Guia Bibliográfico da Nova Direita

Guia Bibliográfico da Nova Direita Lucas Berlanza




Resenhas - Guia Bibliográfico da Nova Direita


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Gabriel 12/04/2018

"Guia bibliográfico da nova direita" se insere no contexto de mais uma das várias publicações que têm saído nos últimos anos com o intuito de divulgar uma corrente política relativamente recente no Brasil. O autor, membro do Instituto Liberal, é, talvez, um bom início para se conhecer um movimento do qual ele se considera como parte.

O livro reúne uma coletânea de resenhas sobre diversos livros de escritores da estirpe conservadora e liberal, além das obras de outras figuras que fogem desse universo, como Marx, Hitler, Mussolini, Geisel, FHC e outros. Berlanza divide a obra em seis partes, contando com um apêndice que trata de discutir o libertarianismo sob o viés do manifesto libertário de Rothbard. A partir da análise de obras reconhecidas (e outras nem tanto), ele traça um caminho por vezes superficial até chegar ao seu objetivo. Por outro lado, isso pode ser considerado satisfatório para quem busca apenas comentários gerais sobre livros que carregam uma densidade teórica muito elevada.

Um ponto que merece destaque, a meu ver, e que retrata uma certa superficialidade e transigência do autor, que se classifica também como aquilo que se convencionou no Brasil chamar de "liberal conservative", é a sua análise da obra "A ação humana", de Ludwig von Mises. Este capítulo, que é um dos maiores do livro, apresenta as bases do pensamento daquele que veio a ser um dos grandes nomes da Escola Austríaca, trabalhando conceitos essenciais na obra e esclarecendo pontos controversos. Porém, ao fim, numa parte que se denomina "alguns incômodos e algumas certezas", a crítica se resume a tratar de questões que não dizem respeito à nada que seja de interesse do leitor, com exceção da menção ao utilitarismo levado aos excessos por Mises:

"O racionalismo humilde e técnico de Mises, porém, funde-se a uma "profissão de fé" utilitarista que, pessoalmente, nos incomoda. De par com algumas discordâncias menores -- não subscrevo a teoria de Mises sobre Deus, o que aqui não vem ao caso; também não aprovo sua sustentação da necessidade circunstancial de serviço militar obrigatório, sua visão libertária um tanto dogmática no otimismo abstrato em relação à imigração e no laissez-faire necessariamente "absoluto" --, essa é a maior e mais profunda discordância em relação à visão de mundo de Mises."

Não questiono a capacidade ou a honestidade do autor, tampouco pretendo apontar se isso é ou não uma postura adequada, afinal, é possível que pela própria natureza do gênero literário escolhido -- resenha -- esse risco já fosse previsível. A escolha das obras apresentadas também se apresentaria como outro risco, algo que foi rapidamente mencionado na introdução: "O leitor que conheça melhor o tema notará uma série inumerável de ausências, obras apenas mencionadas, sem um capítulo próprio. Esta, contudo, é uma apresentação sintética, em que cada obra escolhida tem uma razão de ser para aí estar".

A parte mais elogiosa do livro, para mim, é o início da segunda parte, intitulado "os atenienses da América e o pai da nação". Ali, Berlanza comenta rapidamente o papel de José Bonifácio como "founding father" do Brasil e a sua relevante contribuição a partir da obra "Projetos para o Brasil", organizado por Miriam Dolhnikoff. As resenhas e a revisitação a intelectuais como Ubiratan Borges de Macedo, José Guilherme Merquior e João Camilo de Oliveira Torres também são louváveis.

O livro é uma boa contribuição para a controvérsia política dentro do Brasil, tanto por estar aberto ao debate quanto por se mostrar como o próprio contraditório da esquerda que detinha o monopólio do protagonismo em todas as áreas. Não nego que eu fiquei um tanto incomodado com algumas passagens do livro, mas isso certamente é um problema meu, já que tenho uma posição conservadora não muito afeita ao liberalismo representado por Mises, maciçamente difundido pela nova direita brasileira.
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Hiago 24/11/2017

UM LIVRO PARA A HISTÓRIA
Que meu amigo pessoal, Lucas Berlanza, escreve bem e tem uma maturidade intelectual bem acima da média – por tratar-se de um jovem –, não é nenhuma novidade para seus leitores. Do sujeito que discorda mortalmente de suas análises ou dos pontos defendidos por Berlanza, até aquele que mais se identifica com os textos, todos devem concordar: a capacidade e o talento sintético, analítico que Lucas detém é, sob muitos aspectos, admirável. Mas tal admiração não passaria de um elogio barato se eu não demonstrasse a importância crucial de suas análises, que vai até além de sua qualidade como escritor: a importância de seus ensaios para entender a atual mentalidade política brasileira, em longo prazo.

Em seu livro Guia Bibliográfico da Nova Direita – 39 livros para compreender o fenômeno brasileiro, Berlanza se centra no atual fenômeno político no Brasil: a emergência da direita – ou melhor: a renascença da direita brasileira. Rastreando os principais autores que compõem as bases intelectuais desse novo fenômeno, assim como um olhar retrospectivo para os grandes nomes da direita que o país já possuiu, no século XX, além de sondar os temas atuais, as controvérsias, os grandes temas, os grandes nomes de influentes direitistas do exterior e de ter um olhar para com o diferente, para com aquilo que a Nova Direita brasileira não se identifica, como o pensamento de um FHC, as ações políticas e ideológicas de um Geisel, o nojento nazismo de um Adolf Hitler – e, claro, a essência da esquerda: Rousseau e Marx.

