Neyla 30/11/2017Quando vi esse livro entre os lançamentos do Grupo Editorial Pensamento fiquei super curiosa. A capa sombria e a sinopse instigante fizeram aquele efeito de "preciso desse livro" e solicitei para leitura, certa de que ele iria me surpreender. E, acreditem, ele foi muito além do que eu imaginava e me deixou vidrada na história do início ao fim.
Charlotte Pauly é uma jovem alemã que chegou à Inglaterra para trabalhar como professora de uma garotinha de 8 anos que acabou de perder a mãe. Ela não sabe bem o que esperar já que a carta recebida pelo novo patrão é um tanto quanto reservada e foi explicado apenas que a pequena garota é adorável, muito dedicada aos estudos e que, há um tempo atrás, sofria com alguns problemas de saúde. Tudo aparentemente normal se tratando de crianças.
Ao chegar em Chalk Hill ela percebe que há algo de errado. Embora Emilly seja uma criança realmente muito amável, a atmosfera da casa se mostra hostil e nem um pouco saudável. As causas da morte da mãe da menina não foram reveladas e tocar no assunto é terminantemente proibido. Como se não bastasse, Emilly frequentemente tem pesadelos com a mãe e relata que a mesma está vindo buscá-la. Em um desses dias, quando vai ao quarto da menina saber o que aconteceu, ela encontra ao lado da cama uma poça de água e fica intrigada já que não choveu e nada foi derramado.
Sem saber como agir, ela busca então saber um pouco mais sobre a morte da jovem mãe, sempre buscando não levantar suspeitas. Em suas investigações ela descobre que Lady Ellen morreu afogada num rio que passa próximo à casa. As causas não são totalmente reveladas, mas tudo indica que ela escorregou, devido ao terreno molhado, e foi levada pela forte correnteza. O mistério que envolve sua morte é muito grande e Charlotte fica cada vez mais ciente de que algo muito estranho está acontecendo.
Quando as coisas começam a ficar piores e os pesadelos acabam ganhando mais força e sendo substituídos por visões, Sir Andrew, o dono da casa, decide a contragosto buscar ajuda. E ela vem em forma de um jornalista chamado Tom Ashdown, homem agnóstico, que trabalha juntamente com uma associação que estuda casos mediúnicos para saber se eles são ou não reais. Com a ajuda de Charlotte, ele irá ao fundo da questão e descobrirão, juntos, segredos que mudarão a vida de todos naquela casa.
Vocês vejam bem... quando meu olho bateu nessa capa sombria eu tive certeza de que esse livro iria ser babado! A atmosfera sombria já começa a partir dela e devo começar dizendo que tem tudo a ver com a história. Chark Hill não é um lugar aconchegante e receptivo, como aquelas casas imperiais que a gente cansa de ver descrições em livros históricos. Não, ela já tem aquele constante ar de mistério, como se a sombra da morte estivesse sempre ali, à espreita. Definitivamente, não é um local que eu gostaria de conhecer.
Essa atmosfera sombria está presente em todo o livro e, junto com o mistério que ronda à trama, deixa o clima ainda mais envolvente. Eu praticamente devorei as páginas e concluí a leitura muito mais rápido do que imaginava. É difícil não ficar curiosa pra saber o que vai acontecer e qual é o grande mistério que circunda toda a trama. E nesse ponto eu preciso dizer a vocês que a autora realmente criou uma história com muito mistério e surpresas, daquelas que você se sente um investigador assim como os personagens.
E já que estamos falando deles, vamos lá fazer aquela nossa análise de sempre a respeito dos protagonistas. Começando por Charlotte, a professora, ou preceptora, que de início achei muito enxerida, mas que com o tempo acabei me acostumando. Acredito que, em seu lugar, eu teria agido de forma semelhante, principalmente quando as coisas começam a ficar mais tensas. Além disso, ela é extremamente perspicaz e é uma daquelas mocinhas que nos ganham por conta de sua forma rápida de pensar e da agilidade com que lida com as adversidades que vão atravessando seu caminho. Charlotte é forte e determinada e nem mesmo seu frio e arredio patrão é capaz de detê-la quando está obstinada a descobrir o que lhe interessa.
Tom me deixou curiosa desde a primeira aparição. E nesse ponto gostaria de informar que a narrativa da história é dividida entre o ponto de vista dele e de Charlotte, portanto é natural se sentir mais próxima de ambos por conta disso. Mas sim, voltando ao nosso galante jornalista, não há muito o que falar a seu respeito. Assim como nossa mocinha, ele também é obstinado e tem um belo faro para descobrir novas situações (não é a toa que é jornalista). É um personagem marcante e, apesar de ter me apegado a ambos, foi dele de quem eu mais gostei.
Achei que a autora foi muito feliz em cruzar as duas histórias: a de Chalk Hill e a de Tom Ashdown. Inicialmente não conseguia entender qual o papel que ele desempenharia na trama, mas quando isso aconteceu deu para perceber que o encaixe dele ali era mais do que preciso. A história ficou ainda mais ágil e pausar a leitura era algo que só fazia quando não tinha mais jeito.
Mistério em Chalk Hill foi a minha melhor leitura do mês e está entre as melhores do ano. A história me prendeu, cativou, instigou e surpreendeu. Estava preparada para ser fisgada, só não esperava que fosse ser de tal forma. Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de ler e, principalmente, por ter me deixado levar por uma primeira impressão e me jogado na leitura. Um dos meus maiores acertos e, sem sombra de dúvidas, recomendo demais a leitura!