tem funções extraordinárias, uma estranha habilidade de negociação entre pessoas, incluindo pessoas que nunca se encontram, mas que se infiltram na vida umas das outras e a enriquecem. Tem uma capacidade de criar intimidade; tem uma maneira de curar feridas e, melhor ainda, de tornar evidente que nem todas as feridas precisam ser curadas, e nem todas as cicatrizes são feias? (Posição no Kindle 3546/85%).
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Cheguei ao livro unicamente pela capa, já que nada sabia da autora nem do que se tratava. Nesses tempos de pandemia, quarentena e lockdown, foi natural o interesse em ler um livro com capa e título tão chamativos.
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Em ?A cidade solitária? a escritora britânica Olívia Laing narra o período em que se ?refugiou? em alguns dos bairros de Nova York, uma diacrônica experiência solitária em uma das cidades mais populosas do mundo. Ela começa falando sobre como a solidão é um elemento real e presente na vida das pessoas, sobretudo em tempos onde todos buscamos construir as relações com outras pessoas através do confortável e seguro distanciamento provido pelas telas retroiluminadas de nossos smartphones.
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Mas ela vai além, adensa sua prosa dinâmica e galante adentrando o universo de alguns artistas, como Edward Hopper, o supremo pintor da solidão americana, a cujas pinturas - olhares atentos aos pormenores de um abajur acesso - são as minhas preferidas ao lado das de Monet, tudo para falar como a cidade, apesar da dicotomia existente num lugar superpovoado, pode ser fatal para a evisceração dos indivíduos. Para embasar sua ideia, parte de episódios da vida de Hopper, já citado, do multiartista Andy Warhol, de quem já ouvira falar mas sem saber muito sobre suas peças e serigrafias, e outros a cujos nomes nunca havia ouvido antes, como o excêntrico cantor lírico Klaus Nomi, do escritor outsider Henry Darger, do pintor, escritor e fotógrafo David Wojnarowicz, da cantora negra Billie Holiday. Todos grandes e talentosos artistas. Todos com algo em comum: o sentimento de, por causa dos desajustamentos íntimos que levavam, eram tidos como problemáticos, excêntricos, incomuns e, por se sentirem como párias em seu tempo, usaram da arte como uma forma de linguagem que os permitisse se sentirem parte dos demais.
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Entremeando experiências pessoas, Laing discorre largamente sobre esses artistas. O leitor é apresentado a trabalhos surpreendentes na pintura, na música, na colagem, na arte publicitária, na literatura. Particularmente me chamou a atenção sobre o ?caso? de Henry Darger, um faxineiro que nas horas vagas coletava e acumulava objetos no lixo da cidade. Nesse ínterim, compôs painéis, montagens e também um livro com cerca de 16 mil páginas que retrata um universo paralelo onde abundam elementos sensoriais, violentos e de certa forma desconfortantes mostrando crianças sendo abusadas, o que foi considerado como fruto da mente de um pedófilo. Mas Darger na verdade buscava a paz com seus próprios fantasmas, retratando sua própria experiência quando criança numa espécie de orfanato. O livro um primor segundo a autora, só foi descoberto depois da morte de Larger, aliás algo tão comum com tantos artistas que, por não terem o reconhecimento devido em vida, se tornam estrelas da noite para o dia, um reconhecimento tardio e canhestro.
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Warhol talvez seja o caso mais famoso, mas nem por isso, menos dramático, citado no livro de Laing. Ele buscou na arte que produziu, entre colagens, filmes e arte publicitária, disfarçar o enorme desconforto que sentia por sua natural excentricidade. Se não bastasse sua aparência, feia para os ?padrões?, e que ele disfarçava com maquiagem e perucas, ainda sofreu uma tentativa de homicídio que o obrigou a usar cintas pelo resto da vida, para suportar as sequelas que a bala deixou em seu abdômen, disparada por uma outra artista, a militante feminista e lésbica Valerie Solanas, que não soube lidar com sua essência singular e o fracasso de sua obra, tida como excêntrica demais.
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Cada pessoa citada no livro, todos artistas, alguns famosos e outros não, buscaram, segundo a autora, uma forma de pertencimento numa época em que ser gay, ter contraído Aids (então sem tratamento) e ser ?diferente? eram elementos causadores de reclusão, de isolamento. Não bastassem toda uma carga de preconceito, dos olhares canhestros, da intolerância, esses personagens tiveram de improvisar, através da arte que produziam, maneiras diferentes de mostrar sua face, de cativar olhares mais amigáveis e calar o silencioso grito da necessidade de aceitação que todos uma vez ou outra temos. A cidade não é exatamente o lugar do acolhimento sendo, antes, o produtor de humanos cada vez mais perdidos, cada vez mais desfigurados em suas matizes, cada vez mais sozinhos estando rodeados de outros humanos. É um livro bonito, poético, mas que emana uma sútil dor, um coro sussurrado dos desvalidos, dos que se perderam de si mesmos, dos que foram obrigados a engolir sua verdade mais íntima a fim de produzirem personagens com os quais poderiam ser capazes de atingir a coexistência e lidar com a sociedade feroz que os criou e os afastou do seu seio. Belíssimo livro, essencial, eu diria.
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Natasha Fontan 15/10/2022