Com esses recortes temáticos, o autor ensaia o que sustenta, inspira e fundamenta a Nova Direita brasileira intelectualmente. Mas o que seria essa tal “Nova Direita”? Seria ela neocon, assim como a política republicana nos EUA pós-Reagan e pré-Trump? Seria essa nova direita um renascimento do pensamento tecnocrata vigente na Ditadura Militar Brasileira? Ou, quem sabe, teria ela alguma ligação ideológica com os princípios da Social Democracia e, com isso, alguma afinidade com o PSDB? Não.

Berlanza faz questão de, com seus recortes, diferenciar a Nova Direita de todas as confusões semânticas existentes para com a direita, no Brasil. Não se trata de um fenômeno absolutamente novo, mas também não é uma continuidade de nada recente, na História política do Brasil, ao menos desde o Regime Militar.

Não é uma direita sem raízes nacionais – uma parte do livro se dedica inteiramente para essa característica, contendo nomes como Carlos Lacerda e Roberto Campos –, uma vez que os valores e ideais defendidos pela Nova Direita podem ser traçados desde os tempos da monarquia; porém o hiato que existiu (tratando-se de uma influência maciça e de nomes poderosos e famosos, na política, na cultura literária e na mídia) desde o Regime Militar para com a direita é, sem dúvidas, uma lacuna – para não dizer que é uma fenda do tamanho de um desfiladeiro – na política nacional.

A Nova Direita se identifica economicamente com a Escola Austríaca de Economia – que dentro do Brasil, até poucos anos atrás, era algo alienígena –, com o conservadorismo burkeano, e, logo, com o legado civilizacional do cristianismo, da cultura greco-romana. Nada, antes de alguns anos atrás e desde a intensidade do Regime militar, se assemelhava a tais fundamentos, dentro da política brasileira. Existiam apenas comunistas, sociais democratas, socialistas, trabalhistas, mas nunca um movimento político de direita, como agora. Por isso a direita atual é chamada de nova. Não se trata de uma fratura com a “velha direita”, mas sim de um renascimento, de um continuar (ainda que mudado, diferente) da direita brasileira antes de 1964.

Com esse livro, o autor consegue traçar com maestria o perfil de uma novidade política e cultural no Brasil. De certo, o livro cumpre com o sua proposta expressa em seu título: ele guia o leitor para saber o que está dentro das mentes da Nova Direita, quais são suas características fundamentais, quais são suas inspirações e limites.

Com tal característica, o Guia Bibliográfico da Nova Direita tem outra faceta: a de ser um dado sociológico do momento em que estamos vivendo. O livro mostra as raízes da direita atual, sua composição e suas características básicas.

Como um historiador, posso afirmar sem medo: tal escrito será bem útil no futuro, para qualquer um que queira estudar o Brasil no cenário atual. Ele guiará o leitor para entender o que se passa nesses primórdios do renascimento da direita no Brasil.

Não nos enganemos: qualquer que seja o futuro da dita Nova Direita, pode-se saber de uma coisa: ela não perdurará para sempre no cenário brasileiro. Nada dura para sempre, no mundo, e esse fenômeno não será uma exceção. Seja porque, mais afrente na História, algo negativo ocorrerá para com a direita, seja porque as mudanças naturais ocorrerão dentro da própria e, sem dúvidas, ela mudará com os tempos, ao ponto de, no futuro, não se enxergar corretamente mais como ela veio a nascer.

Mas mesmo longe dessa mudança histórica, mesmo no tempo corrente, podemos observar algo: esse livro nos sintoniza, nos coloca de frente com a realidade política e cultural do país. Não se poderá, após ler esses ensaios de Berlanza, confundir a Nova Direita com a Social Democracia brasileira, muito menos com um militarismo tacanho, uma ressonância da Ditadura.

Ao ler essas páginas, o leitor encarará o que realmente compõe a Nova Direita, o que realmente faz parte desse fenômeno novo, dessa renascença política no Brasil, dessa renovação de visões e ideias na mentalidade de nosso país.

Quer saber mais sobre o que a direita atual acredita? Quer saber suas fundações, suas propostas, suas características? Esse livro – que é a primeira proposta para esclarecer essa questão, no Brasil – será imprescindível para seu entendimento.

site: Direita, Esquerda, Fascismo, Brasil, Berlanza, Lacerda, História, Política, Ideologia, Socialismo, Comunismo, Social Democracia, Liberalismo, Conservadorismo
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Dissensão e Tréplica 26/12/2018

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site: https://dissensaoetreplica.wordpress.com/2018/12/19/conheca-guia-bibliografico-da-nova-direita/
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Rodrigo 07/12/2023

Guia Bibliográfico da Nova Direita
O livro Guia Bibliográfico da Nova Direita, de Lucas Berlanza, é uma obra de referência que reúne 50 livros essenciais para compreender o fenômeno da nova direita no Brasil. O autor apresenta uma visão panorâmica do movimento, destacando suas principais ideias, autores e obras.
O livro Guia Bibliográfico da Nova Direita é uma ferramenta valiosa para quem deseja conhecer mais sobre esse importante movimento político.
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