Cristologia do Novo Testamento

Cristologia do Novo Testamento Oscar Cullmann




Resenhas - Cristologia do Novo Testamento


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Luan 26/01/2015

Simplesmente a melhor!
As dogmáticas construídas a partir do período pós cristão, onde um desenvolvimento filosófico das ideias acerca das doutrinas cristãs vigentes tornou-se necessário; em suma, na necessidade de congruência das mesmas acabou por distanciar-se da essência de pensamento ulterior à igreja cristã primitiva. Deste modo, até então, não possuíamos uma Cristologia do Novo Testamento que fosse fiel ao vivido, ensinado e pensado pelos cotidianos e posteriores ao Cristo.
Em Cristologia do Novo Testamento, é abordada de modo didático e exegeticamente fiel ao pensamento cristão primitivo, toda a Cristologia da igreja observando os critérios dos autores bíblicos e em seus escritos o desenvolvimento das ideias intrínsecas aos títulos cristológicos que foram refletidos após o ápice da obra de Jesus, (a saber, sua ressurreição) e até mesmo dos auto títulos, aqueles proferidos pelo próprio Cristo, que somente depois do evento ressurreição foi compreendido em sua totalidade pelos apóstolos e escritores neotestamentários.
Fugindo da métrica das cristologias escolásticas tanto católicas quanto protestantes, Cullmann faz uma análise tanto dos textos bíblicos, quanto deuterocanônicos judaicos e helenísticos e até mesmo os do QUNRAN (Mar-Morto) sobre os nomes atribuídos a Jesus, trazendo-nos uma análise que vai da bíblica à dogmática, onde é possível observar as conclusões que os autores (e consequentemente) comunidades cristãs neotestamentárias tem sobre a evolução dos títulos cristológicos que respondem a pergunta a que se propõe a matéria: Quem é Jesus.
Assim, é possível observar que o pensamento cristão primitivo não partia da métrica trinitariana posteriormente formada de “Pai – Filho – Espírito”, mas que tinha no seu centro, ápice e esperança a pessoa do Filho (Jesus Cristo), como aquele que fechava toda a problemática apresentada desde o antigo testamento até o fim do período escatológico. Para eles, Cristo era o kyrios – o Senhor que, abarcando os outros nomes - sendo este mesmo o “Nome que é sobre todo o nome” – era o Profeta Final, o Servo sofredor, o Sumo Sacerdote, o Messias, o Filho do Homem, o Salvador, o Logos, o Filho de Deus e o próprio Deus. Deste modo, toda a história da salvação culminava na pessoa dele, pois estes títulos são ulteriores à sua obra nos sentidos: terreno, futuro, presente e preexistente; denotam seu sofrimento em castigo substitutivo, a era escatológica que inaugurara, sua presença nos rituais e vida dos cristãos, bem como seu domínio sobre o mundo, e sua deidade.
É pertinente e fascinante observar que, na cristologia, a obra do messias não é um capítulo à parte da sua essência, mas está totalmente atrelada ao seu ser. Conhecemos Jesus ao conhecermos cada nome dado e a atribuição imbuída. A cristologia é portanto o estudo das atribuições de Jesus Cristo que elucidam os questionamentos acerca da essência do seu ser, historicidade e importância na cristandade.
Contrariando os teólogos liberais, a analise cristológica feita mostra que não há separação entre o que chamam de “Jesus Histórico” do “Cristo da Fé”, mas que mesmo tardia, à luz da concepção por parte dos escritores, a origem dos termos atribuídos a Jesus vem antes mesmo da sua encarnação, tendo sua conclusão quanto ao real significado por meio dos escritores, denotando uma evolução de pensamento e não uma criação ou adição posterior como defendem os liberalistas. Cristo tinha plena noção do seu papel e de quem era, e a prova deste fato está até mesmo na maneira como ele se denomina.
Ademais, é perceptível que, para o autor, toda a cristologia do Novo Testamento se baseia na história da salvação, pondo assim, Jesus Cristo no centro de uma linha que o tem por princípio e fim. Ele é a Palavra de Deus que existe desde o princípio e o seu cumprimento final.
É salutar, como defende a obra, que os títulos cristológicos sejam conhecidos em sua inteireza e à luz de uma cristologia técnica, mas que acima de tudo, esteja a serviço da devoção. Tal critério é encontrado com facilidade nesta obra, o que a torna excepcional e de valor inquestionável à biblioteca de qualquer bom teólogo fervoroso.
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