Rogério 28/12/2021
A ideia do livro é boa
A primeira entrevista é de 1969, do escritor Nelson Rodrigues, e a última foi feita em 2014, com o economista francês Thomas Piketty. Selecionar 50 entrevistas de 2422 realizadas neste período não deve ter sido tarefa fácil, no entanto, algumas poderiam ter ficado de fora e dado lugar pra outras, como a de Camille Paglia e Catherine Deneuve.
Por outro lado, muitas entrevistas são surpreendentes. A que mais me chamou a atenção foi a de Amaro João da Silva, um lavrador de apenas 1,35m de altura, em que a deficiência nutricional foi a causa de seu nanismo; sua simplicidade e privação de contato com o mundo fora de sua terra são tocantes. Outro momento que faz você parar e refletir é quando um repórter faz exatamente esta pergunta a Michael Schumacher: "(...) o que seria pior, morrer numa corrida ou passar o resto da sua vida na cama?".
Você também encontra o FHC na véspera de lançar o Plano Cruzado; Salvador Dalí defendendo o monarquismo; o sonho de Pelé depois do milésimo gol; Ayrton Senna no começo da carreira; Paulo Coelho falando de seus poderes sobrenaturais; Jorge Luís Borges, que esperava o Nobel de Literatura para poder morrer em paz; entre tantas outras surpresas...
No geral, é um bom livro por mostrar perspectivas ao longo do tempo, além de evidenciar as mudanças na forma de entrevistar pelos jornalistas, já que há entrevistadores sem noção em alguns casos. Vale a leitura ?