Daniel Rolim 08/03/2019
O livro começa bem, mas se perde do meio para a frente. Ou seja, até a parte em que os robôs vão roubar nosso trabalho é uma boa leitura, porém em relação ao "mas tudo bem" a coisa se degringola, não havendo soluções bem pensadas e razoáveis por parte do autor em relação aos problemas por ele antes apontados. Vejamos alguns pontos importantes e negligenciados:
- se a automação cada vez maior dos empregos vai nos deixar todos desempregados, vamos ter alguma renda por parte do Estado ou das megacorporações que vão controlar toda a produção mundial de bens e serviços?
- os donos e acionistas dessas empresas gigantescas, bem como os poucos técnicos que vão estar empregados, vão receber uma renda bem maior do que o restante da população, aprofundando uma desigualdade que já é imensa nos dias de hoje?
- vamos comer o quê? comida de graça e variada produzida pelos robôs? ou, como o escritor ridiculamente propõe, teremos todos uma hortinha em nossas casas?
- poderemos viajar e consumir produtos de ponta à vontade, ou, novamente como parece ser ideia do autor, teremos que levar uma vida mais austera?
- saúde, transporte público, segurança, entretenimento, etc, vai nos ser dado sem nenhuma contrapartida?
- enfim, para não me prolongar nos questionamentos (que são muitos), vou me ater no principal: quem será o escravo de quem, a inteligência artificial de nós, ou seremos escravos deles e de uma pequena elite dominante?
Assim, não vejo sentido algum nós sermos privados de nossos empregos, de quaisquer empregos (por mais inúteis, cansativos e entendiantes que sejam), se for para sermos tolhidos de várias comodidades (sim, elas existem) que a modernidade até agora nos proporcionou. O crescimento exponencial da tecnologia só é bem vindo se servir para termos efetivamente uma vida melhor, pois, se ocorrer o contrário, melhor virarmos todos ludistas e quebrarmos as máquinas e seus donos.