Glorinha 25/04/2021
Fim da trilogia do adeus, que não é o fim, nem o adeus.
Fim do terceiro livro de uma trilogia que impactou a minha vida de diversas formas diferentes. Os livros me deram a sensação de conforto, de abraço, de reflexão. É possível ver a família de João em fragmentos que se unem para compor esta narrativa. E é genial como o escritor usa, de forma pontual, diferentes formas de escrever, para dar singularidade ao narrador. Depois de João, Bia e Mateus, não há como ser o mesmo.
Especificamente neste livro, não há tantas profundidades atingidas nos dois primeiros. Claro, continua sendo uma narrativa muito poética, mas com pouca profundidade. Acredito eu que foi uma jogada inteligente do escritor fazer dessa forma, afinal, mostra a relação de pai e filho que não convivem juntos, a não ser nos fins de semana.
Carrascoza abordou com muita maestria um filho que não conviveu com pai se tornando um pai que não convivia com o filho. Todas as dificuldades e lamentações de Mateus por não conviver com João como gostaria, valoriza ainda mais os breves momentos. Cada detalhe em que Mateus pode compartilhar com o filho João em uma viagem, vira uma história. Um presente.
Mateus começa a perceber durante essa viagem, que não conhecia mais o seu filho, provavelmente pela distância formada entre os dois. Talvez seja um dos motivos que tornam a leitura tão ?rasa? comparada aos outros dois primeiros livros. Não se tratava de um pai que acompanhou o filho de perto o tempo todo, mas de um pai ausente, que gostaria de construir uma ponte resistente para voltar a criar elos com o filho. Então Mateus usou das experiências da viagem, para o conhecer. Reconhecer. No fim do livro é possível perceber a inquietação de Mateus ao notar que a viagem com seu filho ia chegar ao fim.
É uma leitura leve e obrigatória. A trilogia do adeus te convida a transitar por emoções que talvez você nem conheça, mas necessita.