A compreensão da solidão como um vínculo que une a todos nós, um sentimento em comum de todo mundo. Todo mundo já se sentiu só e já foi acometido por reflexões existenciais causadas pela solidão. É um pouco disso que esse livro aborda, esse sentir-se isolado e que, paradoxalmente, se relaciona com o sentir-se pertencente, porque lidar com esse conflito interno é uma dificuldade que temos e compartilhamos todos nós. A autora conta sobre sua experiência pessoal vivendo numa grande metrópole, cheia de vida, gente e movimento e que, ainda assim, abre espaço para a permanência desse sentimento implacável. Esse livro também destaca a solidão como um combustível propulsor da criatividade, o que permite tanta gente se estabelecer dentro do universo das artes e nos presentear com suas criações. Um livro muito bom, eu adorei!
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Rafa Malvezi 20/10/2023

Brilhante e visceral
Se você veio procurando por ficção, definitivamente veio ao lugar errado! Ouso dizer que este livro é, praticamente, um estudo sobre a solidão - e um grande companheiro para quem se encontra nessa situação. A partir de uma experiência pessoal, a autora se debruça sobre diversas fontes de informação acerca do tema - tanto pelo viés científico quanto artístico. E aqui reside a sua genialidade: a combinação entre o objetivo e o subjetivo, o físico e o metafísico, não só proporciona páginas de conhecimento e reflexão, como também torna o assunto tão abstrato e amedrontador em algo mais tangível e compreensível.

Em cada capítulo, a autora vai explorando as diferentes facetas da solidão: o impacto das conexões e das perdas, a ausência de intimidade ou mesmo de amor, as inabilidades sociais que isolam, as máscaras e os espaços virtuais, a gentrificação dos sentimentos, a falta de lugar para diversidade e pluralidade na sociedade, as estigmatizações sociais que invisibilizam a tantos, e mais um monte de fatores internos ou externos aos indivíduos que geram uma experiência isoladora.

Todos esses tópicos são exemplificados a partir da arte e da vida de artistas de diferentes áreas (fotografia, música, artes plásticas, etc.) - resultado de uma pesquisa minuciosa da autora, cujas referências ficam disponíveis ao final do livro. Apesar de elucidativo, esta não é uma obra leve, pois trata de questões difíceis e sem resoluções prontas ou únicas - portanto, o convite é à reflexão. Mas, mesmo sendo visceral e brutalmente honesta na maior parte do tempo, é possível encontrar afago, empatia e acolhimento em suas palavras - especialmente para o leitor que está a experienciar a solidão.

Sem querer dar spoilers sobre o conteúdo, basta-me dizer que todos em algum momento experimentam a solidão - faz parte da complexidade de se estar vivo. Sim, ela é incômoda, dolorida e quase sempre inconveniente, mas também pode ser transformadora de maneiras positivas. E essa obra de Olivia Laing é tão agridoce quanto a própria solidão: difícil de definir, dura de encarar, mas indispensável de se experienciar.
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Nadine Hoffmann 26/11/2023

A cidade solitária
É um livro que começa com uma proposta interessante de falar sobre a solidão, os primeiros capítulos prendem bastante, com o passar das páginas entramos no assunto da arte e a aids nos seus anos mais críticos e em como os 3 assuntos estavam interligados.
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